Cultura

VIDA DE GORDO: Caso do papagaio sádico causa revolta, por OTTO FREITAS

Gordo Jeffinho sofre com bico de papagaio e não encontrou a cura. Mas, tem solidariedade dos amigos.
Otto Freitas , Salvador | 17/07/2016 às 19:40
Especialista analisam como tirar o raix X de Jeffinho
Foto: DIV

Há uma revolta geral na cidade contra o papagaio sádico que se empoleirou na coluna vertebral de Jeffinho e continua lhe causando dor com suas bicadas intensas e persistentes. Uma grande rede de solidariedade se formou e cresce em proporções geométricas; muitas outras vítimas do papagaio se revelaram, entre gordos, magros e mais ou menos. 

A caixa de mensagens de Jeffinho anda cheia ultimamente. Os manifestantes mais radicais partiram logo para o âmago da questão, sugerindo, peremptoriamente: enfia o dedão no fiofó desse papagaio escroto, que é para ele ver o que é bom para a tosse. 

Mais light, o Italiano do Lago de Garda sugeriu embebedar esse louro – que é mais chato do que seu irmão famoso da TV – com várias doses de limoncelo, um delicioso licor caseiro, feito à base de limão siciliano. Outros acharam mais apropriado apagar o puto do papagaio com doses cavalares de morfina ou similares. 

Às folhas tantas, como diria o Dr. Mauricio Porco, antigo causídico baiano, o Ceguin Cearense recorreu à maledicência: desconfiou da cumplicidade de Jeffinho com “este papagaio fdp que insiste em lhe sacanear, embora você não crie nenhuma dificuldade para transportá-lo no lombo das costas”. O gordo retrucou: “Pelo menos ele não funga... Só bica”.

Ambientalistas de diferentes matizes já divulgaram nota à imprensa, alertando que a caça ao papagaio bicudo representa perigosa ameaça ao equilíbrio ecológico do planeta. Também a Sociedade Protetora dos Animais Silvestres ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal, caso seja adotada qualquer atitude hostil contra esse representante da colorida fauna brasileira.

                                                                 @@@@@@

O bicho vai pegar mesmo quando todos souberem sobre a epopeia que Jeffinho precisou enfrentar ao se submeter a exames de raios X, a fim de identificar o papagaio e seu bico. Foi um Deus nos acuda. Mistura de incompetência, ignorância, falta de cuidado e de compaixão com um grande obeso da terceira idade morrendo de dor nas costas. 

Tudo se passou na unidade de uma famosa clínica de imagem instalada em um grande hospital geral de Salvador. Na sala de radiologia foi recebido por quatro técnicos, quando o normal é apenas um. Eles disputavam quem sabia mais. A cada chapa se seguia intenso debate, como se estivessem decidindo o futuro da ciência no mundo - e Jeffinho lá, em pé, esperando, sentindo dor.

Para fazer a imagem em posição oblíqua, vinha um, botava Jeffinho de lado, corpo ereto, queixo para cima, parecendo Napoleão com dor de estômago. Mas outro discordava e corria para “consertar”. Mexia e remexia, fazendo Jeffinho parecer um Mané Gostoso, mas no fim o gordo acabava na posição de antes. Essa insanidade se repetiu várias vezes.

Pior era na hora de bater a chapa propriamente dita: um mandava prender a respiração, outro desmandava, o terceiro reconfirmava e o quarto se esquecia de liberar a respiração - e aí Jeffinho ficava lá, cheio de dor, quase morrendo com falta de ar.

Aí chamaram um supervisor. Foi a salvação de Jeffinho, pois o chefe teve o bom senso de colocar o gordo deitado na mesa do raio X – e assim pode fazer todas as imagens da coluna requisitadas pelo médico. Ou quase todas, porque na última a máquina deu pau. Era equipamento do Paraguai, ou os quatro patetas castigaram tanto a máquina que as válvulas não aguentaram. 

Aí Jeffinho se retou e foi embora, com o desgraçado do papagaio nas costas, sacaneando.