Cultura

2 DE JULHO: A guerra final que não teve. Madeira fugiu sem dar 1 tiro.

O 2 de Julho foi importante para a Bahia, mas os feitos heróicos foram poucos
Tasso Franco , da redação em Salvador | 02/07/2016 às 18:58
Caboclo, elemento apenas simbólico ao 2 de Julho
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   1. Neste sábado, comemorou-se os 193 anos do 2 de Julho, data da independência da Bahia do jugo português, época do Brasil Colônia quando a sede do governo já tinha sido transferida para o Rio de Janeiro, desde 1763, e o poder central se deslocara para o Sudeste, especialmente a partir de 1808 quando a nata da Coroa Portuguesa à frente dom João VI se instalou por lá.

   2. A Bahia não teve a menor influência na Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, tanto que, os historiadores nacionais e os de Portugal não dão a mínima importância ao 2 de Julho. A Bahia, óbvio, procura enaltecê-la tentando transformá-la num evento nacional, mas, é um feito regional. O brigadeiro Madeira de Melo, o insurreto português, não tinha a menor condição em armas de instalar uma República Bahiense.

   3. nem tinha as armas e os homens necessários para isso, nem Dom João VI o qual já retornara a Portugual para assumir o trono após a Revolta Constitucionalista do Porto, em 1821, tinha muitos problemas em Portugal e faltava-lhe vontade política para ajudar Madeira de Melo e forças militares. Além disso, seria romper com seu filho dom Pedro I, proclamado Imperador do Brasil. Depois, rei de Portugal como Dom Pedro IV.

   4. A Bahia também supervaloriza os seus 'heróis' da independência - o que é natural - mas os feitos heróicos foram limitados durante as 'batalhas' poucas que foram, a mais expressiva a de Pirajá, e atos de heroismo no Recôncavo, em especial, Cachoeira, onde não houve lutas de fato e morreu apenas 1 soldado tambor. A chalupa mandada por Madeira para amedrontar a população de Cachoeira não tinha forças nem armas para tal.

   5. Maria Quitéria - a heroina mais consagrada do 2 de Julho - integrou o Batalhão Periquitos, mas, não lutou. Não deu um tiro. Esse batalhão não chegou a se confrontar em campo de batalha.

   6. As lutas pela Independência constituiram-se numa guerra de cerco, pela linha do Recôncavo graça ao apoio dos homens poderosos da economia do açucar; e a ajuda de Dom Pedro I, com o Exército Libertador, e pelo mar com o almirante lord Chorcane.

   7. Também não houve guerra no mar, nem em Salvador; nem em Itaparica. Essa história de que houve queima de navios em Itaparica comandada por uma certa Maria Filipa é ficção, criada pela pena de Ubaldo Osório, avô de João Ubaldo Ribeiro. Dizer que deram surra de cansanção em portugueses armados de mosquetão é piada.

   8. Madeira ficou cercado em Salvador e quando foi na madrugada de 2 de Julho, sem dar um tiro, embarcou a sua Divisão Auxiliadora em navios que estavam ancorados no caís do Porto, na Cidade Baixa, e na madrugada zarpou para Lisboa. Os navios de Crochane estavam em Morro de São Paulo e ficaram a ver navios.

   9. Essa, em resumo jornalistico, é a história do 2 de Julho que precisa ser contada de forma responsável por historiades, o que até agora, nunca aconteceu. Existe apenas alguns relatos, de formas esparsas, que merecem crédito. E exaltação aos heróis populares, negros anônimos, caboclos, caboclas e vaqueiros do Pedrão. 

   10. Maria Quitéria morreu pobre e cega em Salvador, feita heroina por dom pedro I; Joana Angélica não teve relação direta com o 2 de Julho; e o comandante Lima e Silva entrou na cidade pela Estrada das Boaiadas sem resistência. Chegou ao Terreiro de Jesus e participou de um Te Deum com seus soldados esfarrapados. A essa altua as tropas de Madeira já tinha atravessado o mar em Vilas de Abrantes rumo ao Velho Mundo.