Dois filmes reveladores de suas realidades no mundo
Diogo Berni , Salvador |
07/05/2016 às 09:11
O drama dos refugiados numa ilha italiana
Foto: DIV
Fogo No Mar, de Gianfranco Rosi, Itália, França.2016. O documentário italiano faz-se necessário e vou escrever o porquê. Pois bem, andamos meio neuróticos e cegos com tanta corrupção que assola nosso país, de modo que fiquemos egocêntricos e esquecemos de problemas mundiais bem mais importantes que o nosso. Não quero dizer que o nosso não é importante; sim o é, e ainda primordial para que algum dia tenhamos orgulho de sermos brasileiros. Porém não podemos esquecer dos problemas no que se refere a espécie humana ao redor da terra, do
planeta chamado por nós, Terra.
O documentário mostra as milhares de mortes que acontece todos os dias dos últimos cinco anos, pelo menos, na
ilha extrema italiana chamada por Lampedusa. E porque isso acontece, ou seja, porque tanta gente vai pra lá? Porque fogem de guerras civis em seus países, oriundo do continente africano e agora os Líbios, Círios, Paquistaneses, Afegãos, e por aí vai a lista sem fim.
O mundo ficou horrorizado com a foto publicada há pouco tempo de um menino de cinco anos morto na areia de Lampedusa; morte essa ocasionada pelo naufrágio do bote em que o garotinho estava juntamente com seus familiares. A foto, embora triste, teve seu lado positivo em alertar ao mundo que milhares de inocentes estavam sendo mortos por Iemanjá, fugindo dos governos e guerras tirânicas dos seus respectivos países.
Pois bem, o documentário italiano tem o mérito de dar um zoom naquela trágica foto infante, e mostrar que aquela fotinho é apenas um recorte das atrocidades em que a humanidade vem fazendo consigo própria, aí me pergunto: A onde vamos parar?
O documentário é chocante, pois nos permite sentir o cheiro da morte. Tudo é verdade ( não existe essa estória do documentário ser híbrido, ou seja, de ser meio ficção e meio realidade), a obra fílmica em questão é cem por cento verdade nos mostrando tudo que acontece na vida daqueles seres humanos, e até nos mostrando o último suspiro de alguns, e por isso é tão visceral e revoltante ao mesmo tempo. Temos que fazer alguma coisa para salvar, acima de tudo as prioridades mundiais, pois do jeito que a coisa anda temo o pior para a espécie humana. Não deixem de assistir este chocante documentário para ver o mundo de outra maneira.
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Conspiração e Poder, dirigido e co-roteirizado por James Vanderbilt, Austrália, EUA, 2016. Baseado em fatos reais o filme narra a trama de supostos favorecimentos ao então presidente George W. Bush na semana anterior as eleições que o reelegeria como presidente dos EUA.
Tais favorecimentos abordavam que na década de 1970, George W. Bush não teria servido as forças áreas norte-americanas como todos imaginavam. Alguém teria “mexido os pauzinhos” para Bush ficar de “boréstia” na guerra do Vietnã. Ou seja: Forjou documentos para não ir combater no Vietnã, mesmo que sua história pública diga o contrário.
Ou seja, novamente: Que ele teria ido a guerra e não teria ninguém que o ajudasse a mexer “os pauzinhos” para ele não ir. Em sua plena suposta e desejada reeleição tal notícia, oriunda da internet, poderia desencadear uma
esmagadora derrota e adeus reeleição do Bush Filho. O filme tem o mérito em narrar a primeira estória real em que a internet teve, ou quase teve, uma repercussão ao ponto de colocar em risco a vitória de um presidente, e não só um qualquer, mas o presidente do país mais rico do mundo.
Os tais “pauzinhos” foram remexidos e embora todo o trabalho da produtora da CBS Mary Papes (Cate Blanchett) juntamente com o âncora Dan Rather (Robert Redford), que perderam seus empregos, inclusive, foram ao ralo por não conseguirem o apoio da sua emissora, a CBS, em afirmar que os documentos que incriminavam o presidente eram verídicos.
O filme é visceral do ponto de vista jornalístico e interessante de outros pontos de vista por exatamente não cravar se o Bush teria ou não falseado documentos ou pessoas para conseguir se reeleger. Por ser uma estória
verídica, e até recente, a obra fílmica sugere que pensamos sobre o que se sucedeu e a partir daí então, tiremos nossas próprias conclusões.
Fato é que após a negação da CBS sobre a investigação da produtora Mary Papes, esta nunca mais quis saber de televisão, e não por falta de convites, mas talvez por um trauma pela falta de ética e coragem por parte dos mandatários das emissoras. Enfim um filme que é mais para ser analisado do que propriamente cravado alguma verdade absoluta, mostrando o quanto é importante e salutar para qualquer país ou sociedade que se preze, um jornalismo livre e sem amarras.