Cultura

LOBISOMEM Serrinha lembra do Bacalhau da Barão e quer a caçola em 2017

Um furdunço que aconteceu na Serrinha durante a Semana Santa
Lobi da Serra , Salvador | 17/04/2016 às 10:01
Lobi durante o Bacalhau da Barão
Foto: BJÁ
   Quero agradecer à direção da Associação dos Moradores da Rua Barão de Cotegipe (AMBARCA) pelo convite para participar do Bacalhau da Barão, durante a Semana Santa, e dizer que foi um prazer imenso ter ido a esse furdunço e mais tempo não fiquei na hora do serviço do bacalhau propriamente dito, ainda que distribui duas dúzias de rosas às crianças e às senhoras, porque tinha um compromisso social na Barrocas e  me ausentei justo no momento em que se apresentava o organista Vinicus e a cantora Flávia.

   Depois retonei com minha esposa dona Ester Loura e minha neta Sol quando rolava o som executado por com Gabriel Nunes, jovem bom de voz e viola, e fomos bem acolhidos não só pela direção do evento, mas também pelos amigos que lá estavam, o Marcondes, Galeguinho do Subaé, Babau, Lula de Eufrásio - que pinga invocada desse jovem -, Jotinha, Liu Bacelar, Joseval Passos, Zais Pinharada, Valdemi Oliveira, Elisio Simões, o neto de Sêo Titi Magalhães, Amarante, Lika Vilela e tanta gente boa que por lá 'bacalhoava'. Só não dei uns autógrafos porque esqueci a caneta em casa.

   Pena que não comi o bacalhau. Segundo me contou João Galinha, o camarada que nunca veste camisa, nem pra encontrar-se com o alcaide Cardozão, "o bacalhau foi dos mais deliciosos". 

   Quando retornei à tardinha para assistir ao show de Victor Lopez o bacalhau já tinha acabado sob a desculpa de que 'não deu pra quem quis tão saboroso estava e a preço módico de R$15,00 o PF. Isso graças ao adjutório de um político que teria contribuido, de forma espontânea e não em troca de votos, com 20k do principal produto português de exportação. 

   Então, falei pra Jorge Cuc que é um dos organizadores do evento que, em 2017, sejam 50 k de bacalhau com serviços na sexta e no sábado de Aleluia, especialmente à tarde e à noite quando o furdunço está lotado de gente e as pessoas precisam forrar a barriga, ainda que bacalhau não seja meu prato predileto.

   Comentei com o dito, depois de abraçar os amigos Vando, Rasta da Serra, Dr Bira, Melvar Brizolara, Rosa de Pi, Noemi Maciel Mota e outros tantos que a festa foi das melhores e gostei demais do show de Roni Chaka e a banda Sem Segredo, samba no estilo Sambô da Serra, mas senti falta na noite do Sábado da Aleluia, justo de um tiragosto de bacalhau, que fosse bolinhos ou postas na pedra grelhado, e tive que desfruturar de um espetinho de frango de uma senhora que reforçou seu caixa, justo porque era a única a atender tantas bocas.

   Avisei pra ela que devido a fome, já havia tomado meia duzia de cervejas com dona Ester Loura e dona Antonia Licorista, gostaria que, em 2017, também servisse o meu tiragosto preferido as patinhas de morcego fritas e peito de anun preto grelhado.

   A senhora tomou aquele susto e replicou: - Sêo Lobi, assim o senhor vai é espantar minha freguesia.

   - Vou nada, a senhora faz o meu tiragosto na ponta da trempe que ninguém vê.

   - Se colocar um morcego na trempe pra fritar ninguém vai encostar por aqui e comprar nada - avisou.

   - A senhora traz só as partes que me interessam e ficam iguais a perninhas de gia - sorri.

    - Vou pensar no seu caso, mas por enquanto leve seus espetinhos de frango que são da melhor qualidade.

   Ester, de fato, gostou. E dona Antonia também tanto que pedimos mais cervejas enquando Roni mandava bem no samba e a galera nas mesas espalhadas pela Barão se esbaldava.

   Conto ainda, que no sábado à tarde participei como observador das brincadeiras para as crianças do pau de sebo e do quebra pote. Vocês sabem que criança adora Lobi. Não metemos medo em mais ninguém. Nem em menino de colo. Tanto que tirei foi muita foto, fizeram foi muito selfie comigo e as crianças, numa boa. 

   Antigamente, no tempo em que o  pároco da cidade era padre Demócrito e era proibido abrir bares e vendas na sexta-feira da semana santa, vetado fazer qualquer ato libindinoso até a hora da procissão do Senhor Morto fechando-se o balaio na quinta e só abrindo na segunda, com exceções na noite de Aleluia, quando o galo cantasse de madrugada, eu ainda metia medo nos meninos. Hoje, eles arreliam de mim, brincam, são meus amigos. Diria que não existe mais Lobi como antigamente.

   A meia noite do sábado de Aleluia, o Sem Segredo dando um show dos melhores, Chicão de dona Dina, o qual é um faz tudo na Serra - produtor cultural, compositor, cantor, ativista, poeta - subiu no palco para ler o testamento do Judas que seria queimado. 

   E, para minha surpresa, a homenagem - se é que podemos dizer assim - era para Eliúde - uma Judas, presente no evento, super simpática, querida da Barão, e tome versos da herança deixada pela judas para vários personalidades da Serra e, em especial para a galera da Barão que teria namorado com a simpática Eliúde.

   Nesse aspecto fiquei desapontado pois esperava que pelo menos uma lembrancinha para mim, embora não tivesse o prazer de ter namorado a Eliúde, sequer lhe dado um beijo na face, e a simpatia da moça foi pra um; os cabelos para outro; o sorriso para fulano de tal; o sutiã para beltrando; a  'caçola'  - que era minha peça preferida - foi dada a um concorrente e fiquei a ver navios. 

   Uma falha imperdoável de Chicão.

   Ainda bem que o apresentador contemplou todos os politicos da Serra - o que fez muito bem - com adjetivações bem pertinentes e só não vou falar aqui para não comprometer o produtor cultural pois todo mundo sabe que 'herança de Judas' é uma brincadeira que termina assim que o Judas é queimado.

   No final do evento, dialogando com Chicão e Eliúde, tendo como testemunha Jorge Cuc ficou acertado que em 2017 o 'fio dental' da moça será reservado para mim.

   Cuc me olhou desconfiado como se dissesse assim: - Esse vai meu.