Cultura

CRÔNICA: Como um pixuleco faria a sua felicidade, por EGNALDO ARAÚJO

Egnaldo Araújo é jornalista baiano e mora em Brasília
Egnaldo Araújo , BSB | 20/02/2016 às 11:22
PIXULECO
Foto:
Agora ela está outra pessoa, nem mais se parece com aquela renitente, reclamadora de tudo e de todos. Agora, não tem mais tempo pra nada, toda a sua atenção é só para o novo símbolo de sua infinita felicidade, PIXULECO, que entrou quase que de surpresa na sua vidinha, antes parada, enfadonha e de desesperança.

Ela, que estava em guerra com tudo e com todos, ácida, revoltada com o E-Social, governo da Dilma Roussef; congelamento de salários, aumento dos preços e a  volta da voraz inflação; repentinamente se transformou em uma criatura adorável, a sorrir e a cumprimentar a todos com alegria; isso, à partir do dia em que recebeu a visita do adorável Pixuleco, que chegou para ficar, diuturnamente a receber as maiores e melhores atenções dela, que constantemente dizia em alto e bom som: “Você é, e será para sempre de sua vovó querida”. 

Pois sim: Mas numa sociedade consumista e voltada para interesses monetaristas, aquela senhora-salário-mínimo, logo, logo veria que o buraco é muito mais embaixo; ou seja: Em terra de paixões, o amor é, e sempre será ceguinho da Silva. A ficha caiu quando ela, pela primeira vez visitou aquele especialista em pixulecos; que começou a fazer uma série de recomendações com vistas à manutenção de sua “felicidade”, recomendações essas que atacava ferozmente a sua alimentação, moradia e tantas outras despesas, que o seu minguado salário mal daria duradoura convivência com Pixuleco. 

E, a partir daquele avassalador encontro com o tal especialista, tomou um extrema e intransferível decisão: Expulsou intempestivamente a enganosa “felicidade”, o tal de “Pixú” de sua vida.