Cultura

EXPOSIÇÃO “TUDO É CORPO”, da artista CLARA DOMINGAS na Mansarda

No Palacete das Artes a partir de 23 de fevereiro
PA ,  Salvador | 17/02/2016 às 14:46
Clara Domingas no Palacete
Foto: CD
A exposição “TUDO É CORPO”, da artista plástica
Clara Domingas, abre a agenda de 2016 da Galeria Mansarda do Palacete das
Artes (equipamento vinculado do Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural/Secretaria de Cultura), no dia 23 de fevereiro, às 19h. A instalação
vai contar com desenhos em preto e branco, feitos em tecido levemente
transparente, onde o visitante terá a oportunidade de conferir imagens de
desertos, nuvens, penhascos, cavidades ósseas, mudras, cabeças cortadas, gruas
e drones ... 


Conforme explica a artista, são imagens que “nos fazem co-imaginar junto. Paisagens e
elementos em grande escala, visões de possíveis origens e fins dos nossos
tempos. Transmutações da natureza, erros e errâncias, morte e vida, o
pós-humano, um porvir duvidoso. São inquietações apresentadas por uma amadora
do risco e do movimento”, defende Clara Domingas.


Para o diretor do Palacete das Artes, Murilo Ribeiro, trata-se de um trabalho sério
e ousado, que a Galeria Mansarda tem o prazer de mostrar ao público, com
visitação até o dia 27 de março. “A obra é importante por apresentar, através
do desenho, uma proposta contemporânea de arte em termos de forma, conceito e
qualidade. Todos estão convidados a conferir e interagir com a exposição”. 


As muitas linhas do desenho de Clara Domingas, na avaliação da jornalista e
designer Vânia Medeiros, arquitetam imagens ao mesmo tempo desconcertantes,
reais, habitáveis e reconhecíveis, além de serem paradoxalmente constituídas de
espaços em branco, vãos. “O líquido amniótico onde surgem essas imagens são os
erros de seu próprio corpo no espaço. Frestas, rachaduras, riscos rupestres que
ali habitam, fazem parte de cada retrato e passam a constituí-lo.... Ela nos
encaminha para um lugar mais interno, íntimo, um silêncio alvo. Uma solidão
calma e mutável. Em vez de casa, nuvem”.


A mostra é composta por oito painéis, que irão permitir a formação de caminhos de
tecido ao longo da galeria, e uma maior interação entre visitante e obra.
“Entre a ausência e a soma de todas as cores, uma zona de muitas possibilidades
de invenção. A composição/montagem da instalação buscará propor uma
espacialidade por onde mover-se. Afirmar que “Tudo é Corpo” exprime a
necessidade de abandonar oposições e dualidades, para fazer presente a
simultaneidade e a justaposição da matéria e da energia, da realidade visível e
invisível; o fluxo de vida-morte em todas as partes”, explica Domingas.


O artista e pesquisador Lucas Bambozzi acrescenta
que os trabalhos de Clara e a “sua procura incessante por seu lugar
no mundo”, o ajuda a crer no nascimento de linguagens para além das convenções
e a possibilidade de escrita (em desenho) da vida, na medida em que se faz
arte.  “Entendo, talvez pelas distâncias, que o
trabalho de Clara é hoje afetado por idiossincrasias que não são facilmente
localizáveis. Se o motor de suas angústias e alegrias mais recentes podem ser
localizados facilmente entre Itapuã e a região de fronteira do México (Ensenada,
Baja Califórnia), as inquietações de sua alma de menina curiosa se expandem por
essa imensa américa-latina que separa um lugar de outro. E voa, flana leve como
os tules que pinta, reconstruindo um lar imaginário, menos tijolo e mais pele
(corpo).  Clara anda muitas vezes só, por
ela mesma, mas sempre ilumina o seu entorno, transformando casa em corpo, e
vice-versa”, conclui.


Sobre a artista e seu trabalho:



Através de experiências de desterritorialização:
viagem e moradia em outros países (EUA, Argentina e México) a formação e
prática em Dança e Educação Somática de Clara Domingas começou a se transformar
em iniciativas autorais que transbordaram para as Artes Visuais (desenho,
pintura, stencil, fotografia, vídeo, animação e o que mais ocorrer). Essa
investigação aberta articula campos da performance, filosofia, antropologia e
urbanismo. 

A artista desenvolve o que chama de Artes e
Tecnologias do Corpo: processos de composição em tempo real, dobras de
circuito, errâncias pelo mundo, comunicações cotidianas com a rua e encontros
com “outros”. 


Participou dos Salões de Artes Visuais da Bahia nos
anos 2009, 2010, 2012 e 2013. Recebeu o Prêmio do público por "In
Memoriam" em Vitória da Conquista (2014); o Prêmio Fundação Cultural do
Estado da Bahia por "Feels like Homie" em Teixeira de Freitas (2013)
e Menção Especial por "A Festa" em Porto Seguro (2009).Entre  outros trabalhos de relevância, foi ilustradora
do mapa-guia na terceira Bienal da Bahia. Criou vídeo-projeções de “A invenção
da Cor" (segundo álbum de Tiganá Santana). Com o artista argentino Cabaio,
realizou exposições em Buenos Aires, Salvador e La Paz.  No ano passado, realizou a primeira edição de
Alter-Cidades em São Luís (MA) em parceria com o programa Conexão| Espaço|
Habitação. Atualmente, vive e trabalha em Itapuã, onde desenvolve a ocupação
“Nativa Relativa”, desde dezembro de 2011.