Cultura

Violência Urbana Quais as possíveis soluções ? - por JUPIRACI BORGES

Jupiraci Borges Coordenador da Campanha A Bahia Pela Paz e Presidente do Instituto Baiano da Paz

Jupiraci Borges , Salvador | 10/01/2016 às 12:10
Pessoas que vivem segregadas e abandonas em quiosque da Av Centenário
Foto: BJÁ
Sem inclusão social, econômica e política não há como prevenir a violência urbana. Não podemos mais nos iludir e acharmos que apenas a Lei, com ações penais mais duras e excluindo benefícios dos autores de infrações graves, possa reduzir a criminalidade em níveis razoáveis.
 
Os especialistas na questão da violência urbana afirmam que nas periferias das cidades, sejam grandes, médias ou pequenas, nas quais a presença do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais facilmente.
 
Esses espaços são denominados de “espaços segregados” pois representam  áreas urbanas em que a infra-estrutura urbana de equipamentos e serviços (saneamento básico, sistema viário, energia elétrica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos culturais, segurança pública e acesso à justiçaé precária ou insuficiente, e com pouca oferta de postos de trabalho.
 
Os jovens residentes nesses espaços procuram o primeiro emprego, objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e não obtém sucesso – tem relação direta com o aumento da violência e isso torna esse jovem mais vulnerável ao ingresso na criminalidade. O desemprego faz com que os jovens, sem conseguir entrar no mercado de trabalho, sejam atraídos pelo crime organizado pois esse  seduz com oferta de apoio,  sentimento de pertencer a um grupo, o poder que uma arma representa e o prestígio. E também está relacionado a esse mesmo crime organizado elevadas taxas de homicídio entre traficantes rivais.
 
O perfil da vítima e do agressor é geralmente jovem, do sexo masculino, morador de regiões periféricas das grandes cidades, que abandonou a escola cedo e não tem emprego formal, é a maior vítima de homicídio. Ao mesmo tempo, esse jovem é o maior autor de crimes como assaltos e roubos. Já os crimes sexuais contra mulheres são praticados majoritariamente por homens com quem se relacionam ou se relacionaram. Pais, parentes e pessoas próximas da família são os principais  agressores na maior parte dos crimes de maus-tratos e de abuso sexual contra crianças e adolescente.
 
Também não é a pobreza que causa violência se assim fosse, áreas extremamente pobres do Nordeste não teriam índices de violência  menores do que aqueles verificados em áreas como São Paulo e Rio de Janeiro .
 
Para um enfrentamento das causas, é necessária a participação de toda a sociedade: Tanto cobrando soluções do Poder Público como se organizando em redes comunitárias de proteção e apoio, de desenvolvimento social e mesmo de questões de segurança pública.
 
Grande parte das ações necessárias está na gestão urbana, que compete aos municípios. Como a segurança pública é tarefa dos Estados, é preciso haver integração entre políticas urbanas e políticas de segurança pública.
 
 A escola é espaço privilegiado de convívio e de formação da pessoa e precisa ter qualidade e se integrar à comunidade. Escolas que permanecem abertas à comunidade nos finais de semana conseguem diminuir atos de vandalismo em suas dependências. Além dessas ações são recomendações dos estudiosos da violência urbana uma polícia melhor equipada, com presença fixa nos bairros, em Módulos, e um Poder Judiciário mais ágil .