Cultura

Editora Cosac e Naify vai fechar as portas. Um baque na cultura Brasil

Infelizmente, o Brasil segue caminhando na marcha ré
ZH , SP | 01/12/2015 às 11:39
Fim de um trabalho que durou 19 anos
Foto: DIV
Autor da biografia Clarice, sobre a escritora brasileira Clarice Lispector e publicada nos Estados Unidos com o título de Why this World?, o americano Benjamin Moser se tornou best-seller internacional escrevendo sobre o Brasil. Ele também é autor de Cemitério da Esperança, e-book que traz um ensaio em que analisa o projeto monumental da construção de Brasília.

Sua biografia Clarice foi lançada no Brasil pela Cosac Naify, editora que anunciou, na noite de segunda-feira (31/11), em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, que irá fechar as portas. Comandada por Charles Cosac e seu sócio, o empresário norte-americano Michael Naif, a Cosac Naify tornou-se referência no mercado por livros de arte de luxo ao longo de seus quase 20 anos de atuação.

Editora Cosac Naify irá fechar as portas

Com a notícia do encerramento das atividades da editora, Moser postou em sua página no Facebook o seguinte comentário.

"No meio de tanta lama tóxica, tento descobrir sempre alguma coisa positiva nas notícias do Brasil. Não é fácil, mas às vezes consigo. Até a Lava Jato dá a esperança de que, por fim, a corrupção está sendo combatida.

Não consigo descobrir nada positivo na notícia que me chegou no meio da noite: que a Cosac Naify, que publicou o meu Clarice, e que ia publicar o meu Sontag, vai fechar as portas. Durante 20 anos tem dado um estímulo inestimável à cultura brasileira.

Para os leitores que têm menos de 30 anos, talvez seja difícil imaginar a decadência em que se encontrava o livro brasileiro nos anos 90, quando a Cosac abriu as portas. Com poucas exceções, os livros eram de uma qualidade execrável, daqueles que custavam cem reais e que caiam aos pedaços quando você os abria.

Chegou a Cosac, que fizeram livros não somente melhores do que existia no Brasil mas que -- ouso dizer -- não tinham comparação em qualquer país do mundo. E com um gosto maravilhoso que trouxe ao país centenas de escritores e artistas que haviam sido ou esquecidos (no caso de muitos brasileiros clássicos) ou desconhecidos (por nunca ter sido traduzidos).

Além disso, foram sempre de uma gentileza e de uma generosidade enormes comigo. Ajudaram a conquistar toda uma nova geração de leitores para Clarice Lispector. Deixo aqui, pois, a minha gratidão a todos que fizeram essa editora que, faz tempos, já virou histórica".