Cultura

ASSEMBLEIA lança nesta segunda feira "Um Cinema Chamado Saudade"

Registro da trajetória dos cinemas em Salvador
PB , Salvador | 09/11/2015 às 11:47
Um Cinema chamado Saudade, de Geraldo Costa Leal e Luis Leal Filho
Foto: DIV
A Assembleia Legislativa lança  hoje, segunda-feira, o livro “Um cinema chamado Saudade”, que traz um registro da trajetória dos cinemas de Salvador, antes casas de rua, agora complexos com várias salas reunidas, restritas quase exclusivamente em shoppings centers. Trata-se do 157º lançamento da gestão do deputado Marcelo Nilo na presidência do Legislativo. O lançamento será no saguão Deputado Nestor Duarte, a partir das 17 horas.

Satisfeito em possibilitar “às novas gerações” o contato com esta realidade saudosa dos cinemas de outrora, muitos deles em bairros, o presidente Marcelo Nilo observa que essa é “a essência do programa Assembleia Cultural”, uma ação de marketing cultural elevada à condição de “poderosa ferramenta” de fomento e preservação da nossa cultural num momento onde a própria baianidade se esgarça, diluída pela chamada indústria cultural. Para ele incentivar a leitura, preservar vultos e obras ilustres, além de apoiar novos talentos das letras de nossa terra é um dever do parlamernto moderno.

NOSTALGIA

“Um cinema chamado Saudade” é a reedição de uma obra escrita após minuciosa de Luís Leal Filho somada às memórias do seu tio, Geraldo Leal, que proporcionam ao leitor um agradável passeio pela linha do tempo da sétima arte, um resgate do cenário cinematográfico da Salvador de tempos passados, quando havia salas de projeção nos bairros, os chamados Cinemas de Rua, a vedete da época. Nestes cinemas, havia o que o saudoso professor André Setaro, autor do prefácio do livro, classifica como personalidade, um estilo arquitetônico característico que propiciava sensações no espectador no momento em que contemplava a película. 

Além de fazer um panorama histórico do cinema mundial desde a criação do cinematógrafo pelos irmãos Lumiére, a segunda edição da obra monta um rico inventário, de momentos importantes da cena cultural baiana, trazendo toda a efervescência do teatro e o frisson das novas ideias e expressões artísticas com a chegada do cinema. 

Sobre os Cinemas de Rua, os autores agraciam os amantes da arte, tanto os que tiveram a oportunidade de vivenciar o período, quanto aqueles que não tiveram e, a partir dos detalhes descritos conseguem viajar na máquina do tempo literária construída por Geraldo Leal e Luís Leal Filho, ambos falecidos, irmão e filho do ex-deputado Luís Leal, também falecido recentemente.

“Um cinema chamado saudade” traz descrições criteriosas e fidedignas de cada sala, com destaque para as particularidades decorativas, a perspectiva da tela em relação às cadeiras, aspectos pitorescos e curiosos, como a grandiosidade do Cine Teatro Jandaia com arquitetura clássica e requintada e intitulado por muitos como “palácio”, o Jandaia foi a casa de espetáculo mais famosa do Nordeste na década de 1940.

Por ser uma obra construída com base em pesquisas e memórias, ficou a cargo de Luís Leal Filho, precocemente falecido, unir os fotogramas das vivências do seu tio Geraldo Leal às informações que livros, filmes, jornais e revistas os concedeu. O resultado, pode ser traduzido através das palavras do jornalista João Carlos Teixeira Gomes, o Joca: “É o resgate profundo de uma época desaparecida, que retorna à vida pelo sortilégio da palavra, prolongando no verbo a magia da imagem morte”. O Jandaia pertencia a sua família.

OS AUTORES

Dentista de formação, Geraldo da Costa Leal, dedicou-se a manter vivo fatos e acontecimentos ocorridos na cidade de Salvador. Autor de livros como “Pergunte ao seu avô – Histórias de Salvador, Cidade da Bahia”, “Perfis Urbanos da Bahia” e “Salvador dos contos, cantos e encantos”. Geraldo foi membro do Instituto Histórico Geográfico da Bahia. O guardião das memórias da cidade, faleceu em 2003, aos 80 anos.

Ex-acadêmico dos cursos de Ciências Biológicas e Direito, Luiz Leal Filho, teve seu primeiro trabalho “Salvador das invernadas”, publicado no jornal A Tarde. Funcionário da Universidade Federal da Bahia, foi sócio-fundador do Lions Club Pelourinho e membro do Instituto Genealógico e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. O Pesquisador, faleceu este ano, deixando os relatos históricos da velha província. 

HISTÓRICO

Sistematizado pelo então presidente Antonio Honorato, na década de 1990, o programa editorial da Assembleia Legislativa Bahia, foi ampliado na presidência do deputado Clóvis Ferraz e ganhou vulto e importância já na primeira investidura de Marcelo Nilo na presidência. O programa “Assembleia Cultural” institucionalizado por Marcelo Nilo, essa inciativa uniu o parlamento a outras instituições importantes da vida baiana e não só de âmbito cultural, como é o caso da Associação Comercial do Estado.

Convênios e parcerias foram estabelecidas, a começar pelo pioneiro que uniu a Assembleia à Academia de Letras da Bahia, a que se somou o firmado com a Universidade do Sudoeste, a Fundação Pedro Calmon, o Museu Eugênio Teixeira Leal, o Instituto Geográfico e Histórico e a Universidade Federal da Bahia, através da Edufba. Com o passar do tempo o programa editorial enriqueceu seu acervo literário com obras que resgatam aspectos e personalidades da cultura baiana de livros clássicos como Cascalho de Herberto Salles. 

Selos foram criados beneficiando Inéditos, temas como o Cangaço e coleções foram criadas, como a que resgatou a história do comércio baiano (em seis volumes) ou a coleção Gente da Bahia que contém perfis biográficos de baianos célebres, com mais de 40 volumes impressos.