Gordo de raiz, genética e filosoficamente, Jeffinho é desses obesos descrentes, que não tem um pingo de força de vontade - muito embora, paradoxalmente, leve a vida experimentando dietas de todas as vertentes e até malhar já malhou, por mais de um ano, com personal trainer e tudo. Só não cedeu à cirurgia bariátrica porque, para ele, deixar de viver é preço muito alto para se tornar um magro “saudável”.

    Acontece que, por fraqueza ou destino, volta e meia vê-se traído pelo olho grande, muito maior do que o seu corpo de cento e tanto quilos. Ele segue na dieta... vai, vai, vai, cheio de convicção, e começa a perder um pesinho. Mas logo sucumbe à tentação, não resiste a certas comidinhas e beliscativos; cai de boca, na hora, sem pestanejar.

   O cara come e bebe com tamanho prazer que faz inveja aos magricelas enfastiados. Não pede licença, nem tem remorso. Fica na maior felicidade. No dia seguinte, volta à dieta, como se nada houvesse acontecido. Aliás, Jeffinho não se cansa de repetir que está sempre em dieta, com inevitáveis intermitências no percurso. 

   Enfim, como diz Jô Soares, especialista no assunto com enorme credibilidade em quilos na balança, gordo é gordo porque é gordo. Como seu fiel seguidor, Jeffinho assina embaixo e lembra que até hoje a ciência ainda não encontrou uma explicação aceitável para esse mal que afeta o homem moderno (tirando aquela grande parte que passa fome). 

   Já condenaram e absolveram com méritos o ovo e o café; agora querem botar a culpa na linguiça, no salaminho, na mortadela, na salsicha do cachorro-quente, enfim, nos embutidos em geral. Enquanto isso, Jeffinho segue comendo o que gosta e deixando de lado o que não gosta e faz mal à saúde, conforme critérios aceitos e estabelecidos.

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   Mas o gordo ainda não jogou a toalha e segue na dieta em que acredita: tenta comer menos, de tudo um pouco, e foge do exagero. Mas se ele for inevitável, compensa o excesso no dia seguinte, alimentando-se feito um faquir. 

   Mesmo sendo um preguiçoso confesso, malha do jeito e no limite que seu corpo e sua cabeça aguentam, sem violar seus princípios ou ferir o amor próprio. Para começar, todo dia sobe uns dois ou três degraus de escada ou dá uns pulinhos light dentro da piscina quente, bem relaxante.

   Em paralelo, continua pedindo ajuda aos orixás e a todos os santos católicos, em especial a São Judas Tadeu, irmão de São José, primo-irmão de Jesus, de quem era um dos 12 apóstolos (não confundir com o outro apóstolo, Judas Iscariotes, aquele traíra famoso).  

   Jeffinho é devoto de São Judas Tadeu porque ele é o santo das causas perdidas. Como faz todo ano, no dia do santo (28/10) ele foi rezar ao pé do altar, na igreja da Baixa de Quintas. Quem sabe São Judas Tadeu resolve operar um milagre. Talvez Jeffinho não seja uma causa tão perdida assim.