Cultura

A ousadia de Werner Schroeter é tema de retrospectiva no XI Panorama

A mostra reúne dez filmes do cineasta que antecipou as instalações multimídias
Quarta Via , Salvador | 11/10/2015 às 11:44
A Morte de Maria Malibran
Foto: Divulgação

Realizador de filmes extremamente pessoais e sem concessões ao cinema narrativo, o diretor alemão Werner Schroeter (1945-2010) é tema de uma retrospectiva no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema, que acontece de 28 de outubro a 04 de novembro, em Salvador e Cachoeira. A mostra reúne dez filmes do cineasta que antecipou as instalações multimídias, inserindo telas múltiplas e colagens no seu trabalho ainda no final dos anos 1960.

Dessa época, a mostra exibe Argila e Eika Katappa, filmes marcados pela experimentação. No primeiro, o diretor apostou em uma projeção dupla, unindo uma cópia muda em preto e branco com outra colorida e sonorizada. O segundo é o longa inaugural de Schroeter, definido por ele como “uma coleção de associações de imagens e sons do mundo em que vivo”. A retrospectiva é uma parceria do Panorama com o Goethe-Institut /ICBA, apoiada pelo Filmmuseum München.

Diversificando estilos, ele produziu algumas de suas obras mais conhecidas na década de 70, caso deA morte de Maria Malibra livremente inspirado na vida de uma meio-soprano que conquistou Rossini e Bellini com sua voz e beleza. Nessa fase estão o surrealismo de Willow Springs, o olhar sobre o nazismo de Piloto de Bombardeio, e o ensaio cinematográfico de O Anjo Negro. O período é representado ainda por Os flocos de ouro, longa ambientado em uma Cuba imaginária (rodado na França) e falado em vários idiomas.

Dos anos 1980, marcados pela inserção de uma vertente documental no cinema de Schroeter, o Panorama traz Sobre a Argentina, documentário no qual compara as informações oficiais publicada durante a ditadura com depoimentos de vítimas e famílias de desaparecidos. A programação se completa com O concílio de Amor e O dia dos Idiotas.

O Panorama é uma realização da produtora Coisa de Cinema em parceria com o Cineclube Mário Gusmão, projeto de pesquisa e extensão da UFRB. Com apoio de mídia do jornal Correio, o festival é patrocinado pela Petrobras e pelo Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura.