Cultura

OKTOBERFEST DE MUNIQUE: 6 milhões na maior festa da cerveja do mundo

No Campo de Thereza os alemães celebram a vida e movimentam a economia da Bavária e o turismo
Tasso Franco , da redação em Salvador | 23/09/2015 às 06:44
Um dos barracões do Campo de Thereza em Munique
Foto: BJÁ
   Em meio a onda de refugiados sírios que chegam a Alemanha, os bávaros de Munique celebram seu carnaval fora de época, a Oktoberfest, ou festa da cerveja. É algo assustador: são milhares de pessoas ao dia, milhões durante todo o período da festa que vai de 19 de setembro a 4 de outubro. Por metro quadrado é o maior número de bêbados que já vi, mas, sem brigas, sem arrastões, numa fuzarca movida a muita música pop e bandas e orquestras alemãs. 

   Estima-se que 6 milhões de pessoas passam no Theresienwiese (Campo de Thereza) para festejar as tradições bávaras que datam de 1810, casamento do príncipe herdeiro da Bavária, Ludwig, depois rei Ludwig I, o qual casou-se com a princesa Theresa da Saxônia-Hildburghausen. Naquela época, toda a população de Munique foi convidada para a festa organizada num campo aberto (wiese) e que passou a ser chamado de campo de Theresa (Theresienwise), em homenagem a princesa.

    A festa do rei terminou com uma corrida de cavalos. A partir de 1810, todos os anos, os alemães armavam suas tendas no campo de Thereza para corridas de cavalos e beber cervejas. Daí que embalou, hoje, a Bavária é uma região produtora de cerveja, grãos, alimentos e indústria de alta tecnologia, farmacêutica e automobilistica, entre outras, e a Oktober (costumam falar assim abreviadamente) é a maior festa popular do mundo. Tem turistas de todos os cantos do planeta, agora, com muitos chineses, alguns brasis, muitos norte-americanos, europeus de uma forma geral e alemães.

  As corridas de cavalos não existem mais. Na abertura da festa e no encerramento há um desfile de familias produtoras rurais da Bavária com suas carruagens da época do medievo e os cavalos enfeitados dos pés às cabeças. No desfile, as novas tecnologias estão presentes com tratores e máquinas, mas, o que prevalece é a tradição, das bandas, da música, do folclore, numa festa belissima e que tem uma similar em Bluemenau. Como já fui em Blumenau e conheço a festa de Santa Catarina, a de Munique é bem maior e mais animada.

   No enorme Parque de Thereza existem seis imensos barracões de seis cervejarias autorizadas onde o público tem acesso. A partir das 9h30min até às 23h - bebidas são vendidas até 22h30min - o couro come. A caneca master da cerveja, qualquer delas - HB, Armbrust, Lowenbrau, etc - custa 10.5 euros, algo em torno de 50 reais. Há tendas e mais tendas fora desses barracões que vendem refeições e tira-gostos a base de linguiças, chucrutes, carnes de porco, ganso e frago. Os preços variam de 4.5 euros (um sanduiche com pão e linguiça) a um pato na brasa 9 euros.

   Com fome é que ninguém fica. Agora, o que todos fazem, pra valer, é beber cerveja. Deve ser a bebedeira coletiva mais ampla que existe no planeta. As garçonetes - só mulheres - que servem as mesas não param 1 segundo. Algumas delas chegam a carregar até 10 canecas imensas cada uma delas com 1 litro de cerveja circulando entre mesas. É uma arte. Muitas usas protetores nos punhos e são elas que cobram o que se consomem nas mesas e nos corredores.

   As pessoas não podem comprar diretamente as cervejas nos balcões como acontece em Blumenau. Só quem tem acesso aos balcões são as garçonetes e os clientes têm que apelar para uma delas, cortejá-las. Uma gorjeta sempre é salutar. A cada rodada de cerveja paga-se a conta. Não tem esse negócio de armar uma mesa e pagar depois. É pá e bola. Dez canecas, 105 euros, e paga-se na hora.

   A festa é imensa e tem outras atividades e diversões. Parques infantis, brincadeiras para jovens e crianças, restaurantes e bares especiais, toda uma infra-estrutura. É preciso ter alguma orientação para ser atendido na festa. Primeiro chegar cedo tentando conseguir alguma mesa. Pode-se também se agregar a algum grupo de alemães conhecido e que tem reserva de mesas. Em determinados dias da semana, alguns barracões são privês de grupos. Os turistas não entram, salvo se forem convidados desses grupos.

   A festa, portanto, tem alguns macetes importantes senão o camarada fica sobrando, só olhando e comendo com os olhos. Música? Só rock e música alemã. Dos Beatlles aos Rolls Stones e da nova geração do rock metálico e outros. 

   Às 23h, todos os dias, a festa se encerra. Nem 1 minuto a mais. Tudo é feito para que as pessoas usem o transporte público - metrô, trens e VLT - que só funcionam até meia noite. Na principal estação que dica a app 2km do campo de Thereza há policiamento ostensino. No campo só seguranças privadas. Nos barracões é comum vê-se os 'jamantas' seguranças colocando bêbados para fora. 

   A festa é como Carnaval. Dá de todo. Um furdunço. Homem dançando com homem, mulher se agarrando com mulher, muita gente em cima dos bancos das mesas - subir nas mesas não pode; nos bancos pode -e assim por diante. Não pode exagerar. Colocar peito de fora e passar a mão em bumbum pode ser convidado a deixar o barracão. Se não deixar por bem, os 'jamantas' põem para fora na tora. 

   Daí que os alemães dizem que se trata da festa da familia. De dia, de fato, vê-se muitos papais com filhos menores circulando nos parques e o campo da Thereza, Às noites, nos barracões, só adultos. Campo livre (TF)