Cultura

ENFRENTANDO a crise com vinhos por até 2 dígitos, p MAURICIO FERREIRA

Dicas preciosas de Mauricio Ferreira. Para falar mauriciocostaferreira@hotmail.com
Maurício Ferreira , Salvador | 15/09/2015 às 11:08
Lidio Carraro Dávidas Rosé 2011
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   Recentemente, uma notícia chamou a atenção das pessoas que acompanham o desenvolvimento da indústria vinícola no Brasil: a decisão do governo de elevar a carga tributária sobre diversos produtos, inclusive o vinho nacional e o importado, com a finalidade de conter o déficit fiscal.

   Tal medida impacta diretamente na viabilidade deste negócio a curto prazo, já que se reflete no preço final ofertado ao consumidor, principalmente em um momento em que o produtor esperava contar com o aumento no consumo interno para fazer frente aos inúmeros investimentos realizados pelo setor, nos últimos anos.

   Não é segredo, que a indústria vitivinícola brasileira evoluiu muito nesta década, tendo não apenas aumentado consideravelmente a sua produção, mas também proporcionado ao consumidor, um vinho de melhor qualidade a partir de um grande investimento realizado pelo setor em pesquisas, utilização de novas tecnologias e manejos, e, principalmente, utilização de mão de obra especializada, qualificada a partir de centros de formação especialmente criados para esse fim.

   As possibilidades geradas por este novo modelo de agroindústria vinícola, têm sido determinantes para reverter uma preocupante tendência de êxodo para as grandes capitais, à medida que ajuda a fixar o trabalhador especializado nas regiões produtoras, contribuindo para a integração nacional, e criando uma
alternativa econômica viável, com muitos empregos diretos e indiretos em toda a cadeia produtiva. 

   Isso pode ser percebido em regiões como a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, no Vale do São Francisco, na Bahia; no entorno de São Roque, em São Paulo; em São Joaquim, localizado em Santa Catarina e diversos outros polos viticultores, onde foram criados milhares de postos de trabalho e renda, além de perspectivas de uma vida melhor para centenas de jovens recém-ingressos no
mercado formal.

   Infelizmente, o temperamento imediatista de nossas autoridades, faz com que aspectos importantes da indústria vinícola sejam esquecidos, diante da imperiosa necessidade de se ampliar as receitas de impostos, gerando insegurança para quem realmente produz neste país.

   Por outro lado, a crescente valorização do dólar frente ao real, fez com que o vinho nacional se tornasse, cada vez mais, uma alternativa viável a ser considerada pelo consumidor, já que a maioria dos rótulos importados se tornou proibitivo, diante de um mercado cada vez mais empobrecido.

   A proposta da coluna Tempo de Vinho desta semana, é oferecer ao leitor a sugestão de rótulos existentes no mercado, cujo preço não ultrapassa dois dígitos, permitindo que mesmo neste momento de crise econômica, o saudável hábito de degustar um bom vinho possa ser mantido.

   Para tanto, fomos diretamente nos principais produtores nacionais, encontrar vinhos que se adequassem a esta proposta, portanto, preparem as taças, porque esta matéria poderá surpreender aqueles que ainda tem alguma dúvida sobre a qualidade dos vinhos nacionais.

    LÍDIO CARRARO DÁDIVAS ROSÉ 2011 – Rosé produzido a partir das melhores castas da região de Terras de Encruzilhadas do Sul, no Rio Grande do Sul, tem em seu blend a inusitada mistura das tintas Tempranillo, Touriga Nacional, Merlot e Pinot Noir, vinificadas em separado, sem a presença das cascas. 

   De atraente visual cereja brilhante, é luminoso, sensual e instigante, com aromas de cereja e morango, em meio à florais como rosas e jasmins, que se repetem na boca, em meio a envolvente estrutura e leves taninos que despertam a cada gole e permanecem por um bom tempo, fazendo par perfeito com a sua equilibrada acidez, o que o torna uma excelente opção gastronômica para quase todos os
tipos de comida, desde frutos do mar à carnes grelhadas.  Mesmo com todos estes predicados, pode ser
encontrado nas lojas especializadas a partir de R$ 53,00 no www.wine.com.br. 

    QUINTA DO SEIVAL CASTAS PORTUGUESAS 2011 – Produzido na região da Campanha Gaúcha, considerado por muitos o melhor terroir nacional, é um vinho que se destaca pela excelente relação custo/benefício. Produzido a partir das uvas Touriga Nacional e Tinta Roriz, é quase um típico alentejano. De coloração rubi com reflexos granada, agrada principalmente aqueles que tem predileção por vinhos potentes e bem estruturados. Com estágio de 12 meses em barris de carvalho francês, é dotado de uma complexa paleta aromática em que convivem aromas primários de florais típicos do Alentejo, celebradas notas de ameixas e figos maduros, quase que em compota, que evoluem para achocolatados em um
primeiro momento, para em seguida abrir espaço para couro, defumados e tostas de carvalho.  

    Na boca possui um grande volume, boa acidez, taninos marcantes e evoluídos, podendo harmonizar com pratos gordurosos, como chouriço, leitão assado, ensopados e todo tipo de carnes vermelhas, inclusive caças.

   Vendido diretamente na loja da Miolo, pode ser adquirido por R$ 65,01, não sendo raro encontrar promoções que oferecem excelentes descontos nas vendas pelo site www.loja.miolo.com.br.

  DON LAURINDO RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2012 -  É um varietal produzido com 100% de uvas
Cabernet Sauvignon cultivadas no tradicional Vale dos Vinhedos, RS, mantido 8 meses de guarda em barrica de carvalho francês. É um vinho ao estilo do “velho mundo”, feito para ser apreciado a partir de um bom tempo de guarda e de preferência após uma boa seção de decantação por alguns minutos, quando então surgirá um elegante vinho gastronômico, ideal para acompanhar massas com molhos
mais estruturados ou um bom ragu de cordeiro, pratos da cultura italiana, fonte de onde esse vinho se inspirou.

   De coloração rubi intenso, possui um “nariz” complexo, com notas de frutas vermelhas, ameixa madura, balsâmicos, azeitona negra e especiarias finas. Na boca a sensação de fruta madura se repete, marcado pelo café, couro e taninos delicados, que preparam a boca para uma grande variedade de pratos.

   Os preços da Don Laurindo são bastante competitivos, e o Cabernet Reserva 2012 pode ser encontrado por R$ 45,00 na loja da vinícola ou pelo site www.donlaurindo.com.br. 

    GRAN LEOPOLDINA CHARDONNAY CASA VALDUGA – Eleito pela Revista Gosto, como o melhor vinho nacional de 2013, este D.O. (Denominação de Origem) Vale dos Vinhedos, é quase que uma celebridade entre os apreciadores de um bom Chardonnay. 

    Com rigoroso controle desde a colheita das uvas, passando pela fermentação sob uma temperatura controlada e leveduras selecionadas, passa por maturação sobre as borras finas, quando estagia por 6 meses em madeira, parte em barricas de carvalho da Romênia e parte em barricas de carvalho francês,
ambas de tostagem média, o que lhe confere alta complexidade.

    De cor amarelo palha e reflexos dourados, possui aromas marcantes de frutas tropicais, como abacaxi, banana e pêssego, que combinam perfeitamente com os aromas emprestados pelo tempo de barrica, como o chocolate branco, a baunilha e o gostoso amanteigado. Na boca tem corpo médio, bem estruturado e grande elegância, onde se confirmam as notas percebidas no olfato.

    Equilibrado e sofisticado, possui grande frescor e se destaca, mesmo se comparado aos melhores importados. Ideal para ser saboreado com pescados finos, como badejos e robalos preparados com molhos delicados, também combina perfeitamente com queijos, risotos e carnes brancas.

   O Gran Leopoldina Chardonnay Casa Valduga 2013 pode ser encontrado por R$87,00 na Loja da Família Valduga ou pelo site www.loja.famigliavalduga.com.br.


   ENOLOVERS - AGENDA SOCIAL

   Nesta terça-feira (15/09), às 19:00h, a Escola de Gastronomia da Faculdade Ruy Barbosa (DeVry), estará formando a primeira turma do Curso de Sommelier Profissional da Bahia, a cerimônia será realizada no anfiteatro da unidade do Rio Vermelho, em Salvador, a coordenação ficou a cargo da professora Anaildes.

    Quem acaba de chegar de uma recente visita à  Bordeaux, com direito a hospedagem em Saint-Émilion e agradáveis tardes de degustação nos principais Châteaux da região foi o casal Cláudia e Ivo Barbosa.
Quem encontra-se na Itália participando do Italian Wine Pavilion da Expo Milano 2015, é o double de engenheiro e sommelier Cristovão Souza, da Confraria du Triomphe, trazendo as novas tendências dos
vinhos italianos, que acaba de redescobrir a região de Puglia.

    Como sempre fazem, o casal Renata Villan e José Carlos Torres prometem trazer muitas novidades de Nova York, sobretudo as recentes experiências em blends californianos, que finalmente resolveram se arriscar em novas cepas. Estamos aguardando.