Cultura

Oficinas marcam a abertura do II Desfazendo Gênero

Drag King Workshop usa o corpo para desconstruir questões de sexo e gênero
Eder Luis Santana , Salvador | 04/09/2015 às 16:09
Comando Susurro Disidente
Foto: Priscila Detoni

Vinte e cinco oficinas acontecem nesta sexta-feira, 04, no primeiro dia do II Seminário Internacional Desfazendo Gênero, que segue até o dia 07, no campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). As atividades começam às 13 horas. Apesar de atuarem em áreas específicas, as oficinas têm em comum o fato de criticarem e desconstruírem as normatizações ligadas à sexualidade e gênero.

As inscrições foram feitas online, pelo site do evento (www.desfazendogenero.ufba.br), e a procura foi tamanha que muitas estão com a capacidade máxima de público esgotada. Uma oficina ainda com vaga é a "Dildo-Oído: taller de sussurros y afectaciones erótico-sonoras" (em tradução livre: "Consolo-Ouvido: oficina de sussurros e afetações erótico-sonoras").

Promovida pela escritora argentina Laura Milano, a iniciativa colocará o público para construir seus dispositivos sonoros com objetivo de explorar as possibilidades poéticas e políticas do som. Ao final, todxs serão convidadxs a uma ação poética coletiva. “Pretendo penetrar o público com os sons com compartilhamos, como se fosse um consolo sonoro”, afirmou Laura.

Defensora do ativismo sexopolítico e do pós-pornô, uma plataforma política, artística, criativa, que mostra e transforma em desejáveis diversos corpos e práticas sexuais não convencionais, mas sempre um pós desde a margem.

TRANSFEMINISMO – Já Eric Seger, do Centro de Relações de Gênero, Diversidade Sexual e Raça (CRDH-NUPSEX), conduzirá a Oficina transfeminista de defesa e estratégias de enfrentamento à violência de gênero. Realizada há 2 anos em espaços feministas, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, as oficinas recebem o marcador “transfeminista” para demarcar o posicionamento de Eric sobre questões de gênero e identidade corporal.

“Cada participante é convidado/a/ a não só desfazer gênero (o seu), mas também se refazer/reconstruir de outra maneira, se quiser, a partir dessas reflexões sobre gênero e a partir das práticas realizadas na oficina. Por si só, uma oficina não dá conta de modificar o corpo, mas a ideia é que ela sirva de inspiração para convidar a pessoa a exercer esse tipo de autonomia sobre si”, diz.

Uma das primeiras oficinas a ter suas vagas esgotadas foi a Drag King Workshop. A proposta é montar um ateliê que estimula o uso do corpo para desconstruir questões de sexo e gênero, além de mostrar a multiplicidade de possíveis masculinidades sem os homens. “Entendemos a performance das masculinidades sem homens como importantes ferramentas pedagógicas, pois são elementos de sentidos e percepções dos corpos para os estudos queer e estudos de gênero”, assinalou uma das coordenadoras da oficina Patrícia Lessa, professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM-Paraná).

  Patrícia ministrará a oficina em parceria com pesquisadora Thais Faria, que integra o Grupo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade (CUS), além de Cíntia Tâmara (UFBA) e Camille Balestiere (UFJF). Elas se inspiram nas oficinas de Drag King organizadas por Marie Hélène Bourcier, na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e na Universidade Estadual de Maringá (UEM – Paraná). As técnicas de Bourcier dialogam com as ideias de performatividade de gênero e pedagogias visuais e as chamadas experiências artvistas, que, como Lessa explica, tem por objetivo “potencializar as experimentações estéticas interseccionalizando-as com as questões sociais: animalistas, étnico-raciais, de geração, gênero e classe”.