Cultura

CAIXA abre comemorações aos 100 anos da Avenida Sete de Setembro

Veja como participar
ABC Midia , da redação em Salvador | 31/08/2015 às 09:49
Trecho da Avenida no São Bento
Foto: F Gregório de Mattos
   Nesta terça-feira próxima (01/09) a Caixa Cultural abre as comemorações do Centenário da Avenida Sete que transcorre
oficialmente em 07/09/2015 com uma exposição fotográfica composta de 40 painéis temáticos com mais de uma centena de fotografias antigas e atuais, algumas muito raras como a da inauguração da via pública. O quinteto de cordas da Neojiba, Bahia Brass, fará uma apresentação no espaço do evento para os convidados. A amostra estará disponível para visitação do público, com
entrada franca, a partir de 02/09 até 30/09.

   A exposição intitulada “Expo 100 anos da Avenida Sete”, tem a curadoria do jornalista e escritor Nelson Varón Cadena e contém imagens dos acervos de Marisa Vianna, Fundação Gregório de Mattos e Museu Tempostal, com programação visual do designer Mauro Ybarros. A realização do projeto é da ABC + Comunicação e Feijão de Corda Produtora.

  Um pouco de história:
  (Era para ser Avenida 2 de Julho)

  Por mais de três séculos ela foi conhecida como a via pública fora das portas de São Bento, em direção ao Sul, então a Ladeira da igreja era tida como a mais espaçosa da cidade. Os cronistas referiam-se à rua como núcleos habitacionais, bairros mesmo, com
denominações alusivas às igrejas do entorno. Estas denominações prevaleceram, de modo que ainda hoje identificamos parte da Avenida Sete, a partir de trechos característicos: São Bento, São Pedro, Rosário, Mercês, Vitória. Vilhena, o notável professor de Grego, assim descreveu o primeiro, desses trechos, no final do século XVIII: “ruas espaçosas, asseados templos, e algumas
propriedades nobres”. 

  Então já existia um caminho  que fazia a ligação entre os núcleos urbanos referidos e os bairros da Vitória e Barra. E foi esse percurso de 4,6 quilômetros de extensão, entre a base da Ladeira de São Bento e o Farol da Barra que o Governador José Joaquim Seabra, inaugurou em 07/09/1915 com o nome de Avenida Sete de Setembro. Não sem protestos. Por que não Avenida 2 de Julho? Indagavam setores da opinião pública. Perdemos a oportunidade de homenagear a maior data baiana, a Independência da Bahia, em favor da Independência do Brasil.

   Obra polêmica

   Foi uma obra de engenharia, na época sem precedentes. Custou mais de 8 mil contos de reis e para sua execução foi preciso desapropriar mais de 300 imóveis, na sua maioria residências nobres. Obra polêmica. Igrejas foram destruídas, total ou parcialmente, o Senado da Câmara teve uma ala demolida e até a Basílica de São Bento esteve ameaçada; a reação dos baianos obrigou os engenheiros a alterar o projeto para a preservação do templo. A Avenida Sete nasceu como uma rua residencial, mas
logo encontrou a sua vocação comercial, tornando-se já na década de 30 uma extensão da Rua Chile, com lojas de moda, carros, artigos para o lar e escritórios de vários serviços profissionais.

   A importância da rua pode ser avaliada também, a partir de sua representação política. Três imóveis do percurso (hoje prédios do Sebrae, Palácio da Aclamação e Museu de Arte da Bahia) foram sedes do Governo do Estado, residência dos governadores, é verdade
que dois deles antes da revitalização da Avenida. Neste século transcorrido a Avenida Sete foi palco de memoráveis acontecimentos, dentre eles a passagem do Zepelim em 1930; o desfile cênico dos 400 anos da cidade; as visitas de Washington Luís, Príncipe de Gales, Rainha Elizabeth da Inglaterra, Papa João Paulo II...  Sem esquecer dois eventos tradicionais que reúnem multidões: O desfile cívico de 7 de setembro e o Carnaval.

   Com o surgimento dos shoppings centers, a partir de 1975, e na mesma década o deslocamento do núcleo administrativo para o CAB, o comércio da Avenida Sete, no trecho entre São Bento e Mercês, sofreu um forte impacto e entrou em decadência. Reinventou-se com uma proposta de preços populares. Ganhou uma nova dinâmica que lhe assegura a sobrevivência, a pesar da
degradação dos espaços do entorno e a omissão do poder público em relação aos serviços essenciais.