Cultura

POLITICO em busca de voto faz cada coisa fantástica, JOLIVALDO FREITAS

Jolivaldo Freitas é editor do Noticia Capital
Jolivaldo Freitas , Salvador | 13/08/2015 às 10:04
Centenário de promessas
Foto: Lila
   Quando chega perto de época de eleições eu adoro pois tudo se resolve, pois o prefeito pisa na lama, o vereador que quer se reeleger e que nunca abriu as portas do seu gabinete paga uma cachacinha para o leitor que nunca viu mais gordo, e ainda dá um abraço forte, mesmo o indigitado tendo acabado de jogar o maior baba lá no campo do Lasca, como se fosse amigo de infância.

   O deputado come de tudo. Se no dia a dia na Assembleia Legislativa ele vai ao restaurante em busca de papa fina, em época de caça ao voto só não come caça por estar proibida, mas já vi várias excelências comendo ensopado de jacaré, tatu, tartaruga e ensopado de cágado; cotia moqueada e até palma sem os espinhos, é claro, assada, como se fosse boi.

   O prefeito anda de carroça, ajuda na colheita se for tempo bom de plantar e colher, pega na enxada para fazer cova para jogar semente de feijão, se for dia de São José; ajuda a recolher espiga de milho, tange gado, corre atrás de bode e cabra e só quem já correu atrás destes bichos fedorentos, velozes e subidor de morro e encostas – e bode só não sobe em árvore porque ninguém ensinou – sabe o que é difícil, arranhante, lascante e cansativo.

  O prefeito não tem o menor pudor em carregar a criança remelenta, nem deixar a preguiça de lado e ajudar a tirar o leite da vaca e nesta seara à esta altura já mandou limpar o matadouro e espantar os urubus.

   Cata o lixo no lixão que já deveria estar extinto, monta na velha Rural e vai visitar seu Hildásio de dona Cecinha lá no grotão, pois em época de eleição dá uma saudade danada do “amigo” que sempre o ajudou na busca de voto e
entranha-se prefeito e entourage levando um pouco de feijão, uma latinha de leite Moça, uma saca de farinha e umas telhas, pois embora seja proibido pelo Tribunal Regional Eleitoral com base na lei, quem vai fiscalizar se na Bahia,
por exemplo, é uma juiz para não sei quantas comarcas ou sabe-se lá?.

   O senador desce do seu sapato italiano, sua camisa feito sob medida no melhor alfaiate da capital, esquece o ar-condicionado que o protege do ar seco de Brasília e retirando seu paletó de corte inglês cai na estrada e toma café coado em  pano de prato e servido em xícara faltando a asa e pega pedaço de bolo em pires de louça com quebras nas bordas, como se fossem adornos da Companhia das Índias.

   E para o prefeito da capital resta atender aos chatos – que são muitos. Aos pedidos – que são milhares. Fazer a magia de realizar antigas aspirações e atenuar os problemas deixados pelos antecessores, de outros e do seu partido e aqueles próprios surgidos em sua administração. Ontem mesmo o prefeito saiu do seu gabinete, onde atende autoridades, celebridades, subcelebridades, religiosos, intelectuais, repórteres prós e contra e líderes de todas as ramagens, essencialmente para cuidar do xixi do motorista de ônibus.

   Inaugurou obra no fim de linha do Marback e anunciou outros do projeto que tem um nome sutil e até meio infantil, como se fosse anúncio da Johnson & Johnson:  módulo-conforto. Vai servir para o rodoviário tirar a água do joelho, descansar, fazer seu lanchinho e alguns tomar coisas do Cão, pois não é impossível que se tome, pelo que se vê
de pega pra capá no asfalto.

   O senhor sabe que quando um motorista passa a 80 km por hora na Garibaldi, 100 na Calçada, 120- na Paralela e desce a Ladeira da Barra a 110 é por estar “apertado”. Agora basta parar o ônibus, descer e usar o “módulo-conforto”.
Ele fica livre de uma infecção urinária e nós viveremos mais, com menos abalroamento, queda de asa e chega-pra-lá no trânsito. Ano que vem tem mais, como diria um folclórico ex-prefeito de Santo Antônio de Jesus que embora não bebesse, tomava de todas as marcas nas eleições. E ficava de repente rico, bonito e gastoso.  Estava errado?