Cultura

DESCOBERTA urna funerária do povo Aratu em Canabrava, ESPLANADA

Urna funerária de povos indígenas extintos “Aratu” está sob a guarda do Iphan-Ba
Rosilane Barbosa , da redação em Salvador | 27/07/2015 às 09:39
Urna funerária do povo indigena Aratu
Foto: Iphan
   Uma urna funerária associada à tradição cultural de povos indígenas extintos
“Aratu” está sob a guarda da Superintendência do Instituto do Patrimônio
Histórico Artístico Nacional na Bahia (Iphan-Ba), desde junho deste ano. Com aproximadamente
1,20m de altura, o vasilhame de cerâmica com opérculo (tampa) foi encontrado e transportado
de uma fazenda no povoado de Canabrava, município de Esplanada, Nordeste da
Bahia. 

Considerado como um “achado fortuito”, o bem arquiológico foi comunicado pela Secretaria de
Cultura e Turismo de Esplanada ao Iphan-Ba, que encaminhou os arqueólogos
Jeanne Dias e Luiz Viva, para o reconhecimento da área e registrá-la como sítio
arqueológico. Tal procedimento permitirá a futuros arqueólogos investigarem a
área de forma mais aprofundada.

“Apesar de achados fortuitos serem recorrentes, essa é a última urna íntegra recolhida
pelo Iphan-Ba nos últimos dez anos”, ressaltou o arqueólogo Luiz Viva. Estima-se
que este tipo de vasilhame fosse utilizado no acondicionamento de víveres em
momento anterior a morte dos indivíduos pertencentes aos grupos Aratu, e que na
ocorrência de óbitos, fossem reutilizados como urnas funerárias para a
realização de enterramentos indiretos (o corpo do indivíduo é colocado em algum
recipiente antes de ser enterrado), sendo os indivíduos ali colocados em
decúbito dorsal (a forma em que o feto se acomoda na barriga materna).

Segundo a antropóloga e mestra em arqueologia da Superintendência do Iphan na Bahia,
Jeanne Dias, não é possível ainda cravar a idade da urna, mas a cerâmica usada
nela, se assemelha ao tipo de urna encontrada pelo arqueólogo Valentin Calderón
nas imediações da Baía de Aratu, por isso o nome “tradição Aratu”. Ela destaca
que a tradição Aratu está atrelada a presença de populações que habitaram o
território brasileiro entre 1000 e 1500 A.P e tem como características a forma
piriforme (formato de pera invertida), ausência de elementos decorativos e a
composição da cerâmica muito delicada.