Cultura

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha debate

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SPM , Salvador | 25/07/2015 às 10:03
Debate no auditório do IAT
Foto: Elói Corrêa
 Aconteceu na última sexta-feira (24), no auditório do Instituto Anísio Teixeira – IAT, a mesa redonda "Mulher Negra: Redução das Desigualdades e Desenvolvimento Econômico na América Latina e no Caribe", promovida pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA), em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). O evento mobilizou mulheres de várias cidades, do interior da Bahia, especialmente Barreiras, Irecê, Itabuna, Juazeiro e Seabra.  

Para compor a mesa junto à Secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia, Olívia Santana, estiveram presentes a Secretária da Sepromi, Vera Lúcia Barbosa, a Cônsul Geral de Cuba na Bahia, Laura Pujol, a Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo e Diretora da Organização Geledés, Sueli Carneiro, a representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPIR), Larissa Borges, e a Oficial de Projeto em Gênero e Raça do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Ana Cláudia Pereira.

A Secretária Olívia Santana destacou a importância do Dia 25 de julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que é uma data pensada pela militância de mulheres negras, e foi criada em 1992, no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, na República Dominicana, mas que, segundo ela, precisa ser cada vez mais reconhecida e fortalecida, sobretudo, por mulheres das Américas e do Caribe, que vivenciaram as relações de escravidão e conhecem o peso deste passado. 

A partir desta contextualização, a Secretária Olívia afirmou o compromisso da SPM-BA de realizar uma conexão global para tratar da igualdade de gêneros, e lembrou que não basta apenas proclamar que o Brasil é um país multirracial, pois existe uma necessidade de pensar as desigualdades produzidas pelo racismo, misoginia e sexismo.

Vera Lúcia Barbosa, Secretária da Sepromi, também demonstrou sua satisfação com o evento e a mobilização do Julho das Pretas. Além disto, aproveitou para elencar algumas das conquistas da promoção da igualdade racial no Estado da Bahia, como a aprovação e regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial, a abertura do Centro de Referência Nelson Mandela e a Construção da Política Estadual de Fomento ao Empreendedorismo de Negros, Negras e Mulheres.

A Oficial de Projeto em Gênero e Raça do UNFPA, Ana Cláudia, evidenciou em sua apresentação a diretriz do trabalho que é desenvolvido: “A ideia é que o desenvolvimento só pode ser alcançado se não há grupos de indivíduos deixados para trás”. Ela também explanou sobre a Década Afrodescendente, lembrando que deixar as mulheres negras à margem das políticas de desenvolvimento econômico é um impedimento para a democracia. 

Já a Doutora Sueli Carneiro, fez um panorama extenso para contextualizar a celebração da data 25 de julho, tratando do duplo preconceito (racial e sexista) sofrido por mulheres negras. Ela propôs focos emergenciais para alcançar o empoderamento, e sugeriu algumas formas de alavancar este processo, como: a realização de ações afirmativas em empresas, investimentos na educação profissional e desenvolvimento de políticas públicas de reversão de estigmas e estereótipos que impedem a mobilidade social e econômica das mulheres negras.

Larissa Borges, representante da SEPIR, fez uma reflexão sobre a busca por desenvolvimento, lembrando que a escolha pode ser responsável pela geração das desigualdades. “Não avançaremos em um modelo de desenvolvimento sem as mulheres negras. Isso inviabilizaria a América-Latina”, explicou. Para concluir a sua apresentação, ela frisou que mais importante do que enfrentar o racismo, é superá-lo. 

A Mesa Redonda contou ainda com a apresentação da Cônsul Geral de Cuba na Bahia, Laura Pujol, que abordou o contexto do seu país, explicando como historicamente foram reduzidas as desigualdades sociais macro e a importância de trabalhar a mentalidade social para combater os resquícios do passado, bem como, de continuar enfrentando os desafios sociais, já que um país não vive em um contexto estático. Ela reconheceu o desafio de enfrentar o racismo, entendendo que cada país encontrará a sua forma de realização de políticas públicas.

Após as apresentações, mulheres de Salvador e do interior da Bahia puderam participar de um espaço aberto para perguntas e comentários, enriquecendo a discussão que teve como objetivo principal conectar a Bahia com o debate global sobre gênero e raça na região da América-Latina e Caribe. 

Todas as propostas que foram apresentadas durante o encontro serão incorporadas ao documento da Bahia para a 4ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres.