Cultura

LIBEROU GERAL: ovo não faz mal e gordos babam de alegria, OTTO FREITAS

A liberação é definitiva, com base em novas pesquisas científicas.
* Otto Freitas escreve toda quinzena a coluna 'Vida de Gordo'
Otto Freitas , Salvador | 01/06/2015 às 08:54
De vilão a herói
Foto: DIV
   Jeffinho já sabia há muito tempo: definitivamente, o ovo é inocente. Tanto que, desde sempre, jamais deixou de comer uns dois ou três por dia, de modos variados, principalmente no seu predileto: fritos, mal passados, gema inteira escorrendo, tudo boiando na manteiga e com sal na medida, pão francês bem crocante para acompanhar. 

   Esculhambado, humilhado e destratado, finalmente o ovo está livre da injusta acusação de fazer mal à saúde, entupir veias com seu colesterol e até mesmo provocar infartos letais. “O mais eclético dos alimentos de origem animal, abundante em colesterol, a mais conhecida e condenada das gorduras, acaba de ser definitivamente liberado pela ciência da nutrição”, anuncia a revista (Veja, edição 2427, nº 21). 

   A reportagem se baseia em decisão do todo poderoso Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e pesquisas de entidades científicas respeitáveis. Segundo novos dados, o colesterol que chega ao organismo através da comida não faz mal (o mal vem do fígado, que produz 80% do colesterol que circula no sangue). Ovo faz tão bem que ainda aumenta os níveis do colesterol bom. 

   Além do ovo, estão anistiados outros alimentos ricos em gordura, como aquele coraçãozinho de frango, cuja presença é obrigatória em qualquer churrasquinho; lula, bacalhau e camarão; até a pele da galinha, tão execrada nos últimos tempos, está perdoada. 

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  Ovo é proteína barata que ajuda a reduzir a fome no mundo. Nas periferias desse país, muita gente garante a única refeição do dia comendo ovo com pão, com arroz ou com farinha? Além do mais, ele é versátil, pode ser preparado de 1001 formas, dependendo das sobras na geladeira ou no armário da cozinha. 

   Pode ser frito, estalado, estrelado, mexido, cozido, recheado, assado, ou em modalidades mais chiques, como pochê ou beneditino. Tem ainda os prosaicos ovos cozidos coloridos que enfeitam vitrines até virar tira-gosto de pobre que mata a fome, na companhia de uma cerveja bem gelada, sorvida lentamente ao pé do balcão dos botequins.
Ovo é gostoso de qualquer jeito - no café da manhã, como prato principal do almoço ou no jantar, ou como guarnição de ambos. Pode ser nas inúmeras formas de omeletes, saladas e farofa com banana; fritadas e moquecas baianas de carne e de testículos de boi, por exemplo; além de escaldados variados, sobretudo de bacalhau e outros peixes de fundo. 

  Mas cada lugar do mundo tem seu jeito próprio de preparar os amarelinhos. Afinal, o que seria das massas italianas e dos delicados doces portugueses se não fossem os ovos?

   Aliás, ovo é tão bom que até podre tem função nobre: é munição poderosa contra os malditos mentirosos, corruptos, ladrões, traidores e propineiros safados que tiram dos pobres para se locupletar. Ovo podre neles!