Cultura

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: Lavrador leva 127 rosas para princesa Isabel

Lavrador viaja 250 km com 127 rosas e agradece liberdade à princesa Isabel Cada uma das flores representa um ano de abolição da escravatura. Seu João viajou de Desterro do Melo (MG) a Petrópolis (RJ).
G1 , Petrópolis | 13/05/2015 às 18:06
Seu João presta homenagem a Santa Isabel
Foto: Bruno Rodriges
Com uma malinha na mão e um farto buquê de rosas coloridas em outra, o lavrador João Paulino Barbosa chegou, na manhã desta quarta-feira (13), à Catedral São Pedro de Alcântara, no Centro de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, onde está localizado o túmulo da princesa Isabel.

Desde 2012, ele viaja cerca de 250 quilômetros de sua cidadezinha natal, Desterro do Melo, em Minas Gerais, para a Serra com o mesmo objetivo. Tímido e emocionado, o negro e neto de escravos prestou sua homenagem à mulher que em 13 de maio de 1888 decretou a liberdade de seu avô, vendido na África para trabalhar no Brasil, através da Lei Áurea.

Aos 71 anos, seu João carrega 127 rosas, cada uma representando um ano de liberdade, para depositar no mausoléu. Padre Jac, pároco da Catedral, lembrou durante a missa celebrada às 8h desta quarta-feira que "ele chegou aqui em um domingo falando sobre a homenagem que queria prestar. Então, nós sempre aguardamos ele nessa data. Para a Catedral é muito importante, pois se temos hoje este local é graças à Princesa Isabel", pontuou Padre Jac.

Além das flores, ele leva um cartaz com uma poesia que compôs para a princesa e, compositor, entoa a música que escreveu para Isabel. “A princesa Isabel liberou a escravidão, salve salve a raça negra e o Brasil de coração. Liberdade, liberdade, liberdade! Foi assim a lei da abolição, salva a pátria brasileira e nossa geração”, canta.

Na época em que compôs a música, oito anos atrás, seu João ainda não conhecia o município serrano. Apenas cinco anos depois, em uma visita ao Museu Imperial, onde viu de perto a pena de ouro usada pela princesa para a assinatura da lei, é que ficou sabendo, quase que por acaso, que a poucos metros de onde estava se encontravam os restos mortais de Isabel.

“Estava visitando o museu e falei que tinha composto a música para a princesa. Duas jovenzinhas que ali se encontravam me perguntaram se eu já tinha ido visitar o túmulo dela. Eu não sabia que ficava em Petrópolis. Foi uma grata surpresa e, desde então, naquele mesmo ano, passei a levar as rosas no dia 13 de maio. Farei isso enquanto vida tiver. Fico muito feliz que Deus me dê forças para continuar prestando essa singela homenagem”, contou.