Cultura

AS CHOLAS, uma atração especial na Bolivia com seus chales e chapéus

As cholas estão por toda a parte e trabalham bastante na sociedade considerada machista da Bolivia
Tasso Franco , da redação em Salvador | 05/04/2015 às 12:38
As cholas são vistas em todas as ruas e praças de La Paz
Foto: BJÁ
    Uma das expressões mais fortes da cultura boliviana, uma espécie de resistência da mulher campesina (e hoje também urbana) que não se deixa influenciar pelo modismo europeu e de outros países, são as cholas - mulheres que se vestem com roupas típicas e que emolduram a paisagem dos campos e de todas as cidades bolivianas. 

   Em La Paz são chamadas de cholas paceñas - de paz - e têm caracteristicas de outras clolas de Sucre, de Cochabamba, de Oruruo, apenas nos detalhes. As cholas paceñeras usam o sombrero (chapéu redondo e pequeno) nas cores preta, cinza e marrom - e outros pontos do país são coloridos. Hoje, em La Paz, algumas delas usam sombreros feitos de lã. 

   Esses pequenos chapéus - em forma de cartola, arredondados - se equilibram nas cabeças das mulheres de forma impressionante. Parece que são presos com grampos. Mas, nada disso. Ficam equilibrados nas cabeças das mulheres sem qualquer apoio e elas se movimentam, trabalham, sem que os pequenos sombreros caiam no solo.

   Essa tradição - do campo à cidade - data do século XVI e alguns historiadores apontam que, a partir do século XVII, as mulheres das camadas mais ricas da sociedade passaram a se vestir como as cholas com jaquetillas e poleras de tecidos nobres, botas e adereços de joias carissimas. 

   Aponta o historiador Paredia Cândia em seu livro "A Chola Boliviana" que o termo chola deriva de chulo, um varón que vestia saia larga e distraia os bois nas touradas. Ha controvérsias. Diz-se que essa é uma herança cultural campesina de um modo particular de vestir-se, de enfeitar-se.

   O certo é que hoje, com mais de 400 anos de tradição desde a cultura pós-hispânica, as cholas são vistas por todos os lugares da Bolivia. E, La Paz, que é a maior cidade, cosmopolita, sede do governo da República, influenciada pelo modismo europeus com seus shoppings e centros comerciais apontando nesta direção, as cholas não estão nem aí e circulam por toda a cidade.

   Pelo que podemos observar nas ruas elas estão mais enraizadas nas pessoas de baixa renda, na classe média baixa e média-média, mas, também existem as cholas que assim se vestem na classe média alta e frequentam os ambientes chiques da cidade.

   Algumas politicas também usam os trajes de cholas, mesmo atuando no Parlamento, e a candidata derrotada a governadora de La Paz, Felipa Huanca, se apresentou na campanha com o traje de chola. Mas, apontada em desvios de recursos do fundo indigena, perdeu a eleição para Félix Patzi.

   A vestimenta da chola é composta pela manta - cada qual mais bordada e linda do que a outra; a chaquetilla - peça que cobre o busto e também é rica em detalhes, em tecidos, em bordados; a pollera - uma manta um pouco mais larga e grossa; as enáguas - saias que se usam de 5 a 7 delas umas sobre as outras, o que confere um ar de pompa e largura aos quadris das cholas; as botas - no dia a dia usam muito sandálias; as joyas - expostas sobre a manta na altura do busto, brincos (muitas delas usam dentes com incrustações em ouro e prata) e a ramada - um prolongamento das tranças.

   Toda chola usa tranças num estilo bem peculiar - duas tranças paralelas - favorecidas pelos pelos (cabelos) negros. Não há chola de cabelos louros. Esqueça.

   Num comparativo com Salvador, as cholas se assemelham as baianas típicas, com a direfença de que as cholas vestem esse traje no dia a dia; enquanto as baianas - salvo aquelas que vendem acarajé - só usam trajes típicos nas festas populares. 

   Em La Paz os tipos populares são parte da paisagem e quem faz o turismo com essa visão pode aprecia-los nas rus, além das cholas, os engraxates que usam máscaras para se protegerem do frio e também mostrarem que estariam excluidos da sociedade formal; os motoristas dos Micros com seus veiculos enfeitados; os tocadores de quenas (flautas); os homens do povo com suas toucas de lã com cobertura nas orelhas; os tocadores de charangos - um instrumento que se parece com um bandolim com 12 cordas; as vendedoras de dulces e saltenas;  e as mulheres da classe média baixa muito vaidosas e que se enfeitam nos centros comerciais dedicados só a beleza; e outros tipos.