Cultura

OS MISTÉRIOS das cartas de vinhos. Como escolher! p/ MAURÍCIO FERREIRA

Mauricio Ferreira dá dicas como escolher o vinho quando a casa não tem sommelier
Maurício Ferreira , Salvador | 10/03/2015 às 22:02
Como escolher o vinho adequado a comida? Essa é a questão
Foto: DIV
Dentre os inúmeros mistérios e curiosidades que cercam o mundo do vinho, um dos que mais intrigam os frequentadores dos bons restaurantes e enotecas são os que envolvem as indefectíveis “cartas de vinho”.  Como saber escolher a melhor opção, dentre a enorme variedade de rótulos colocados à sua disposição. Nacionais ou importados; novo ou velho mundo; brancos, tintos ou rosês; tranquilos ou espumantes; secos ou suaves; leves ou estruturados etc. São tantas as características e lassificações, que é praticamente impossível para um degustador leigo ou menos experiente fazer uma escolha consciente.

Nesse caso, a melhor opção, sem dúvida, é recorrer ao sommelier, que é o profissional responsável por conhecer todos os vinhos que integram a carta de um restaurante. Não apenas isso, ele também é responsável pela guarda, administração da adega e, muitas vezes, pela escolha dos rótulos e elaboração da própria carta.  Não raramente, o sommelier conhece  todos os pratos que são servidos na casa, estando apto a indicar o vinho que melhor combina com a refeição escolhida, a partir do gosto e da disponibilidade do cliente para investir na bebida desejada.

Mas, se o restaurante não possuir um sommelier disponível? E se quisermos escolher nosso próprio vinho durante um encontro, uma reunião de negócios ou um almoço com a família? Para situações como estas temos algumas dicas que podem ajudar: Para alimentos com pouca gordura ou alguma acidez, prefira os vinhos mais jovens e frutados; para alimentos mais gordurosos e com sabores mais complexos em decorrência da utilização de molhos e especiarias, prefira os vinhos mais estruturados, de preferência estagiados em barris de madeira por alguns meses – essas informações geralmente podem ser encontradas no contra-rótulo ou na própria carta de vinho.  

Essa regra vale tanto para os brancos, quanto para os tintos, com uma pequena diferença, os primeiros combinam melhor com alimentos delicados, mais salgados ou que possuam traços de iodo em sua composição, como por exemplo peixes ou frutos do mar. Já os tintos se adaptam melhor às carnes vermelhas, aves e caças, lembrando-se sempre, que alimentos mais magros e de sabores mais singelos pedem vinhos mais leves e menos estruturados.

Outra boa dica, se refere aos espumantes, sejam eles champagnes proseccos, astis ou qualquer outro,
fabricados pelo método clássico ou charmat. São verdadeiros coringas! Combinam bem, tanto com pratos leves como uma salada, quanto com uma suculenta feijoada.

Vinhos mais doces, como um francês Sauterne ou um “colheita tardia” devem ser pedidos preferencialmente na hora da sobremesa, a menos que você esteja degustando um foie gras, cuja textura gordurosa e adocicada, combina com o dulçor do vinho.

Quanto ao país de origem, uma dica que nem sempre corresponde à realidade: os vinhos do novo mundo, via de regra, são mais simples e fáceis de beber, os do velho mundo são mais complexos, conservadores e agradam aos paladares mais experimentados, mas isso tem mudado muito, com o novo
mundo produzindo vinhos cada vez mais elegantes e complexos e os antigos produtores europeus produzindo, cada vez mais, vinhos que agradam ao paladar americano.


Um exemplo disso, é o elegante vinho que degustaremos agora. Preparem as taças!

ALMAVIVA EPU 2012 – A ALMA DO BORDEAUX ANDINO

Acabou de chegar no Brasil a safra de 2012 do icônico EPU, produzido pela não menos famosa vinícola chilena VIÑA ALMAVIVA, na qual é comercializado como o segundo vinho (o primeiro é o próprio Almaviva), sendo destinado quase que integralmente ao mercado norte-americano. A exemplo do Le Fort
de Latour, segundo vinho do consagrado Chateau Latour e considerado o melhor “segundo vinho francês” pelos principais críticos mundiais, o EPU também não faz feio e coleciona uma legião de fãs, que preferem suas características mais europeias e
menos regionais. 

A safra de 2012 está simplesmente magnífica! A ausência de chuvas na região de Puente Alto, Valle del Maipo, localizado na Cordilheira dos Andes, onde suas videiras estão plantadas, resultou em um vinho potente e bem estruturado. De cor vermelho intenso com reflexos enegrecidos,  esse blend de Cabernet Sauvignon (65%), Carménère (24%), Cabernet Franc (8%), Petit Verdot (2%) e Merlot (1%), é
elegante e complexo. Aprimorado por 19 meses em barricas de carvalho francês, é rico em notas de frutas negras maduras, sobretudo amora e cassis em uma intensidade impressionante. No palato ainda despontam alcaçuz, especiarias finas, couro, chocolate amargo e ligeira tosta de carvalho, de forma harmônica e bem equilibrada. Taninos fortes e concentrados e um longo final de boca, finalizam
este excelente exemplar, que, certamente, ficará na memória de quem o degusta.

O EPU 2012 pode ser encontrado na www.wine.com.br, que já há alguns anos importa com exclusividade para o Brasil.