Cultura

MUSEU DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA recebe turistas e mostra a Bahia

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Zeca Montal , Salvador | 16/01/2015 às 11:15
São 3.874 peças que narram a história de Salvador e da Bahia
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De especial interesse para a apreciação da história da Bahia e do Brasil, o Museu da Misericórdia abriga exposição permanente reunindo tesouros artísticos que remontam aos séculos XVII até os dias atuais. Situado na antiga sede da Santa Casa de Misericórdia da Bahia - uma imponente construção do século XVII entre as praças da Sé e Municipal - o museu vem registrando desde o final do ano passado um crescimento expressivo no número de visitantes. Somente nos primeiros dias deste ano, mais de 1.500 visitantes já estiveram no museu, um dos mais visitados da Bahia.  

Aberto todos os dias da semana, o museu conta com expressivo acervo reunindo 3.874 peças, entre as quais  pinturas, azulejaria, prataria, mobiliário e imagens sacras. Entre as preciosidades, destaque para a Sala do Definitório (Salão Nobre), com um forro de 15 painéis em óleo sobre madeira e uma mesa de reunião que acomoda 32 pessoas confortavelmente, e a exposição das telas que retratam a Paixão de Cristo, pintadas em 1786 por José Joaquim da Rocha, fundador da escola baiana de pintura, sob encomenda para a Santa Casa. 

As obras de José Joaquim da Rocha formam sete painéis que eram carregadas em estandartes na procissão dos Fogaréus, que acontecia até 1872. Tanta tradição, arte e legados não passaram despercebidas aos olhos de Rafaela Justi, estudante de Direito de Belo Horizonte. Ela integrava um grupo de trinta visitantes e após visitar o museu destacou: "A história da Santa Casa de Misericórdia se confunde muito com a da sociedade baiana e brasileira". Fiquei encantada com esse Museu, em especial com as obras de José Joaquim da Rocha, verdadeiro tesouro cultural", disse.

Cultura - O professor de Matemática, José Santos, acompanhado do filho, do sobrinho e da esposa também fez questão de ressaltar a importância da visita ao Museu da Misericórdia. "Sempre que voltava à Bahia eu fazia o roteiro das praias, shows e cerveja gelada. Desta vez, optei por um tour cultural. Conhecer espaços agradáveis e ricos culturalmente como esse museu é alargar os horizontes e entender um pouco mais da cultura de um lugar e de um povo", disse Santos, que é baiano, mas mora no Rio de Janeiro há nove anos.

Opinião semelhante foi expressa pelo norte-americano Mark Goebel, que destacou a beleza do exposição dos quadros de José Joaquim da Rocha e da azulejaria da Igreja da Misericórdia, que funciona em espaço anexo ao Museu. Raros e de grande valor artístico e histórico, os azulejos foram feitos em Lisboa por Antonio de Abreu e remontam ao século XVIII.

Entre as cenas religiosas retratadas nos azulejos está o que é considerado o único registro iconográfico existente na Bahia da Procissão dos Fogaréus, importante cerimônia religiosa nos séculos 18 e 19, que se realizava na quinta-feira da Semana Santa.

 Ações educativas - “Museu não é lugar de coisa velha, como muita gente costuma dizer. Existe um campo extraordinário de possibilidades didáticas. Fiquei muito contente em saber que muitos jovens estudantes visitam este espaço", afirma Goebel. 

Dentro de um conceito sociocultural, conforme explica a coordenadora do museu, Jane Palma, o Museu da Misericórdia vem desenvolvendo ações educativas e um trabalho de desenvolvimento de pesquisa e recepção com alunos de faculdades e escolas em geral.