Cultura

Gordo sempre pena para trocar presentes de Natal - por OTTO FREITAS

Gordo sofre até na época do Natal, mas, deseja um Feliz Natal para os brasis
Otto Freitas , Salvador | 22/12/2014 às 18:08
Nem roupa de Papai Noel fica bem em gordo
Foto: OG
Se você é um executivo de meia idade e trabalha de terno e gravata, fique certo: todo mundo só vai lhe dar gravata de presente, seja de aniversário ou no Natal; se você já está mais velhinho, então meu amigo, está condenado a ganhar meias e cuecas ad infinitum. Você odeia, mas todo mundo ignora suas vontades. 

Agora, se você é gordo, aí sua situação é muito pior. Gravatas e meias podem ser usadas, colecionadas ou passadas adiante. Mas no caso de cuecas, bermuda, camisa, short de praia, pijama e outras peças de vestuário, aí, caro cidadão, vai ser uma consumição e logo depois do Natal você terá que fazer sua via crucis, de loja em loja, para trocar os presentes. 
 
É inacreditável como certas pessoas, entra ano e sai ano, sempre recorrem às gravatas, meias e cuecas. É uma falta de criatividade sem tamanho, pois com pouco dinheiro também se compram presentes interessantes. 

No caso dos gordos, todo mundo sabe que é melhor fugir das roupas, pois, mesmo que se compre em lojas especializadas, ainda assim é difícil adivinhar o tamanho da barriga ou da bunda. 

Gordo é uma ilusão de ótica: você pensa que ele emagreceu, mas na verdade ficou ainda mais obeso. Avaliar o tamanho e forma do seu corpo depende de uma boa fita métrica ou do jeito e do ângulo com que se olha para ele. 

Mas não adianta: por comodismo, descaso ou desamor, no Natal há sempre um incauto que dá ao gordinho aquela camisa da moda, curta e apertada, coisa para gente magra e malhada. No gordo, é garantia de muita barriga de fora e ele que se vire para fazer a troca em uma loja que só tem até tamanho G, mesmo assim um G que na verdade é M (quem está acima do peso geralmente usa de GG a XXXGG).

No caso das bermudas, a situação é ainda pior porque, além da barriga tem a bunda – uma puxa tecido para frente e a outra para trás, ao mesmo tempo; o gordinho nem consegue andar direito, isso se conseguir fechar o botão da cintura. E se o balofo tiver perna curta, aí a situação é ainda mais ridícula, porque a bermuda seguramente vai ficar no meio das canelas. 

No caso de sandálias, tênis e sapatos, a pessoa que compra o presente não se lembra de que, por causa do pé de bolo, todo gordo só usa esses calçados com um número a mais. Sempre fica sobrando no calcanhar e/ou nos dedos; o gorducho fica parecendo palhaço de circo com aqueles sapatos enormes com o bicão.

  Então, minha gente, a não ser que o gordo vá junto, para experimentar a roupa ou os sapatos, tênis e sandálias – operação demorada, que requer muita paciência -, é melhor escolher alternativas de presentes menos inconvenientes. 

Não foi à toa que Jeffinho, na sua carta ao Papai Noel, foi logo avisando que preferia ganhar comida e bebida para a ceia de Natal, em vez de presentes convencionais e dificultosos como esses.