Cultura

5ª Amalá da Pedra de Xangô será realizado neste domingo em Cajazeiras

vide
Sepromi , Salvador | 11/12/2014 às 17:09
Pedra de Xangô em Cajazeiras
Foto: DIV
Um amalá de cinco mil quiabos será distribuído, durante ato religioso de povos de terreiros neste domingo (14), na Pedra de Xangô, em Cajazeiras X, para demonstrar a importância do monumento enquanto símbolo sagrado dos adeptos de religiões de matriz africana. O cortejo sairá da Pronaica, no mesmo bairro, às 9h, em direção ao local, onde foram depositados cerca de 200 quilos de sal grosso no mês de novembro.   

“Vamos realizar esta ação pelo quinto ano consecutivo, mas com mais vigor, principalmente por causa do crime de intolerância que aconteceu aqui. Temos a necessidade de reenergizar esse altar. Já foi feito banho de ervas e agora haverá uma oferenda com o alimento que Xangô mais gosta”, afirmou a responsável pela organização do evento, Mãe Branca, do Ilê Axé Obá Babá Xére. 

Após denúncia desta atitude desrespeitosa à fé dos membros de religiões de matriz africana, protocolada no Centro Nelson Mandela, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi) articulou uma série de reuniões entre representantes dos poderes públicos municipal e estadual com povos de terreiros, para planejar ações de proteção ao espaço. 

 A ‘força-tarefa’ deste grupo já resultou em um encontro entre pastores e adeptos do candomblé, na última quarta-feira (10), e numa aula sobre o monumento para estudantes da rede pública de ensino da região. Entras as medidas acertadas, destacam-se ainda o tombamento e registro especial da Pedra, pela Fundação Gregório de Matos (FGM)
e Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC), respectivamente.

Também foram sugeridos, nessas reuniões, limpeza, rondas policiais, iluminação e criação de um parque de proteção ambiental e de um fórum de acompanhamento das ações, que incluirá sociedade civil e governos estadual e municipal, não só para Pedra de Xangô, mas com a perspectiva de atuação em outros casos relacionados.

Entenda o caso - A Pedra de Xangô tem sido alvo constante de atos de intolerância religiosa, como despejo de sal,
pichação e quebra de objetos deixados no local, que é utilizado há séculos para oferendas e colheita de ervas utilizadas em liturgias. Historicamente, o espaço funcionava como esconderijo e rota de fuga para negros escravizados.