Cultura

JEFFINHO faz pedidos de Natal em carta para Papai Noel, p OTTO FREITAS

Otto Freitas é jornalista e escreve sobre Vida de Gordo. Se v quiser mandar um peruzinho para ele é só enviar via otto.freitas@terra.com.br
Otto Freitas , Salvador | 09/12/2014 às 10:25
Gordo gosta é de comida no Natal, mesa farta e bom vinho
Foto: DIV
Querido Papai Noel,

Já armei a árvore de Natal e montei o presépio de barro, com peças do artesanato do Recôncavo. A casa está toda enfeitada e iluminada. Agora lhe escrevo a carta de todo ano - como sempre, desde que eu era menino, de próprio punho, em papel e caneta descartável. 

É como deve ser qualquer carta que é carta. Até porque esse negócio de e-mail, msn, redes sociais e outros recursos tecnológicos não são meios que se use para falar com o Papai Noel, cuja tradição merece respeito e reverência. 

O senhor é um ser superior, que habita a terra da fantasia, com seus duendes e seu trenó puxado por renas que voam entre as estrelas. Aliás, muito antes da internet, já usava as nuvens como o seu super HD, capaz de armazenar os endereços de todas as crianças do mundo.

Por meio dessas linhas, meu bom velhinho, quero lhe pedir que não se esqueça do pessoal lá do norte e nordeste e das periferias das grandes cidades do Brasil. A maioria continua roendo uma beira de sino que é de dar dó. 

Se bem que nos últimos tempos eles têm recebido uma bolsa do governo, mas não sei se sobra algum caraminguá para comprar umas lembrancinhas, pelos menos para as crianças. Enfim, se a tal bolsa teve força para eleger presidente da República, talvez seja capaz também de ajudar o senhor na sua tarefa. 

Esses últimos tempos têm sido duríssimos, caro Noel, deixando gente honesta e de bem cada vez mais pobre, deprimida e desencantada. Todo dia vem uma enxurrada de indecência e safadeza, uma ladroagem jamais vista neste país – ou, então, antigamente a gente não ficava sabendo, o que é mais certo. 

Veja se o senhor pode dar um jeito nisso, meu velho, que a coisa aqui está periclitante. Mas sou otimista, nem tudo está perdido. Enquanto a gente acreditar em Papai Noel e o senhor existir, o Brasil tem jeito. Mais cedo ou mais tarde, nosso povo vai acordar, vai estudar com o mesmo afinco com que trabalha, e assim poderá escolher melhor os seus caminhos. 

Não deixe de trazer esperança para todos no seu saco de presentes – afinal, como a gente sabe, seja rico ou seja pobre o senhor não se esquece de ninguém! Além do mais, aqui para nós, devemos concordar que todo mundo gosta de ganhar presente no Natal, mesmo com inflação e dinheiro curtíssimo.
 
De minha parte, quero lhe dizer, de gordo para gordo, que prefiro a ceia, em vez de presente, se for preciso escolher. Pode ser aquele pernil de porco suculento, um belo risoto de peru e farofa de miúdos, um vinho tinto bem encorpado, fatia de parida (também conhecida como rabanada) e panetone de chocolate. Ah! O queijo Palmyra, bem molhadinho, não pode faltar!

Sei que em tempos de crise isso é um banquete. Mesmo assim, me ajude aí, Papai Noel! 
Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos. 

Jeffinho