Cultura

Estado entrega restaurações e lança plano do livro na Escola Parque

Estado entrega restaurações, lança plano do livro e publicação sobre Escola Parque, nesta quinta, dia 9
SEC , Salvador | 07/10/2014 às 19:05
Painel de Carybé
Foto: Stúdio Argolo
O Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura (SecultBA) e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), entrega nesta quinta-feira (09), às 10h, no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, a restauração final de sete obras de artistas plásticos modernistas produzidas nas décadas de 50 e 60. Na solenidade, será lançado o livro 'Cadernos do IPAC 8 - Conjunto Escola Parque' que aborda o projeto arquitetônico-urbanístico criado pelo expoente da arquitetura moderna Diógenes Rebouças (1914-1994).
 
Os investimentos das restaurações e produção do livro totalizam R$ 896 mil com recursos do Tesouro estadual. No mesmo local e horário será lançado o Plano Estadual do Livro e Leitura, uma parceria entre a SecultBA, via Fundação Pedro Calmon (FPC), e a Secretaria da Educação (SEC) que administra o Centro Educacional.
 
RESTAURAÇÕES - O IPAC/SecultBA restaurou sete obras, entre painéis, afrescos, telas e murais, produzidos por artistas com renome nacional e internacional como Carybé, Maria Célia Calmon, Jenner Augusto, Carlos Bastos, Djanira Motta da Silva e Carlos Magano. Dois afrescos localizados no Núcleo de Artes da Escola Parque já haviam sido finalizados em junho do ano passado (2013). As obras estão distribuídas em três das unidades de ensino do complexo educacional idealizado pelo baiano Anísio Teixeira (1900-1971) nos anos 1950, considerado um dos educadores brasileiros mais importantes de todos os tempos.
 
Agora, a SecultBA entrega mais cinco obras, três painéis, um mural e uma tela, distribuídos nas três unidades. Os painéis são de autoria de Carybé ('O átomo' ou 'A Evolução do Trabalho') e Maria Célia Calmon ('O Ofício do Homem'), instalados na Escola Parque. Na escola-classe 1, está o de Carlos Bastos ('Jogos Infantis'). Já o mural de Carybé ('Panorâmica de Salvador') está na escola-classe 2, onde também fica a tela de Djanira Motta ('Festa de São João'). As obras restauradas no ano passado, de Jenner Augusto ('A Evolução do Homem') e de Carlos Magano ('Trabalho e Costumes') estão na Escola Parque. As restaurações foram realizadas graças a convênio entre SecultBA e SEC. A empresa licitada foi a Studio Argolo Antiguidades e Restaurações, cujo coordenador técnico é o professor da UFBA José Dirson Argolo, considerado um dos restauradores mais experientes e atuantes da Bahia.
 
O lançamento do livro sobre a importância arquitetônica-urbanística e educacional da Escola Parque integra as comemorações pelos '100 Anos' do arquiteto baiano Diógenes Rebouças, cuja programação é realizada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-BA) e Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA). No mesmo dia (09) à tarde, ocorrerá uma Visita Guiada gratuita, com ônibus que sairá da FAUFBA (Rua Caetano Moura, 121, Federação) às 13h em direção à Caixa D'Água.
 
PATRIMÔNIO CULTURAL - De acordo com a diretora geral do IPAC, Elisabete Gándara, as restaurações foram fundamentais não só pela importância das peças artísticas, mas também pela sua localização. "Este conjunto edificado foi desenhado por Diógenes Rebouças a pedido do educador Anísio Teixeira e é um grande exemplar da arquitetura moderna, reconhecido como Patrimônio Cultural da Bahia desde 1981", explica. Além do reconhecimento oficial, o tombamento permite que o bem cultural contemplado tenha prioridade nas linhas públicas de financiamento, sejam elas municipais, estaduais e federais.
 
Para a coordenadora de Restauro de Elementos Artísticos (Cores) do IPAC, Milena Tavares, as obras artísticas restauradas, além de testemunharem as ideias revolucionárias de Anísio, retratam aspectos da cultura local. "É uma peça importante da nossa cultura", enfatiza. Segundo ela, a intervenção contemplou a passagem da obra de arte no tempo, conforme recomendado pela filosofia preservacionista, permitindo ao observador a leitura de cicatrizes causadas por degradação e até pelo vandalismo, que o IPAC e a SEC/Escola Parque pretendem evitar por meio de ações educativas que veem sendo promovidas no local.
 
O IPAC desenvolve dezenas de restaurações de bens artísticos, como imagens sacras, e imóveis como em igrejas na Chapada Diamantina e na cidade de Barra. Em Cachoeira, Lençóis e São Félix, o IPAC executou o Programa Monumenta do Iphan/MinC, requalificando ruas, praças, as orlas fluviais e mais de 80 imóveis, como monumentos, igrejas e casas, além da sede da Universidade Federal do Recôncavo. Em Salvador, o IPAC restaurou de 2007 a 2014, via Prodetur 2, as igrejas do Boqueirão, Pilar e Rosário dos Pretos, além do Oratório da Cruz do Pascoal, Casa das Sete Mortes e Palácio Rio Branco. Informações sobre restaurações são obtidas na Cores/IPAC pelo telefone (71) 3117-6386 e 3117-6387 ou endereço eletrônico cores.ipac@ipac.ba.gov.br.
 
LIVRO - Na mesma solenidade, a SecultBA lança o livro 'Conjunto Escola Parque', que integra a coleção 'Cadernos do IPAC', que pela primeira vez é dedicada a um patrimônio material, já que a série abordou nos outros números os bens culturais intangíveis. É o oitavo volume da coleção que o instituto vem publicando desde 2009.
 
"Este lançamento marca uma ampliação do projeto que, pela primeira vez, passa a retratar o Patrimônio Material do Estado (tombados). Os sete volumes anteriores são referentes aos bens imateriais (registrados)", diz Gándara. Foram publicados antes 'Pano da Costa', 'Festa da Boa Morte', 'Carnaval de Maragogipe', 'Desfile de Afoxés', 'Festa de Santa Bárbara', 'Ofício de Vaqueiros' e 'Bembé do Mercado'.
 
A outra novidade são os artigos especiais escritos por estudiosos da cultura baiana, professores e técnicos do instituto. "Os temas se entrelaçam e provocam a curiosidade dos leitores para a compreensão do Conjunto edificado", ressalta Elisabete. Segundo ela, destaca-se ainda o "pioneirismo e o surgimento de uma nova visão do IPAC, quando deixou de se preocupar apenas com a preservação da memória colonial e abrangeu as novas formas de expressão na arquitetura, nas artes e no ideário educacional modernista". O livro traz textos dos secretários estaduais de Cultura, Albino Rubim, e da Educação, Osvaldo Barreto Filho, o parecer do Conselho Estadual de Cultura e o decreto do tombamento. São 160 páginas e mais de 120 imagens, entre fotografias e plantas, provenientes dos acervos da Escola Parque, Fundação Anísio Teixeira e IPAC.
 
A publicação do IPAC aborda ainda a nova visão educacional de Anísio. "Ele era um homem de visão e criatividade, voltado para uma educação completa, com alunos matriculados para oito horas de atividades, distribuídos em conjuntos formados por escolas- classe e escolas-parque", diz Elisabete Gándara lembrando a fala do educador: "Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública." (Anísio Teixeira)

TRANSVERSALIDADE - Essas ações atendem diretrizes de transversalidade e articulação da Secult-BA. Segundo o secretário de Cultura, Albino Rubim, a cultura não pode funcionar como um adorno e, sim, de forma articulada com a educação.  Para ele, a junção das ações educacionais e culturais é o grande ensinamento deixado por Anísio. O secretário estadual da Educação, Osvaldo Barreto, destaca o espírito vanguardista de Teixeira em várias ações realizadas como secretário da educação no período de 1930 a 1940. "Ações voltadas para a cultura, as artes, a arquitetura e as ciências sociais, que já demonstravam sua visão de transversalidade desde aquela época", salienta.
 
Através do IPAC, as ações de transversalidade se ampliaram para além do Estado, abarcando também parcerias municipais e federais. "Uma política pública só pode ser bem sucedida com a participação efetiva das três esferas públicas" municipal, estadual e federal - e da sociedade civil organizada", afirma a diretora do IPAC.
 
PLANO do LIVRO - Fruto de envolvimento político entre segmentos da sociedade, o Plano Estadual do Livro e Leitura (PELL-BA) aprovado em julho, representa novo momento para o hábito da leitura e o acesso ao livro. Segundo o diretor do Livro e da Leitura (DLL) da Fundação Pedro Calmon (FPC), João Vanderlei, o plano projeta estratégias para os próximos dez anos para assegurar a democratização do livro e a promoção da leitura. "O plano traz ainda o estímulo à produção intelectual e o desenvolvimento sociocultural, fortalecendo a economia do livro e ampliando os índices de leitores, considerando os 27 territórios culturais da Bahia", enfatiza.

Para a Diretora da Editora da UFBA, Flávia Garcia Rosa, que participou da construção do plano, o livro e a leitura são ferramentas de transformação na sociedade. "Acompanhei o processo desde as primeiras discussões do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que foi decisivo para que os estados - como fez a Bahia - construíssem o seu Plano Estadual; e é uma contribuição exemplar", afirma. "Vamos lançar em outubro o projeto 'Leia e passe adiante' e um edital para a produção de obras infantis em parceria com a Secretaria de Educação", adianta o diretor da FPC.
 
SERVIÇO

O QUÊ: Entrega da restauração de cinco obras modernistas, Lançamento do Livro Escola Parque e Lançamento do PELL-BA
ONDE:  Escola Parque (Rua Saldanha Marinho, nº 134, Caixa D´Água)
QUANDO: 09 de outubro de 2014, às 10h
AUTORIDADES: Osvaldo Barreto Filho (secretário da Educação do Estado da Bahia), Albino Rubim (secretário de Cultura do Estado da Bahia) e Elisabete Gándara (diretora geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC).