Cultura

Projeção Sonora do MAB no Instituto Goethe no próximo dia 8 de outubro

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Imprensa MAB , Salvador | 04/10/2014 às 10:16
Sandra González
Foto: Facrebook
  Neste outubro, o MAB – MÚSICA DE AGORA NA BAHIA retorna com uma Projeção Sonora muito especial. O evento privilegia a nova música de concerto experimental além dos limites.

  Limites espaciais (Espacios evocados, da argentina Sandra Elizabeth González), limites imagéticos (Unboxing Helena, de Fernanda Aoki Navarro) e acadêmicos (New Sadness, de George Christian).

  Será uma interessante oportunidade para ouvir a música de duas compositoras (Sandra é Argentina e Fernanda, brasileira, que vive na Califórnia) de músicas fortemente expressivas, acompanhadas de um artista soteropolitano que realizará uma performance com violão elétrico preparado.

  Por fim, os ouvintes terão a oportunidade de apreciar uma performance especial dos artistas da OCA com a banda soteropolitana Laia Gaiatta, um verdadeiro trio de música avant garde, que transita pelo erudito e o popular como se fossem uma coisa só. 

  E quem sabe não sejam mesmo?

  O evento é às 20 horas desta quarta-feira, dia 8, no Teatro do ICBA (Instituto Cultural Brasil Alemanha) - Goethe Bahia, com entrada gratuita.

 Confira abaixo o programa e o serviço completo.

PROGRAMA

Fernanda Aoki Navarro (Brasil/EUA) 
Unboxing Helena
Duração: 8'00
Fernanda Aoki Navarro estudou composição na USP, mudou-se para os Estados Unidos em 2011, onde fez o mestrado na UC Santa Cruz e recentemente foi aceita para o Ph.D. na UC San Diego. Fernanda trabalha com música acústica e eletroacústica e não acha que biografias torne a música mais interessante. Fernanda não gosta de ser reduzida a um gênero, não sabe sambar, procrastina para escrever notas de programa, não sabe como reagir quando recebe elogios ou críticas, vai ao cinema toda semana, toma café todos os dias.
Sobre a obra: O filme "Encaixotando Helena", dirigido por Jennifer Lynch, ficou cravado na minha memória por muitos anos, incomodando, ganhando novos significados, perdendo a "aura bizarra" e ganhando força enquanto provocação emocional e criativa. Pensei em reconstruir Helena, desencaixotá-la, com a consciência de que as fraturas não se apagam, que os fragmentos reconectados nunca poderão ser como o integral antes intocado, mas que esses cacos colados podem ser re-significados, ganhar potência e se transformar em alguma coisa coesa, integral, íntegra, ainda que seja o resultado de muitos fragmentos reunidos de maneira incômoda.

Sandra Elizabeth González (Buenos Aires – Argentina) 
Espacios evocados (2010)
Duração: 8'04"
Compositora argentina, egresada del Conservatorio Superior de Música "Manuel de Falla” con el postítulo de Compositora de Música con Especialidad en Música Sinfónica y de Cámara. Licenciada en Composición con Medios Electroacústicos por la Universidad Nacional de Quilmes, obtuvo la Beca de Formación en Docencia e Investigación. Entre sus maestros se destacan los reconocidos compositores Carmelo Saitta, Dr. Pablo Di Liscia y Dr. Pablo Cetta. Sus obras son estrenadas y presentadas en prestigiosas salas e integran importantes ciclos de conciertos. Reconocidos instrumentistas estrenan e interpretan sus obras. Su cuarteto de cuerdas Modos en decantación (2002) fue seleccionado en la convocatoria organizada por la Universidad Nacional de Quilmes, para participar en el workshop para compositores realizado en 2013 por el Cuarteto Arditti.

Sobre a obra: La obra electroacústica está organizada en cuatro espacios sonoros caracterizados por una identidad tímbrica y una textura diferente. La sección que da inicio a la obra y aparece cíclicamente a modo de nexo entre los distintos episodios va modificando su textura paulatinamente. El primer espacio presenta una textura polifónica progresiva, que otorga dinamismo y está conformado por timbres acampanados y atrompetados. Una textura contrapuntística otorga identidad al segundo espacio, que discursa mediante glissandi. El tercer espacio es estático y está constituido por timbres de cuerdas y resonancias. Para concluir la obra, el cuarto espacio conformado por timbres de percusión presenta las características de una textura de masa que se desintegra progresivamente y nos conduce del estatismo a la dinámica.

George Christian
New Sadness ou Réquiem para Regina Celi (2012)
Guitarra e eletrônica
Duração: 15'00”
Nascido em Salvador (BA), no dia 10 de agosto de 1981, o cantor, compositor e violonista George Christian é licenciado em Letras Vernáculas com Inglês pela UFBA, ele aprendeu violão erudito e popular desde os 14 anos também rudimentos em contrabaixo, flauta, gaita, digeridoo e técnicas de composição eletroacústica em 2009, com o professor e compositor Guilherme Bertissolo, além de ser compositor autodidata desde 1998. Atualmente, em paralelo aos compromissos profissionais e acadêmicos (como graduando no Bacharelado em Composição pela UFBA), ele vem desenvolvendo sua carreira musical, manifestando interesse tanto pelo registro de suas canções quanto, também, pela música instrumental – tendo peças escritas basicamente para conjuntos de câmara, solo (para violão elétrico) e algumas obras acusmáticas, além de já ter uma discografia de dez álbuns virtuais. Site oficial: georgechristianmusic.wix.com/site
Sobre a obra:
Este estudo eletroacústico (o nono do autor) compõe-se de fluxos contínuos de violão slide eletrificado – com experimentos em pedais de efeito -, geradores de timbres e samplers de piano oriundos da peça “Sadness of ‘05”, do pianista norteamericano Kyland Holmes. Sua elaboração, entre os meses de abril e maio de 2012, acabou coincidindo com o período de falecimento de Regina Celi, a tia do autor, que dedicou a peça à sua memória como uma referência poética ao trabalho.
A peça existe em versões estereofônica, lançada no álbum “Aos Rios Urbanos” (Spectropol Records, 2013), e quadrifônica, especialmente lançada para esta Projeção Sonora do MAB. Para a ocasião, George Christian executará seu violão elétrico preparado com a peça em tempo real.

Performance OCA e Laia Gaiatta
Sobre Laia Gaiatta: 
Trio baiano de música contemporânea. Formado em Junho de 2013, o Laia Gaiatta é um trio de música popular contemporânea que trabalha com a essência estrutural e formal da canção. Integram o grupo: Uru Pereira, no fagote; Antenor Cardoso na percussão; e Heitor Dantas na guitarra, gaita, kazoo e voz. Ao tempo em que todos os seus componentes tiveram experiências diversas em grupos de rock, samba, mpb e jazz, também frequentaram a escola de música da UFBA, tendo Antenor Cardoso como bacharel em percussão. Dessa forma o Laia Gaiatta explora a música popular com o olhar de um compositor orquestral se inspirando em movimentos artísticos do século XX como o Flux, o dadaísmo e o Pop Art. O grupo entende que a música pop (a partir de 66 com o álbum Revolver, dos Beatles) se aproximou conceitualmente das peças de música erudita, diluindo a ideia de forma canção “Poter-Jobim” como núcleo central da construção sonora. O gene inicial dessa proposta partiu do compositor Heitor Dantas, quando decidiu reunir um pequeno grupo para rearranjar e executar suas canções mesclando épocas variadas e discos e EPs gravados nos últimos anos. Sendo assim o trio se organiza tendo como centro a guitarra e sua relação direta com a estrutura harmonia/melodia/letra configurada pela composição escolhida o diálogo do fagote e da percussão com o elemento norteador representado pela guitarra acontece de forma criativa e fluida aproximando o trabalho do grupo da musica feita pelos famosos powers trios de rock clássico das décadas de 60/70. Essa junção acaba ganhando ainda mais personalidade com a pesquisa de timbres percussivos, eletrônicos e acústicos, com a extensa gama de efeitos de guitarra, com a inserção de instrumentos como a gaita, glockspiel, a escaleta e o kazoo e com as vozes e com as vozes dos três integrantes soando em uníssono, criando um encorpado coro de samba. O trio lançou virtualmente um vídeo com 4 músicas e se prepara para gravar o EP “Bluezz”, fazendo uma releitura contemporânea do “Delta Blues” norte-americano. Além disso, atualmente faz temporada no evento Dominicaos, realizado na Biblioteca Central dos Barris (Salvador). O espetáculo é realizado quinzenalmente e traz um convidado a cada edição, recebendo nomes como: Vandex, Mariella Santiago, Jorge Solovera. O repertório apresenta músicas do EP citado, sambas e parcerias com outros compositores como: Galuber Guimarães, Orlando Pinho, Wladimir Cazé, Simão Augusto e Ricardo Sagiovanni. 


O QUE É O MAB – MÚSICA DE AGORA NA BAHIA

O MAB, que teve sua primeira edição em 2012, retorna em 2014 com patrocínio da Petrobras, através da seleção pública de Redes de Música do Programa Petrobras Cultural. Com uma série de mais de cem ações artísticas, de formação de plateia e de formação de músicos, o MAB é uma iniciativa que envolve público e artistas em direção à conscientização e difusão da produção musical atual com o olhar focado na Bahia.

O MAB será realizado entre julho de 2014 e dezembro de 2015 e visa apresentar à sociedade a rica produção de música contemporânea na Bahia, qualificar compositores e intérpretes, além de mostrar à população um outro lado da arte, colaborando com seu enriquecimento cultural.

O projeto contará com concertos com artistas locais, nacionais e internacionais, palestras, recitais em escolas públicas, intervenções performáticas, seminários, workshops, concursos de composição locais e um latino-americano, além da concessão de bolsas para estudantes da rede pública e para compositores de outros estados do Brasil.

O MAB é realizado pela OCA – Associação Civil Oficina de Composição Agora, que desde 2004 desenvolve atividades artísticas e educacionais no âmbito da música popular e erudita no Brasil e internacionalmente.

Serviço:

4ª Projeção Sonora
08 de outubro (quarta-feira), 20 horas
Teatro do ICBA
Entrada Gratuita