Cultura

Foliões revivem e preservam tradição secular da pegada do mastro em SD

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Ascom Sd , São Desidério | 09/09/2014 às 11:14
pegado do mastro para a festa do Divino de São Desidério
Foto: DIV
Datada há mais de um século, a Pegada do Mastro, se manteve mais uma vez, graças à participação de centenas de foliões neste sábado, 06, que percorreram um percurso de seis quilômetros até a Cabeceira da Mamona, para buscarem os mastros, com mais de 15 metros de comprimento que serve para hastear as bandeiras do Divino Espírito Santo e de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira de São Desidério.  A retirada dos mastros é feita um mês antes, no primeiro sábado de agosto.

Sol quente, calor, caminho longo, estreito e íngreme, somados a muita animação, algazarra e devoção marcam o evento. Homens, mulheres, crianças, jovens e até idosos participam da manifestação, como seu Isaias Dias, "Estes 74 anos não me impede de participar. Quero completar 100 anos participando, por que é muito bonita esta tradição, não podemos deixar morrer", disse.

Seu Isaias, contou ainda que antigamente as mulheres não participavam, mas hoje, ainda que de forma tímida, já é expressiva a participação feminina. "Muitas mulheres têm vontade de participar, mas pelo machismo que ainda prevalece, desistem, acham que aqui é um espaço só para homens, eu pelo ou menos não tenho vergonha e participo há alguns anos, por que é bastante animada", falou Charline Nascimento.

Lá na Cabeceira da Mamona, em plena mata fechada, o silêncio é rompido pelas risadas e conversas, mas o ápice começa quando o grupo do samba de reis chega e é formada então uma roda de samba e todos se põem a dançar numa coreografia tribal e a alegria continua pelo resto da tarde, quando já é hora de voltar à cidade. Farofas e licores de todos os sabores e carne assada são os ingredientes típicos da pegada do mastro. Energias repostas é hora do retorno.

Muitos se empurram para ter a oportunidade de apanhar o mastro e quem consegue é uma alegria só. Na cidade, são recepcionados com fogos de artifício e olhares curiosos da população. O cortejo percorre às principais ruas da cidade e sempre há uma parada para a roda de samba em frente ás casas dos pioneiros.  A última parada acontece em frente à Igreja Matriz, onde os mastros são colocados em seu lugar, mais uma roda de samba e é dado como encerrada a Pegada do Mastro.

"Graças a Deus tudo aconteceu em paz, por que para quem está á frente desta festa não é fácil, ficamos apreensivos, mas todos os anos guiados pelo Divino Espírito e Nossa Senhora Aparecida, realizamos uma boa festa e que a cada ano haja mais participações para não deixarmos morrer esta tradição", destacou o organizador, João Dias, conhecido como João Piguete.