Cultura

CANDIDATOS se esquecem que os gordos também votam, por OTTO FREITAS

Emagrecer custa caro, mas os pobres também estão ficando obesos.
Otto Freitas , da rSalvador | 07/09/2014 às 21:44
Voto do gordo é igual ao das outras pessoas
Foto: DIV

Quanto custa emagrecer? Jeffinho, por exemplo, não sabe, nem nunca viu qualquer estudo sobre o assunto. Há preços para todos os gostos e bolsos. Mas uma coisa é certa: custa caro, não é coisa para pobre - embora haja pobre obeso. É que, com a nova classe média de Lula, os pobres agora têm acesso a produtos engordativos, como biscoitos recheados, refrigerantes, sanduiches, salgados, etc, e estão passando perigosamente da desnutrição para a obesidade. 

Aliás, até agora, na atual campanha eleitoral - época em que os pobres são lembrados por todos os candidatos - nenhum deles colocou a obesidade, que é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, entre as prioridades dos seus programas de governo. Convém lembrar que recente pesquisa do Ministério da Saúde revelou que quase a metade (48,5%) da população brasileira é formada por gordos e diabéticos, incluindo as crianças.

Além de campanhas intensivas e eficientes, como foram as da Aids e do cigarro, poderiam ser implantadas várias ações para combater a obesidade no país. Ideia é o que não falta: incluir nutricionistas nas equipes multidisciplinares dos programas de saúde na família; mudar a composição de produtos, reduzindo sal, açúcar e conservantes: criar cesta básica com preços subsidiados, incluindo produtos dietéticos, além de frutas, verduras e legumes; implantar cardápio saudável na merenda escolar e nas cantinas de escolas públicas, como já acontece em algumas escolas particulares; e ampliar número de academias a céu aberto, com instalação de equipamentos de ginástica (o que já acontece, em algumas locais) e a contratação de profissionais - como tem o salva-vidas nas praias, poderia ser criado o personal trainer nas praças e parques.  

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Com base apenas na própria experiência e consumo, Jeffinho foi botando no papel tudo que é preciso fazer e comprar para manter uma vida saudável. A lista é enorme e os custos astronômicos, coisa de barão. A seguir, os principais itens da lista:

Balança – Logo, logo deixa de ser usada, especialmente quando ela só aponta para cima, pois o gordo engorda mais do que emagrece, salvo honrosas exceções. Aí o gordo se reta e desiste de ficar subindo na balança todo dia, ou toda hora (existem uns malucos que carregam para todo lado uma balancinha portátil dentro da bolsa). 

Esteira e/ou bibicleta ergométrica – É fatal, mais cedo ou mais tarde viram cabide. A indústria inventa modelos sofisticadíssimos, trazem até terapeuta em meio à tecnologia embarcada. Mas não adianta. No fim, a esteira ou a bicicleta vão ser, no máximo, um cabide modernoso. É melhor ir para a academia. 

Endocrinologista, nutricionista e personal trainer – Um complementa ou outro, é quase um “Trio de Ouro Regina”, como eram o talco, colônia e sabonete Eucalol de antigamente. Não há gordo de juízo que não procure o endocrinologista, para todos os exames e o acompanhamento adequado; o nutricionista, para prescrever um cardápio variado, inteligente e adequado às necessidades, gostos e desejos do paciente – ou ele fatalmente vai enjoar e desistir da dieta. E, por fim, a não ser que o gordo seja um desses malucos obsessivos, fadados a arrebentar músculos e articulações, especialmente os joelhos, todos precisam de um profissional criteriosamente selecionado para acompanhar o treinamento físico, seja personalizado ou na academia.
 
Proteínas e carboidratos – Acrescentem-se as compras verdes (frutas, legumes, verduras e folhagens em geral); grãos integrais, como arroz, pães e massas idem; açúcar mascavo e outros produtos light e diet, como aqueles docinhos desidratados, biscoitinhos e outras guloseimas que custam os olhos da cara. Da proteína animal, melhor é peixe, mas as espécies mais adequadas também são as mais caras entre si e vencem de longe as carnes vermelhas e o frango.

Como dizia a vovó Celina, “quem pode, pode; quem não pode se sacode!”.