Cultura

NÃO EXISTE GORDO feliz e bem humorado. É só disfarce, por OTTO FREITAS

Gordo sofre mais com a intolerância da sociedade que não aceita as diferenças.
Otto Freitas , Salvador | 24/08/2014 às 19:43
Há, sim, momentos de felicidade na vida de um gordo
Foto: Youtube
Em recente entrevista à revista Muito/Jornal A Tarde, a respeitável endocrinologista Tereza Arruti, que dirige o Nucleo de Doenças Metabólicas e Obesidade do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia, afirmou, “sem pretensão de causar polêmica”, que não existe gordo feliz; tem aquele que faz esse papel. Ou seja, alguns gordos fingem que são alegres e felizes, para disfarçar suas mazelas, desviar a atenção das pessoas para o seu tamanho.

Com experiência de 40 anos, a mestra e doutora Tereza Arruti analisava recente pesquisa do Ministério da Saúde que aponta o Brasil como um país de gordos e diabéticos - 4,5% da população estão acima do peso; em 2013, 13,4 milhões estavam com diabete tipo 2. 

As perspectivas são ainda piores, lembra a experiente endocrinologista, pois em 20 anos a população infantil triplicou o peso. Hoje, crianças e adolescentes têm doenças que antes só aconteciam na quarta década de vida. 

Para mudar essa realidade, advertiu Arruti, é preciso mudar o estilo de vida, reaprendendo a comer. Se a criança vive em um ambiente saudável ela não vai ficar gorda. O controle da alimentação deve começar no pré-natal, alimentando corretamente a gestante e o bebê, principalmente com aleitamento materno.

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Também sem querer provocar polêmica e muito menos contestar a doutora, que conhece o assunto como ninguém, Jeffinho mete sua colher gorda no debate. Gordo não é feliz mesmo, nem tão bem humorado como parece. É tudo defesa; pior do que enfrentar a obesidade é vencer o preconceito e a intolerância de uma sociedade que não respeita o diferente.

Na vida real, revela Jeffinho, é muito fácil perceber como as pessoas olham para o gordo, fingindo indiferença, mas se contorcendo em curiosidade, por debaixo do olho, para não perder nenhum detalhe daquele fenômeno. Você se sente quase uma atração de circo dos horrores, como acontecia antigamente. 

No mundo de hoje, que só valoriza os vencedores e os magros, o obeso é tratado com desprezo, desdém e falta de respeito. É motivo de piada, como se não passasse de um glutão preguiçoso, acomodado, sem força de vontade. 

Para a grande maioria, o gordo é sempre culpado pela sua condição. Não falta quem sempre repita a velha frase: “Só é gordo porque quer”. Mas isso, obviamente, é a manifestação de uma ignorância sem limites, pois se sabe que obesidade é uma doença grave e de tratamento difícil.  

Uma coisa é certa: ninguém é feliz, nem gordo, nem magro. Todos nós temos momentos felizes que podem ser mais ou menos frequentes, mais ou menos intensos, a depender da química do corpo e do espírito de cada um. Tem gente que precisa de muito para viver bem; mas há muitos que são felizes com muito pouco.