Cultura

DOM FRANQUITO vai ao La Criolla e saboreia mix de baby com cordeiro

As garçonetes são mal humoradas mas a comida é deliciosa, tostadas ao gosto do cliente
Tasso Franco , da redação em Salvador | 01/08/2014 às 09:27
baby beef bem passado com costela de cordeiro, rúcula e quejo
Foto: BJÁ
   ​Houve um tempo em Montevidéu - assegura o cronista Milton Schina em sua obra completa "Boulevard Sarandí"- que o gado era tão abundante nas pastagens, até 1785, que o Cabildo (órgão governamental) teve que proibir a matança de vacas só para fazer botas. A carne e os miúdos eram desprezados porque não havia tanta gente para consumir. 

   Estima o cronista que, por ano, chegou-se a matar 6.000 reses e o Cabildo proibiu a fabricação das botas de vacas. A saída para satisfazer a vaidade dos peões, dos patrões, dos coronéis, dos militares e das madamas foi produzir botas de couros de éguas e potros.

   O certo é que a Espanha descobriu que, além de Montevidéu ser o melhor porto do Atlântico Sul para seus negócios coloniais, inclusive a lucrativa venda de escravos para o Continente - Brasil, Perú, Colômbia, etc - a criação de gado seria o grande filão do Uruguai.  Havia boas terras para pastanges e abundância de água. 

  E é assim até os dias atuais. Um país que tem uma tradição na cultura do gado, produtor mundial e exportador de carne e couro, com homenagem a carreta, os carreteiros e aos bois num monumento no centro de Montevidéu.

  Essa fartura em carnes se vê em todos os mercados e nos restaurantes. Ninguém vem a Montevidéu comer peixes embora a cidade esteja à beira litorânea do Rio da Prata, um mar de 200 km de largura.

  Outro símbolo do Uruguai é o criollo/a, um americanismo que foi usado desde a época da colonização, aplicado para aqueles que nasceram na América de pais europeus (geralmente espanhol). No Brasil, o termo crioulo/a tem outro significado porque a miscigenação portuguesa foi maior.

   Em meados do século XVIII, os criollos controlavam grande parte do comércio e da propriedade da terra na Nova Espanha, e tinham um grande poder econômico e status social elevado, mas foram deslocados das principais posições políticas em favor dos nascidos em Espanha.

   Foram os criollos que ajudaram nas lutas pela independência dos países da colonização espanhola na América. Tiveram uma participação decisiva no apoio financeiro e de logística aos revoltosos.

   Em Montevidéu, há 15 anos, Diego e Fernando Irazusta abriram  uma nova proposta gastronômica chamado La Criolla, hoje, com mais de uma casa na capital.

   Fomos conhecer o La Criolla de Punta Carretas por sugestão do jornalista Nestor Mendes Jr e fora o mal humor das atendentes gostamos do local.

   A casa tem uma decoração bem típica do Uruguai, no estilo de campo, e yo e la señora Bião Jesus, tremendo diante do frio deste inverno em Montevidéu abrimos a noite com um Dom Pascual Varietel Cabernet Sauvingnon.

   La señora Bião até brincou sobre a garçonete falando comigo: - Kaline (lembrava da novela Amor à Vida e da paródia em Zorra Total) parece que não é de boa conversa. 

   - É. Chupou algum limão - respondi e adicionei un cariño a La Bion: "Usted está con la cara da Ivete Sangalo, muy formosa".

   Ficamos então a conversar e até mantivemos um papo bem descontraido com brasis que estavam noutra mesa, três simpáticas senhoras de Brasília, encantadas com o Uruguai.

   Dizia Mariangela, uma das brasilienses, que era um bom local embora achasse melhor Buenos Aires onde os muchachos eram mais simpáticos.

   De pronto la señora Bião, que tem paixão pela terra portenha, aquiesceu que si. - Muy guapos.
 
  De mi parte fiquei a bebericar o Dom Pascual, o bom cabernet uruguaio, observando que outro casal de brasis estva a coroar uma noite de amor com doses generosas de Cavalo Branco.

   Ao principal, sentados próximos a barbacoa, solicitamos um mix criolla para dos, baby beef e costela de cordeiro, bem passado, com rúcula e queijo.

  Kaline rodopiou as botas e em minutos nos trazia o melhor. Delicia de carne, bem como gosto, quase torrada.

  De poster, browni com doce de leite e sorvete de creme.

   Depois, rodopiamos nossas botas e voltamos ao frio da noite de Montevidéu até coger un táxi.

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Restaurante La Criolla
Rua Gregório Suárez 2746
Fone 2710 3948
Abre todos os dias pela noite
Aos sábados e domingos a partir do meio dia
Punta Carretas, Montevidéu, Uruguai
Don Pascual R$35,00
Mix Criolla R$46,00
Brownie R$16,00
Todo restaurante cobra IVA de 22% 
Propina (gorjeta) fica a gosto do cliente
La señora Bião deve ter dado 2 dólares
Aceita Visa, preferencialmente
Classificação: 3 DONS