A palavra batuque vai além do toque dos tambores, é também uma luta, uma dança, que influenciou a capoeira e o samba, o folguedo, reisado e a punga. Esse é o tema de Batuque, Luta Braba, do historiador Frede Abreu (1946/2013), um dos últimos livros deixado por ele com o intuito de difundir, trazer a origem, a musicalidade e a importância do batuque para várias manifestações populares. O lançamento acontecerá dia 29 de maio de 2104, às 18 horas, no Forte do Santo Antônio, com a realização de uma mesa de debate com pesquisadores e mestres de capoeira; roda de capoeira com o Mestre Nenel, filho de Mestre Bimba, e uma roda de samba com o grupo Botequim. O livro foi selecionado pelo edital Arte em Toda Parte, da Fundação Gregório de Matos, editado pelo próprio Acervo de Frede Abreu.

 Frede, um dos principais pesquisadores de capoeira, mais uma vez traz um tema pouco conhecido, mas de uma importância para a cultura popular brasileira. O batuque tem origem no Recôncavo Baiano, é considerada extinta como uma luta/dança, mas que sobrevive na música, no samba, na maneira de lutar e de vadiar na capoeira. Essa preocupação em manter viva a memória do batuque é confirmada na introdução do livro. Lá Frede nos alerta, “Pelo que sei, não há nenhuma pesquisa ou “missão cultural”, à lá Mario de Andrade, em andamento, nem ações de infiltrações governamentais, na área da cultura, em perspectiva, para identificar reminiscências do batuque-luta.”

Para capoeira, esse tipo de conhecimento é importante para a formação do capoeirista, tão importantes quanto o treino e o jogo de capoeira. Os elementos do batuque estão em várias manifestações culturais (na música, na dança, nos folguedos, poesias, autos), mas é na formação do samba duro e da capoeira regional que entrou como matriz.

O prefácio do livro é escrito pelo antropólogo e poeta Antônio Risério, amigo de longas datas, que nos traz um depoimento sobre a importância de Frede para a capoeira, “Frede era sociólogo e viajava totalmente à vontade, com invejável grau de conhecimento (macro e micro; histórico e anedótico), no mundo da capoeiragem. Como sempre cultivei meus vínculos tanto com a sociologia quanto com a capoeira, nossa conversa rolava fácil. Na verdade, eu fazia verdadeiros questionários sobre a mescla de luta e dança que floresceu entre nós. E Frede respondia tudo com calma e segurança. Mais precisamente, me dava aulas (não-práticas; que as práticas eu tomava na entrada do Tororó, com um marinheiro chamado Pessoa, típico malandro daquele ambiente, naquela época) de capoeira.”

 Trajetória de Frede Abreu

 Frede foi historiador e dedicou a vida aos estudos e difusão da capoeira e manifestações populares, divulgou mestres desconhecidos e lutas similares á capoeira como a Punga, o Batuque, o tambor de crioula, a Bassula e o Mouringue. Como coordenador do evento Ginga Mundo promoveu diversos intercâmbios dessas culturas. Foi autor e co -autor de mais de dez títulos do tema como: Barracão do Mestre Waldemar, Manuscritos do Mestre Pastinha- Improviso Poético e Como eu Penso?, Capoeira Séc XIX, Macaco Beleza, Bimba é Bamba, Capoeira no Ringue, entre outros. Pela sua importância na pesquisa da capoeira, ele é citado na maioria das bibliografias, teses e dissertações sobre o tema. Frede deixou o maior acervo de capoeira que se tem conhecimento, com mais de 45 mil títulos sobre a temática, que ganhou dois prêmios Cultura – Viva da Capoeira. Ele também formou e coordenou três Pontos de Cultura com a temática capoeira, foi membro fundador da Academia do Mestre João Pequeno de Pastinha, Fundação Mestre Bimba, e conselheiro do Ministério da Cultura para a capoeira ser reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

 Serviço:

 Lançamento do livro Batuque, Luta Brada, de Frede Abreu.

Local: Forte do Santo Antônio (bairro Santo Antônio além do Carmo)

Data: 29 de maio de 2014, às 18 horas

Programação:

18h – Lançamento e debate com pesquisadores e mestres de capoeira;

19h – Roda de capoeira com o Mestre Neneu;

20h – Roda de samba com o grupo Botequim.