Como seguro morreu de velho, Jeffinho decidiu ficar em casa e assistir a Copa das Copas pela sua TV digital de 60 polegadas, comprada no Natal, em 60 prestações. Aquele velho sofá que já foi trio elétrico no Carnaval (outra festa inacessível aos gordos) vai virar arquibancada. O Arenão do Gordão recebeu um forro verde e amarelo e vai ficar encostado na parede da sala onde tremula uma enorme bandeira do Brasil. 

Jeffinho já confirmou a presença de alguns amigos acima do peso (e abaixo também), que vão distribuir entre si as tarefas e os custos do grande evento. O dono da Arenão vai entrar com a casa e seus insumos, o sofá, e, como todo gordo é engraçado mesmo, será o animador da torcida. 

Com essa responsabilidade, fez uma garimpagem pelo comercio da Baixa dos Sapateiros e avenida Sete de Setembro, onde recolheu um monte de apetrechos em verde e amarelo. Não faltaram apitos, buzinas, chapéus, óculos, perucas e outras quinquilharias similares, inclusive as vuvuzelas, já que a caxirola - que seria, pretensiosamente, o instrumento oficial da Copa das Copas - deu chabu. 

Jeffinho só não conseguiu sua camisa 10 da Seleção, a de Neymar, pois, como é previsível, não tem para o seu tamanho. Mas não se fez de rogado: comprou duas camisetas na loja do gordo, uma verde e uma amarela, emendou as metades de cada cor e fez de duas uma. Não é como a original, mas quem liga? O importante é a farra!

Como casa de gordo é farta, vai ter muita comida e bebida. Os homens farão a vaquinha para as cervejas e refrigerantes - e cada um leva a quente que preferir. Nos dias de jogos do Brasil vão rolar petiscos variados. Encerrada a partida, será servida comida backtrank, tipo um sarapatel, um mocotó ou uma moqueca. No jogo final, sairá uma big feijoada para comemorar o hexa (se o Brasil perder, o pessoal come e bebe assim mesmo, para afogar a tristeza!).

 

Vai ser uma esbórnia só, entre 12 de junho e 2 de julho, considerando que será difícil trabalhar nesse período, pois vão se juntar jogos do Brasil, jogos de outras seleções em Salvador, ponto facultativo, feriados e dias enforcados, São João, São Pedro, Independência da Bahia, etc,etc,etc. Os chamados dias úteis não vão se contar nos dedos de u’a mão.  

Como não quer morrer tão cedo, Jeffinho está fazendo uma dietazinha preventiva e tomou algumas precauções, como reforçar a dose dos hipertensivos, considerando que vai enfrentar praticamente um mês de hiperalcoolismo e superalimentação. Também já fez reserva no SPA e encomendou um despacho para proteger o coração duplamente: pelos exageros da mesa e pelo excesso de emoção. 

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DE PREÇOS, CADEIRAS E CURRAIS.

Amigo de longas datas, lá de Ituaçu, Gazula mandou um correio eletrônico, complementando informações sobre as dificuldades do gordo para chegar e ficar na Arena Fonte Nova, assunto da crônica anterior. Se Jeffinho não bater a caçuleta e conseguir chegar até o estádio, diz ele, vai morrer de susto com os altíssimos preços nas lanchonetes e ambulantes - e dizem que vão aumentar na Copa.

Lembrou também que tem sim umas cadeiras tipo extra GG, contadas a dedo, nas últimas filas de cada andar. Mas se todos os gordos da cidade decidirem ir ao estádio no mesmo dia, fudeu Maria Preá.

Gazula fez mais uma advertência: se Jeffinho deixar para comprar o ingresso na hora do jogo vai se lascar, pois os currais das bilheterias são muito estreitos, os gordos ficam entalados logo na entrada.