Cultura

PESQUISA ABOBRINHA: v prefere ser magro ou gordo rico?, p OTTO FREITAS

Não vale usar o dinheiro para emagrecer e comprar um corpito novo
Otto Freitas , Salvador | 30/03/2014 às 21:18
Gordo rico está sempre feliz da vida
Foto: tRASGO
Em uma dessas manhãs madorrentas, Jeffinho zapeava preguiçosamente à procura de alguma atração divertida na TV. Acabou sintonizando em um desses programas matinais de amenidades, cheio de abobrinhas. Além de ensinar os segredos do tal suco detox, o tema do dia era uma pesquisa de opinião entre os telespectadores: você prefere ser magro ou gordo rico? E não valia usar o dinheiro para emagrecer e comprar um corpito novo.  

Jeffinho mudou de canal e não sabe o resultado da pesquisa. Mas ficou com a pergunta na cabeça, matutando, como gordo de raiz e como cidadão financeiramente remediado que já foi “pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré”. É claro que o ideal é ser magro e saudável, mesmo sendo pobre. Mas, convenhamos, um gordinho rico tem lá suas consideráveis vantagens.

Se mantiver as taxas clínicas e a vaidade sob controle, um gordo consegue viver muitos bons momentos. Mas se tiver dinheiro, será muito mais fácil enfrentar os problemas da vida - inclusive aqueles gerados pelo excesso de peso - e garantir alguma qualidade de vida, mesmo sendo gordo. Com sua inteligência e perspicácia sertaneja, dona Assunção, amiga do coração de muitas jornadas, sempre diz que dinheiro não é tudo na vida, mas é 99 por cento.

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Para começo de conversa, sendo rico o gordo não precisa ficar mendigando na fila do INSS, nem se atolando em processos contra o seguro saúde, para conseguir atendimento médico e hospitalar. Hospeda-se logo na melhor e mais luxuosa clínica do mundo, em São Paulo, Paris, Nova Iorque ou Japão, onde é atendido por uma equipe multifuncional, faz todos os exames e recebe o melhor e mais avançado tratamento disponível. 

Se precisar de medicamento, inclusive aqueles importados, que custam uma fortuna, não tem problema, o gordo rico manda o jatinho buscar, seja onde for, custe o que custar. 

Comida de dieta também é só para rico, que não precisa ficar naquela neura de pesar e medir tudo, do bife à folha de alface. Gordo rico tem nutricionista e cozinheiros que vão às compras, preparam e servem a pratos criativos, variados e nutritivos, sem se preocupar com o preço. 

Alimento bom custa os olhos da cara, principalmente os orgânicos. O chamado alimento funcional, então, é mais caro do que remédio. Inhame, por exemplo, que dava mais do que chuchu, era baratinho, mas ninguém queria. Depois que virou vedete entre os alimentos funcionais, chega a custar R$ 6 o quilo e é difícil de achar.

Aquele negócio de beber uma taça de vinho por dia é pura lenda. Como é que um champanhe Dom Perignon vai fazer mal a quem pode tomar uma garrafa por dia? O que faz mal e engorda é uisque do Paraguai, cachaça barata, vinho de garrafão e cerveja vagabunda. 
Para completar, gordo rico pode fazer terapia, ter sempre um personal trainer a tiracolo, fazer RPG, Pilates, ioga, musicoterapia e cromoterapia; passar temporadas nos melhores spas do mundo e fazer retiro espiritual no Nepal, com supervisão do Dalai Lama em pessoa. Ora, como é que um gordo desses pode ter hipertensão, colesterol alto ou ficar diabético?

Para embalar toda essa qualidade de vida, uma roupa boa e confortável é indispensável. Gordo pobre já fica logo estressado na hora de comprar, porque não acha nada acima de GG e quando acha parece um saco de farinha. Gordo rico tem personal style e usa roupa das melhores grifes e sob medida. Por que será que Jô Soares, que sempre foi gordo, é considerado um dos homens mais elegantes e bem vestidos do Brasil? Resposta fácil: ele é um gordo rico.

Conclusão da pesquisa: nesse mundo de hoje, mais vale um gordo rico do que três magros malhadíssimos, com barriga de tanquinho e tudo.