Cultura

Artista plástico Luiz Hermano aborda ícone do consumismo em sua expo

Artista plástico Luiz Hermano aborda ícone do consumismo em sua exposição Ter e Ser, em cartaz na Roberto Alban Galeria de Arte
Texto & Cia , da redação em Salvador | 30/03/2014 às 11:20
Expo na Roberto Alban Galeria de Arte
Foto: DIV
   realizado o lançamento da exposição “Ter e Ser”, do artista plástico cearense Luiz Hermano, na Roberto Alban Galeria de Arte, no bairro de Ondina. 

  O evento, promovido pelos galeristas Cristina e Roberto Alban, reuniu artistas, críticos e colecionadores de arte Até o dia 28 de abril o público baiano poderá apreciar as 28 obras expostas na mostra, que tem como referência os carrinhos de compras – um símbolo e indicador do consumismo. A exposição é inédita em Salvador e foi pensada exclusivamente para o espaço da Roberto Alban Galeria de Arte. “A pesquisa e a produção das obras foi feita especialmente para esse espaço. Daqui, faremos novos desdobramentos e a imaginação não para, estou sempre evoluindo para novas criações”, revela Hermano.
 
 
"Trazer essa exposição para a galeria é uma enorme felicidade, pois Luiz Hermano é um grande artista, que dispensa comentários, e os baianos estão sendo presenteados com o que há de melhor na arte contemporânea brasileira”, afirma Alban. 

A mostra, que tem curadoria do historiador e diretor geral do Centro Cultural de São Paulo, Ricardo Resende, aponta para esta emergência, de que consumismo e materialismo não satisfazem os desejos pequenos e nem as necessidades maiores da humanidade. Pelo contrário, é responsável pela ansiedade e frustrações que vigoram na sociedade. “Eu já conhecia o trabalho de Luiz Hermano, mas hoje fiquei surpreso ao ver como ele evoluiu. Esta é uma oportunidade rara de ser ver obras de um artista tão importante”, comenta o crítico de arte Justino Marinho que esteve presente no evento.
 
As obras tendo como referência os carrinhos de compras compõem a maioria das criações que estão expostas, em uma clara alusão ao objeto que projeta, imprime e representa o consumismo em nossa sociedade. “O desenho desses carrinhos de supermercado virou indicador de compras nos sites de vendas da internet. Funcionam como ícones para assinalar o local onde se acumulam os produtos comprados. De alguma maneira representam a nossa ansiedade de consumo e o desejo desenfreado por comprar e comprar. Por fim, tornou-se símbolo do consumismo que assola a sociedade contemporânea. Consumir é uma nova forma de relacionar-se no século XXI”, explica Resende.
 
As esculturas e instalações de Luiz Hermano, compostas por resina, arame, aço  inox e alumínio, também fazem parte da mostra. Ganha destaque na exposição a obra Totem - escultura que usa oito carrinhos de compras, em tamanho real, amarrados entre si.  Quatro aquarelas coloridas em café, que serviram de estudos para a realização do Totem, também estão expostas.
 
A monumentalidade na obra de Luiz Hermano se apresenta em diversos espaços públicos no Brasil. Em São Paulo, nos jardins dos Museus de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo USP e de Arte Moderna de São Paulo, e no metrô (Estação República). Em Recife (PE), a obra Mandacaru, medindo 7 metros de altura, encontra-se exposta no Museu Cais do Sertão.
 

Sobre Luiz Hermano

Luiz Hermano Façanha Farias nasceu em 1954, em Preaoca, município de Cascavel, Ceará. Na infância, colecionava revistas em quadrinhos, fascículos de enciclopédias, almanaques e selos. No início da década de 1970, estuda filosofia em Fortaleza e, desde sempre, desenha. Em 1979, frequenta aulas de gravura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, transfere-se para São Paulo e, a convite de Pietro Maria Bardi, realiza a mostra Desenhos, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Em 1980 edita o álbum de gravuras intitulado O Universo. Em 1984, ao receber o Prêmio Chandon, viaja para Paris, onde realiza a exposição Individual na Galeria Debret. Em 1983, participa da 5ª Bienal Internacional de Seul e em 1986, da 2ª Bienal Pan-Americana de Havana. Na década de 1980, dedica-se, sobretudo, à pintura. Nos anos de 1990, desenvolve obras tridimensionais utilizando materiais diversos, como cabaças naturais, fios de cobre, arame, capacitores eletrônicos, ligas de bronze, alumínio, peças de acrílico e vários tipos de peças industrializadas, deslocadas do cotidiano. Em 1987 expõe pinturas na 19ª Bienal Internacional de São Paulo e esculturas na 21ª edição do evento, em 1991. Apresenta, em 1994, a mostra Esculturas para Vestir, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 2005, participa da exposição Discover Brazil, no Ludwig Museum, Koblenz, Alemanha. Em 2008, realiza a exposição Templo do Corpo, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, sendo nesta ocasião publicado o livro: Luiz Hermano, com texto de Agnaldo Farias e Kátia Canto. 
 
Sobre o curador Ricardo Resende
Ricardo Resende, mestre em História da Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), tem carreira centrada na área museológica. Trabalhou de 1988 a 2002, entre o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e o Museu de Arte Moderna de São Paulo, quando desempenhou as funções de arte-educador, produtor de exposições, museógrafo, curador assistente e finalmente, curador de exposições. Desde 1996, é curador do Projeto Leonilson. De março de 2005 a março de 2007, foi diretor do Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, no Ceará. Em 2007 participou de residência artística, como crítico convidado do Lugar a Dudas, em Cali, Colômbia. De Janeiro de 2009 a junho de 2010, foi diretor do Centro de Artes Visuais da Fundação Nacional das Artes, do Ministério da Cultura. Atualmente é o diretor geral do Centro Cultural São Paulo, São Paulo. Como curador de exposições organizou a mostra Leonilson: sob o peso dos meus amores, em 2011; Sérvulo Esmeraldo, em 2011, na Pinacoteca do Estado de São Paulo; I FotoBienalMASP, em 2013, no Museu de Arte de São Paulo e no Museu Oscar Niemeyer.