Pela primeira vez uma peça de Nelson Rodrigues é adaptada para o teatro de animação. A peça “Valsa nº 6” chega a Salvador. A montagem, com patrocínio do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura, utiliza recursos da linguagem de animação para valorizar a poética do texto. Encenada pela Companhia Teatro Portátil, o espetáculo acontece nos dias 21 e 22 de março, noTeatro Sesc-Senai, no Pelourinho.

O monólogo, escrito em 1951, apresenta uma menina assassinada aos 15 anos que tenta se lembrar do que aconteceu. As imagens chegam aos pedaços e ela vai reconstituindo o passado, ainda recente, até descobrir que está morta.

A ideia de adaptar o texto de Nelson Rodrigues para o teatro de animação partiu de Flávia Reis. A atriz destaca que a temática da peça foi primordial para a escolha. “A peça questiona nossa existência. Colocar uma boneca - um objeto inanimado - em cena, cheio de vida, indagando ao espectador sobre o que é estar vivo, representa para mim uma metáfora dessa questão”.

No palco, além da boneca, estão as memórias de Sônia, projetadas em filmes de animação. A proposta é trabalhar com diferentes dimensões narrativas e metafóricas, reais e fictícias, presentes na peça. “É uma experiência estética muito especial”, define Flávia.

A boneca foi confeccionada pelo bonequeiro Raimundo Bento, do Giramundo, de Belo Horizonte, inspirada na estética do filme “A Noiva Cadáver” de Tim Burton. Beatriz Carvalho e Diogo Nil Cavalcanti, dupla radicada no Canadá, assinam os filmes de animação que projetam as imagens das lembranças de Sônia.