Cultura

WALTER, o gordinho fino da bola, jóia rara nessa arte, p OTTO FREITAS

Ele chamou a atenção do Brasil com seu futebol de beleza e resultados.
OTTO FREITAS , Salvador | 18/03/2014 às 09:06
Walter é o símbolo dos gordos bom de bola
Foto: DIV
Para entrar na seara alheia, Jeffinho pede licença ao professor ZedeJesusBarrêto, comentarista de futebol deste site que "joga isso e dominó” como ninguém. Mas a razão é justa, é uma questão de solidariedade entre os gordos.

Admirador do jogo feito por artistas, em vez de atletas musculosos que mais parecem lutadores de MMA, Jeffinho não se contém de tanta alegria, diante do sucesso que Walter, o gordinho craque de bola, anda fazendo no Fluminense do Rio de Janeiro, como craque e como pessoa.

Apesar de jovem, nos seus vinte e poucos anos, Walter já andou muito por aí, sem conseguir um lugarzinho ao sol porque sempre esteve acima do peso. Até que alguém, lá no time do Goiás, concluiu que mais valia um craque gordinho do que um monte de perna de pau e cabeça de bagre magro, malhado e improdutivo – só faz correr. 

Walter chegou e matou a pau, chamou a atenção do Brasil com sua humildade e seu futebol eloquente, de beleza e resultados, e um jeito elegante de bater na bola. Agora ele joga em time grande, sob os olhares atentos da grande mídia. 

O quase ex-gordinho é aquele que vê o que ninguém vê; o que sempre encontra a chance de gol escondida em meio a uma marcação fechada e dura; os espaços se abrem diante do seu talento e majestade. 

Walter é o que deixa o zagueiro torto só com um toque sutil ou um jeito de corpo, mesmo gordo; ele é o improvável, o que acerta o torto, embeleza o feio, e distribui o jogo com a elegância de Ademir da Guia e a sutileza de Bobô. Com ele, o difícil parece fácil. 

E muito cá para nós: Walter é melhor do que Fred, que é só um bom jogador, o artilheiro, dono da pequena área, bota pra dentro como vem. Walter é craque, o fino da bola, o que bota pra dentro com beleza, o que dá toques singelos e passes precisos com a simplicidade do gênio; aquele a quem a bola procura, mesmo que ele finja não querer. 

Walter mostra o que não se vê nem mesmo na mediana Seleção brasileira atual, exceção feita a Neymar. Aliás, quem, entre os convocados para a sua posição, é melhor do que Walter ainda gordinho? Sim, porque em plena forma – condição em que ninguém jamais o viu – é evidente que Walter seria titular absoluto, não teria para ninguém.  

Em tempo: se Vinícius de Moraes seria o padrinho dos gordinhos, Walter bem que poderia se tornar o nosso líder na eterna luta contra a balança, as alfaces e as incompreensões.