Cultura

ExperimentandoNUS Cia. de Dança estreia duas coreografias no XISTO

Violência sexual contra crianças e marginalização de expressões culturais da periferia são temas do espetáculo Duplex, que comemora os 6 anos da companhia


Crioula , Salvador | 18/03/2014 às 13:38
25, 26 e 27 de março
Foto: DIV
O cotidiano refletido no palco e questões sociais como ponto de partida para dança. É com esse mote que a ExperimentandoNUS Cia. de Dança estreará duas novas coreografias dentro de sua mais nova montagem, Duplex, no Espaço Xisto Bahia (Biblioteca Central dos Barris), nos dias 25, 26 e 27 de março, às 20h. Com assinatura do diretor e coreografo Bruno de Jesus, ambas criações partem de um olhar para questões sociais, a violência sexual contra crianças e as estéticas culturais da periferia.


Por meio da dança contemporânea,  a coreografia bon-ECA provocará reflexões em torno da violência sexual contra crianças, revelando seu caráter frequente e velado na sociedade brasileira. Para potencializar a criação artística, foi feita pesquisa com psicólogas que atendem vítimas de violência sexual. A partir desse diálogo, dois objetos-chave foram inseridos na coreografia “o desenho no papel branco com giz de cera e a imagem da boneca, que podem carregar historias e lembranças marcadas na infância, todas ligadas a ingenuidade e a fragilidade", explica o diretor .


No segundo trabalho, intitulado Por que, Zé?, entra em cena o universo da música verdadeiramente popular, focando em três vertentes: o arrocha, o pagode e o funk. Segundo o coreógrafo, o objetivo é problematizar o preconceito em torno dessas expressões, "Existem pessoas, principalmente as mais velhas, que falam muito da vulgaridade, do erotismo na dança e nas letras. Queremos questionar que o tempo da juventude dessas pessoas outro. Precisamos ver não só como uma questão de música ou de mercado, mas como a produção de um povo que está ocupando aquele lugar e tempo" . Retomando a característica da companhia de provocar reflexões no espectador, esta nova coreografia procura entender a importância desses estilos, da musicalidade e corporalidade na diversidade cultural brasileira e nas identidades do nosso povo.

Da soma das duas criações, o espetáculo Duplex pode ser compreendido como um sistema de comunicação composto por dois interlocutores que podem comunicar-se entre si e em ambas as direções, neste caso as duas coreografias e o seu contexto, na linguagem de dança contemporânea.   

Bruno afirma que a tônica social do espetáculo Duplex reflete a trajetória do grupo “Nossos espetáculos não têm só uma função artística e filosófica, mas também algo que traz uma reflexão do cotidiano. É uma celebração de 6 anos tratando desses temas.”



Serviço

O quê: Estreia do espetáculo DUPLEX
Quando: 25, 26 e 27 de março
Horário: 20h
Local: Espaço Xisto Bahia
Endereço: Rua General Labatut, 27 – Barris
Quanto: R$20 e R$ 10
Classificação: 16 anos
 

ExperimentandoNUS Cia. de Dança

Criada em 2008, a ExperimentandoNUS Cia. de Dança é uma companhia que abarca em seu currículo coreografias que abordam o corpo e as inquietações do cotidiano num contexto politico e sociocultural. Com objetivo de construir uma reflexão sobre identidade e representatividade nacional, a Cia alimenta sua linguagem por meio de pesquisas de movimento gestos, quedas, fluxos de movimentos, rolamentos, expressão facial, textos, humor, principalmente diálogo com elementos cênicos.



Bruno de Jesus assina a direção e as coreografias da ExperimentandoNUS. A equipe é composta por bailarinos de diversas linguagens e experiências artísticas e sempre trabalhou de forma independente apesar das dificuldades de financiamento.



A  Cia  estreou seu primeiro espetáculo no ano de 2008 “Quem te pariu?”,  premiado pelo Quarta que Dança, obra construída na idéia do corpo brasileiro e sua representatividade. No ano seguinte o trabalho “Pau que nasce torto...” que aborda as influências de jogos eletrônicos no desenvolvimento de crianças e jovens. Em 2010 “Manolo Encubado” que propõe uma reflexão acerca da liberdade e autonomia.



Em 2011 o trabalho solo “Sala do Couro” se destacou pela corporeidade e composição coreográfica. Posteriormente, o espetáculo “MARIETA”  que reafirma a estética e corporeidade da Cia. se destacando pela aproximação de elementos cotidianos em suas investigações e composições, onde a gestualidade, tensões, quedas e assuntos de relevância social, uma de suas principais características, potencializa a dramaturgia da obra.

Bruno de Jesus, coreógrafo

Bailarino, coreógrafo, produtor e diretor artístico. Graduando em Licenciatura em Dança na UFBA, formado pela Escola de Dança da FUNCEB (2010). Integra a Áttomos Cia. de Dança desde 2009. Diretor e coreógrafo da ExperimentandoNUS Cia. de Dança. Assinou a coreografia e direção do espetáculo Mistura Brasileira da CDRS – Companhia de Dança Rodas no Salão com atletas dançarinos cadeirantes para Festival Orphée, em Versailles – França 2011. Premiado pelo Quarta que Dança 2013 com o espetáculo RAIMUNDOS uma homenagem aos 50 anos de carreira do percussor da dança afro brasileira, Mestre King. Como bailarino participou do espetáculo Dona Janaína,  sob direção de Jorge Alencar; “Todo menino é um rei” de Marilza Oliveira (2004), a companhia Folclórica Ibá Kilombo e outros artistas baianos.

Estudou no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia (2004), participou de cursos e workshops como: Dança afro dos blocos afros: Diversidade, identidade e resistência, WDA-World Dance Alliance/UFBA (2007); Isadora Duncan Ministrada por Lori Belilove – Isadora Duncan Foundation NY - Nova York (2009); Composição do movimento Núcleo de investigação coreográfica João Perene; dança contemporânea com o artista israelense multidisciplinar Khosro Adibi (2012). Em sua trajetória vem participando de projetos sociais como Viva Ilha, Fazendo Cidadania, Amigo da Escola, Mais Educação e outros.



Atualmente coordenador de produção do AbriU Dança na Bahia, desenvolve trabalho de dança na cidade de Tremedal Bahia, no Instituto Aldemário Pinheiro.
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