Cultura

JEFFINHO já foi vítima do suco verde, o tchan do verão, p OTTO FREITAS

Otto Freitas escreve sobre vida de gordo
Otto Freitas ,  Salvador | 03/02/2014 às 10:46
Suco verde na moda do verão 2014
Foto: DIV
A última novidade milagrosa para quem quer emagrecer é o suco verde, feito à base de legumes e folhas verdes, principalmente a couve. É a moda desse verão, cujos adeptos estão entre celebridades e gente comum, brasileiros e estrangeiros. Trata-se de uma mistura inusitada e cada seguidor tem sua receita - mas todos incluem folhas verdes, frutas, sementes como linhaça e raízes, como gengibre. 

Com o suco verde, todos acreditam que podem acelerar o metabolismo, reduzir o apetite e eliminar toxinas, fazendo uma faxina no organismo. Os mais exotéricos até espiritualizam o suco verde, atribuindo-lhe a capacidade de limpar o corpo, a mente e a alma, como certos chás utilizados por algumas culturas e religiões. 

Enfim, nesse mundo estranho e sem fé, as pessoas vivem em busca do que lhes faça bem, querem acreditar em qualquer coisa – e acabam adorando um singelo copo de suco, atribuindo-lhe superpoderes. Mas o certo é o seguinte: se o suco verde não faz mal à saúde, também não há nenhuma garantia de que contenha todo o bem que se atribui a ele. 

O fato é que não há mágica no ritmo do organismo. O ganho e a perda de peso estão relacionados ao metabolismo adequadamente azeitado ou não, como afirma a revista Veja, em reportagem sobre o assunto, com base em relato de especialistas. “Mais do que a privação de alimentos, o exercício físico é a forma apropriada para acelerar o metabolismo, aumentando assim o consumo de calorias”.

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Craque em experimentar novidades para emagrecer, incluindo chás, sopas e sucos, Jeffinho já tomou muito suco verde, por recomendação da sua nutricionista. Sua modalidade incluía folha de couve, gengibre, linhaça, polpa de frutas variadas, para fugir da rotina, e um pouco de água. Quando fazia com abacaxi, acrescentava hortelã, para ficar mais refrescante. 

Depois de tomar aquele copão verde, quase de gute-gute (o sabor é bom, mas tem que consumir logo, senão o suco perde suas propriedades), Jeffinho ficava empanzinado, como se acabasse de comer uma fraldinha inteira com feijão tropeiro. Mas essa sensação não durava muito. Depois de uma hora, aproximadamente, o fastio era substituído pelo ciclo do xixi. 

Com a próstata velha e cansada, a bexiga frouxa e com os diuréticos usados no controle da pressão arterial, a ingestão diária de um copo de suco verde ajudava a consolidar ainda mais a fama de Jeffinho como o maior mijão da área. Onde estivesse, precisava de um banheiro bem próximo e de fácil acesso - e passou a vestir roupas que facilitassem o desembainhar do seu peru embutido nas banhas. Caso contrário, os primeiros pingos eram sempre das calças, isso era garantido. Além de potássio, também perdia a compostura.

Além desse gravíssimo inconveniente, depois de uns poucos meses Jeffinho começou a enjoar, enguiava logo aos primeiros goles do suco verde. Seu organismo rejeitava o verdinho milagroso e ele próprio já estava de saco cheio de tomar aquilo todo dia. Por mais que variasse nas frutas, o gosto da couve é predominante e não é bom nem um pouquinho (couve, só cozida, nem que seja rapidamente, no vapor).

Jeffinho nunca mais tomou suco verde na vida. Foi assim também quando se submeteu (voluntariamente, o que é pior) à moda da sopa do salsão - era salsão no rabo, todo dia, até que não aguentou mais e chutou a panela. 

Hoje, ele não gosta nem de ver um copo de suco verde, apesar de toda beleza. Também não aguenta sequer sentir o cheiro de uma sopa de legumes e verduras de que tanto gostava. Tudo demais enjoa, já dizia vovó Celina.