Cultura

Lançada Antologia Poética de Affonso Manta com apoio da Assembleia

vide
ASCOM ALBA , da redação em Salvador | 29/11/2013 às 17:44
Poeta Ruy Espinheira autografa obra que organizou
Foto: MOKA
Foi emocionante o lançamento, póstumo, da Antologia Poética de Affonso Manta, autor de poemas de valor universal de lirismo, delicadeza e reflexão notáveis, como frisou o organizador do volume, seu amigo, o laureado poeta e acadêmico Ruy Espinheira Filho. Apesar das fortes chuvas que caíram sobre Salvador e conturbaram o trânsito, cerca de 200 pessoas estiveram no ato de lançamento que contou com várias comitivas vindas de Poções, Jequié e Vitória da Conquista, além de acadêmicos, professores, jornalistas, amigos e admiradores do poeta.

A Antologia Poética de Affonso Manta é o quatro volume da coleção Mestres da Literatura Baiana coeditada pela Assembleia Legislativa da Bahia e a Academia de Letras da Bahia, que resguarda do esquecimento clássicos das letras de nossa terra para o conhecimento das novas gerações. O presidente da Academia, Aramis Ribeiro Costa, lembrou que a literatura brasileira surgiu em nosso estado, com Gregório de Mattos e seu grupo, prosseguindo depois com a poesia de Castro Alves e Junqueira Freire.
BARREIRA INVISÍVEL

Persistiu no século XX com a alta qualidade dos trabalhos de Jorge Amado, Adonias Filho, Herberto Sales, João Ubaldo Ribeiro e Hélio Pólvora (entre outros), mas já aí poucos romperam uma barreira invisível que limita as nossas letras ao território baiano. Segundo ele, a coleção Mestres da Literatura Baiana preservará obras e escritores notáveis, como “Affonso Manta que merecia ter desfrutado de destaque e notoriedade maior dada a qualidade de sua obra, desconhecida até para os baianos”.

O professor Délio Pinheiro representou no ato de lançamento o presidente Marcelo Nilo, que viajou para cumprir compromisso assumido no interior. O professor falou sobre o alcance do programa editorial do Legislativo – até o final do ano deverão ser lançados outros cinco livros, totalizando 115 volumes nos últimos sete anos – e confessou que só conheceu a poesia de Affonso Manta agora. Para ele um “poeta denso, visionário, que viveu a vida como o poeta que era”.

Délio Pinheiro entende a poesia como a “prima donna” da literatura, pela síntese e técnica e se declarou gratificado quando soube da decisão de Ruy Espinheira Filho, seu antigo colega na universidade, de organizar esse livro, pois “ele possui rigor intelectual e bom gosto”. Leitor das obras de Ruy, revelou que durante anos a fio através de um livreiro amigo comprava os mesmos livros que o amigo – abrindo seus horizontes para autores (para ele) desconhecidos como o chileno Antonio Skármeta.

Ruy Espinheira Filho declamou dois poemas curtos de Affonso Manta, “Relâmpagos”, um soneto, e “Quando Esta Noite Passar”, publicados nas páginas 46 e 78 da Antologia. Falaram ainda sobre a vida boêmia, a generosidade pessoal e as dificuldades enfrentadas pelo poeta amigos como Altamirando Camacan e o livreiro Eduardo Sarno, que o conheceu ainda quando era conhecido como Affonso do doutor Ary, lembrando o hábito interiorano de qualificar os filhos através da lembrança dos seus pais. O doutor Ary era médico e dono da farmácia, ponto de encontros na Poções dos anos 50 e 60 do século passado.