Cultura

Encontros marcaram o segundo dia do Café Literário na Bienal do Livro

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Isa Lorena , Salvador | 10/11/2013 às 10:20
Café literário onde acontecem os debates
Foto: Marcelo Gandra
Foram interessantes os encontros do Café Literário neste segundo dia de programação da 11° Bienal do Livro da Bahia. A primeira sessão, realizada às 15h, trouxe histórias de dois jovens engajados que transformaram suas realidades através da leitura e da escrita. Com mediação de Miguel Jost e sob os olhares atentos do público, Otávio Júnior, contou o início de sua trajetória, que o fez ficar conhecido como “O livreiro do Alemão”, em referência à comunidade carioca onde nasceu e vive até hoje.

“Via que os traficantes eram considerados os heróis da comunidade. Tinha vontade de mudar essa situação, mas também tinha medo. Mas quem tem sonhos, não pode ter medo”, ressaltou Júnior, responsável pela criação da primeira biblioteca pública independente em meio a um ambiente dominado pelo tráfico. A frase faz todo sentido para Isadora Faber, que ficou conhecida em todo o país depois de criar a fanpage Diário de Classe, na qual fazia questionamentos sobre educação, sucateamento das escolas e desvio de verbas públicas. Apesar de sofrer ameaças e ser hostilizada por professores e alunos, Isadora seguiu em frente e chegou a receber cerca de 7 mil mensagens diárias de estudantes pedindo ajuda e orientações para melhorarem suas escolas. “Conhecer outras histórias e melhorar o ambiente em que vivo superam todas as ameaças que sofri”, disse Isadora.  “O livro e a escrita mudaram minha vida e podem mudar a vida de outras pessoas”, finalizou Júnior.

A segunda sessão do Café, iniciada às 17h30, foi mediada pelo curador do espaço, o escritor João Paulo Cuenca e trouxe a ex-mulher do poeta Vinícius de Moraes num bate papo pra lá de descontraído com o Miguel Jost, que é pesquisador titular do Núcleo de Estudos em Literatura e Música (Nelim/PUC-Rio) e em 2008 organizou e assinou os prefácios dos livro "Samba Falado - crônicas musicais de Vinicius de Moraes", ambos lançados pela Azougue Editorial.

Esposa do poetinha que em 2013 completaria 100 anos, Gessy contou para o público, que lotou o espaço, as mais variadas histórias que marcaram os sete anos de união com Vinícius, presentes no livro “Minha Vida com o Poeta”, onde narra um cotidiano de convivência nunca antes conhecido, entre as viagens e os muitos encontros promovidos na casa construída por ele no bairro de Itapuã, em Salvador, ao mesmo tempo em que expõe a realidade social da Bahia de sua época. “Fui muito feliz e faria tudo outra vez, se preciso fosse, como diz a canção. Tenho hoje uma tranquilidade de saber que fui muito amada e que amei muito também”, declarou Gessy Gesse.

E para fechar a noite, em mais uma sessão lotada, André Vianco e André Xerxernesky, dois jovens autores de obras sobrenaturais que misturam terror, suspense, fantasia e romance, falaram sobre o universo da literatura fantástica, que a cada dia ganha novos leitores, sobretudo entre o público juvenil.

Sobre o Café Literário - Já consagrado, o Café Literário é uma das áreas mais disputadas da Bienal e palco de debates sobre temas que vão da literatura ao cotidiano. Esse ano algumas sessões prometem dar o que falar. “Ser biógrafo no Brasil de hoje”, com Josélia Aguiar e Mário Magalhães, e “Brasil 2013 - Mídia Ninja e ativismo online”, com Rafucko e Bruno Torturra, trazem para a festa literária dois dos assuntos mais polêmicos do momento.