Cultura

OS 100 ANOS de Vinicius de Moraes

Lançamento de livros, CDs e mostra de filmes, além de um site com toda a obra de Vinicius, na íntegra, fazem parte das comemoerações
Nara Franco , da redação no Rio de Janeiro | 15/10/2013 às 21:52
O editor e poeta francês Pierre Seghers com Vinícius de Moraes, em Paris
Foto: Wikipedia
Vinicius de Moraes nasceu em 19 de outubro de 1913, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio. No próximo sábado, completaria 100 anos. Vinicius teve nove mulheres e cinco filhos. Foi poeta, escritor em prosa, compositor, dramaturgo, crítico de cinema, cronista e diplomata. Bebia muito, fumava demais. Foi boêmio inveteradíssimo. Seu melhor amigo: a garrafa de whisky, segundo ele, "o cachorro engarrafado". Morreu em 9 de julho de 1980.

Vinicius já foi enredo de escola de samba, tema central de peça de teatro e de uma biografia. Dá nome a uma das mais charmosas ruas de Ipanema, onde se encontra uma loja dedicada à Bossa Nova, que não à tôa se chama "Toca do Vinícius". Na mesma rua, na esquina com a Prudente de Moraes, está o bar "Garota de Ipanema" (à época Bar Veloso), onde Helô Pinheiro passou em direção à praia cativando o olhar do mulherengo Vinicius. Dessa passagem singela nasceu uma das mais famosas canções brasileiras: "Garota de Ipanema". 

Vinícus é autor do clássico "Chega de Saudade", marco do movimento "um banquinho e um violão". Escreveu "Orfeu da Conceição", baseado na história grega de Orfeu e Eurídice, após visitar uma favela. Encenada em 1956, tinha no elenco atores negros e mestiços. A peça virou filme de Albert Camus e ganhou Palma de Ouro em Cannes. 

Acredite: há quem ache Vinicius de Moraes um poeta menor, justamente por rimar "beijinhos" com "peixinhos" em suas canções. Acredite. Seu centenário, porém, revela não só sua importância para a cultura brasileira, mas seu lado visionário e formador de tendências. Vinicius não tinha limites. Começou com temas religiosos na década de 20, 
mas dez anos depois se consolidou como um dos principais nomes da Geração Modernista. Escreveu para adultos e crianças ("A Arca de Noé"). Compôs "afro-sambas" com Baden Powell e, como ninguém, falou de amor. 

Vinicius "era o branco mais preto do Brasil", como ele mesmo se definia, e era muitos. Na música, a parceria com Tom Jobim rendeu à MPB um extenso repertório de grandes clássicos. Foi gravado por Aracy de Almeida, Elis Regina, Elizeth Cardoso, Miucha e Toquinho. 

Apesar de carioca, Vinícius era cidadão do mundo. E, principalmente, da Bahia. Nos anos 70, influenciado pela sétima mulher, Gesse Gessy, se aproximou do candomblé e trocou Ipanema pela tranquilidade do bairro de Itapuã. Sem Vinícius, como "passar uma tarde em Itapuã, com o sol que arde em Itapuã, ouvindo o mar de Itapuã, falar de amor em Itapuã"?Gesse Gessy era filha de santo do terreiro de Mãe Menininha do Gantois e apresentou o poeta à Mãe de Santo, que, reza a lenda, teria dito ser Vinícius filho de Oxalá. Vinicius esqueceu sua formação católica e abraçou a fé africana. 

Para celebrar os 100 anos deste grande artista, será lançado no dia 19, o novo site oficial do Poetinha (www.viniciusdemoraes.com.br), com fotos inéditas, discografia completa e toda a produção intelectual de Vinicius. Todas as suas obras estarão disponíveis na íntegra no site. A ideia, segundo a família de Vinicius, é dar acesso a alunos e professores que desejam ter mais informações sobre a obra do poeta. 

Mais homenagens à Vinicius de Moraes:

- A Companhia das Letras lançou recentemente três livros sobre algumas das paixões de Vinicius: "Pois sou um bom cozinheiro - Receitas, histórias e sabores de Vinicius de Moraes";  "Jazz $ Co." e "Uma mulher chamada guitarra". A editora preparou ainda uma caixa com quatro livros do poeta e toda a obra do autor em e-book. 

- O Canal Brasil agenda uma mostra de filmes para o dia 19, com os longas "Orfeu Negro" (1959), "Para viver um grande amor" (1984), "Orfeu" (1999) e "Vinicius" (2005). 

- A Universal lançou "A benção Vinicius - A arca do poeta", com 20 álbuns de Vinicius.Já a Sony preparou uma nova versão para a "Arca de Noé", que reúne as músicas dos dois discos orginais relidas por por artistas como Marisa Monte, Chico Buarque, Caetano Veloso, Zeca Pagodinho e Erasmo Carlos.