Cultura

THEATRO XVIII Aninha Franco recria Antígona e pede reflexão s/ o poder

A Antígona de Sófocles, escrita no século V antes de Cristo, apogeu da Grécia clássica, é uma das obras mais significativas sobre o poder e o amor.
Rosane Santana , da redação em Salvador | 19/09/2013 às 16:43
Theatro XVIII: quarta a sábado, sempre às 19h30min,e aos domingos, 18h.
Foto: DIV
A leitura dramática de Antígona, recriação do clássico de Sófocles da escritora Aninha Franco, será apresentada a partir da próxima semana, em Salvador, no Anexo do Theatro XVIII, de quarta a sábado, sempre às 19h30min,e aos domingos, 18h. Aberto ao público, o evento marca a primeira etapa do processo de montagem do espetáculo, “Amor em processo – 1º Movimento: Antígona”, que reúne as companhias de teatro AR 18, de Aninha Franco e Rita Assemany, e BR 116, de Bete Coelho e Ricardo Bittencourt, com estreia prevista para 2014.
 
“Com a globalização, as pessoas estão se aglutinando em torno de identidades que extrapolam os territórios conhecidos, reconfigurando novas redes de trabalho e de relacionamento para além das cidades e até do Estado-Nação”, teoriza Aninha, para explicar o encontro dos quatro artistas, em Salvador, em torno da realização desses projetos.
 
A Antígona de Sófocles, escrita no século V antes de Cristo, apogeu da Grécia clássica, é uma das obras mais significativas sobre o poder e o amor. Por isso mesmo, segundo Aninha Franco, “vários dramaturgos releram o texto em períodos confusos da história”, observa, citando Jean Cocteau, na Primeira Guerra Mundial (1914-1919) e Jean Anouilh e Bertold Brecht, durante a Segunda Guerra (1939-1945) No período da ditadura militar no Brasil, a peça foi vetada e uma absurda ordem de prisão contra Sófocles - um grego morto há 2.500 anos - foi expedida, de acordo com ela, que registrou o episódio no livro de sua autoria, “O Teatro na Bahia através da Imprensa”. Antígona também recebeu leituras e releituras na Revolução Francesa, no século XVIII (1789) e nos movimentos feministas europeus. 
 
Nazismo, fascismo, ditadura no Brasil e Argentina e desmandos palacianos não escapam à recriação de Antígona por Aninha Franco, que manifesta sua intenção de “levar as pessoas a refletirem sobre o poder e o amor”. Aliás, a reflexão sobre a política, de uma maneira geral, é um dos traços marcantes nos textos da premiada dramaturga, nacionalmente reconhecida pelo trabalho realizado há quase duas décadas no Theatro XVIII.
 
Tanto eu como Bete (Coelho) queremos encenar Antígona há muito tempo. Começamos um processo e esperamos que, no próximo ano, isso aconteça ”, disse Aninha Franco, para quem esse é mais um motivo para o encontro dos quatro artistas na Bahia.
 
Participam também do projeto, o videomaker Gabriel Fernandes, registrando todo o processo, e Bira Reis, que fará intervenções sonoras a convite de Aninha Franco.
 
AR 18 e BR 116
 
As companhias AR 18 e BR 116 reúnem os artistas Aninha Franco e Rita Assemany e Bete Coelho e Ricardo Bittencourt, respectivamente. Todos eles há longo tempo trabalhando no mercado brasileiro de teatro, cinema e televisão. Juntos, os dois grupos pretendem desenvolver uma série de projetos na Bahia e em São Paulo, inaugurando uma parceria que promete dar muitos frutos.