Cultura

Stella Mãe das palavras na Academia de Letas, por ZÉDEJESUSBARRÊTO

Mãe Stella é uma senhora do saber. A ALB e a velha Bahia se engrandecem com a sua existência, sua ação e presença.
ZÉDEJESUSBARRÊTO , Salvador | 12/09/2013 às 17:33
Mãe Stella de Oxóssi toma posse na Academia de Letras da Bahia
Foto: DIV

“Falar de um Orixá é falar de um universo mitológico que veio se delineando juntamente com a história do princípio do mundo. É voltar no tempo, tentando decifrar o mistério do indecifrável, aquilo que apesar de ser experienciado, vivido e sentido não pode ser traduzido em uma única forma, pois tendo todas as formas, nenhuma delas o revela” 
(Mãe Stella de Oxóssi, no livro “Oxóssi, O caçador de Alegrias’.

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Tem um sobrenatural significado para o ‘povo de santo’ da Bahia a posse, hoje, de Maria Stella de Azevêdo Santos, Ialorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, na cadeira número 33 de Academia de Letras da Bahia, que tem como patrono Castro Alves, o poeta dos escravos. Mãe Stella representa a ancestralidade africana que impregna com a graça e poderes da Mãe Natureza a nossa Bahia. 

Faz-se História: Pela primeira vez, nos 96 anos da ALB, tem assento uma mulher, líder e sacerdotisa de uma comunidade religiosa de matriz africana. É sabedoria Ketu-nagô, Gêge, Angola, África-Bahia, Brasil. Stella mãe nos representa. 

Mãe Stella é uma senhora do saber. A ALB e a velha Bahia se engrandecem com a sua existência, sua ação e presença. 

Parabéns, Stella de Oxóssi, rainha da Casa de Xangô, a roça de São Gonçalo. Somos eternamente agradecidos pelos seus ensinamentos perenes e, curvados, pedimos: Sua benção, Mãe Stella! 

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“Meu filho, olhe bem: Santo Antonio foi um grande ser humano, teve uma existência concreta, foi um virtuoso da coragem e da fé. Mas um dia sua vida acabou neste nosso planeta. Santa Bárbara do mesmo jeito; São Jorge, idem. Todos foram boníssimas pessoas que fizeram ações positivas para melhorar a humanidade. Entretanto, um dia morreram. Por sua vez, o Vento não tem fim, a Água não morre e o Fogo é eterno. São os nossos Orixás, e essa é a diferença. Um santo católico precisa morrer para ser canonizado; nossos Orixás não morrem jamais. Logo, se você vai a uma igreja, deve rezar para Santo Antonio, São Jorge, Santa Bárbara... No terreiro, porém, devem bater cabeça para Ogum, Oxóssi e Iansã. O sincrtismo nos valeu em uma época difícil, de resistência e travessia; agora, já fizemos o caminho e devemos assumir nossas divindades, sem precisar disfarçar”

(trecho de uma entrevista de Mãe Stella concedida ao educador Jorge Portugal, reproduzido no artigo “Mãe Stella das Letras”, escrito pelo poeta e professor santamarense, em A Tarde, edição do dia 10 de agosto/2013)

Axé, com todo orgulho dessa ‘baianidade’.