Cultura

Palacete das Artes promove seminário sobre a Arte Moderna Baiana

Palacete das Artes promove seminário sobre a Arte Moderna Brasileira e Baiana, em homenagem aos 90 anos de Mário Cravo Jr.
Cleide P das Alves , Salvador | 09/07/2013 às 17:27
Parque das Esculturas de Mário Cravo Jr
Foto: DIV
O Palacete das Artes, em homenagem aos 90 anos do artista plástico Mário Cravo Jr., promove, de 18 a 20 de julho, o seminário “A Arte Moderna Brasileira e Baiana”. O encontro, que vai reunir diversos especialistas, artistas plásticos e interessados, pretende discutir e ampliar os estudos do modernismo na obra de Mário Cravo e nas artes plásticas baianas.

 Durante a abertura do evento, às 19h, com presença do governador Jaques Wagner, haverá a inauguração de placa, confeccionada pelo artista Luiz Tourinho, que registrará o nome da Sala de Arte Contemporânea do Palacete das Artes como Sala de Arte Contemporânea Mário Cravo Jr., além do lançamento do documentário “Mário Cravo Esculturas”.

O vídeo, lançado pelo Palacete, traça em pouco mais de treze minutos a trajetória de um dos maiores artistas brasileiros. Além da narração de Cravo, traz relatos da vida e obra do escultor, abordados pelo diretor do Palacete, Murilo Ribeiro, também curador da exposição “Mário Cravo Jr. Esculturas”. “Considero coerente na obra de Mário a inquietude. Ele é uma figura singular, forte, ágil, experimentador, irreverente, mágico, generoso, além de um mestre afetuoso. Catalisador do modernismo na Bahia é artista sem tempo e sempre um artista do seu tempo”, define Ribeiro. Também presente na exibição, o secretário de cultura, Albino Rubim, acrescenta o avanço do modernismo com a obra de Cravo, que considera fabulosa. "Mário Cravo Júnior tem lugar vital na instalação e consolidação do modernismo na Bahia. E, além de ter esse papel inovador, com sua criatividade, assume lugar de destaque na nossa arte moderna. Sua obra está disseminada nas ruas e prédios de Salvador e de outras cidades. Ela encontra acolhida em relevantes museus no Brasil e no mundo. Sua produção artística é reconhecida em estudos, publicações e ambientes culturais. Nada mais justo que homenagear nosso escultor maior, agora nos seus 90 bem vividos e criativos anos". 

De acordo com Frederico Mendonça, diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), a Sala de Arte Contemporânea, agora merecidamente nomeada de Mário Cravo Jr., foi construída em 2005, tendo, por isso, cerca de um século de diferença do Palacete Bernardo Martins Catharino, que foi terminado em 1912. “É muito significativa e simbólica a nomeação da Sala com o nome do nosso artista modernista Mário Cravo Jr., já que esse conjunto traz no seu projeto arquitetônico original também a ideia moderna da integração”, diz Mendonça. Ele informa que o Palacete Catharino, do início do século XX, tem estilo eclético e é tombado, via decreto estadual nº 33.252, como Patrimônio Cultural da Bahia desde 1986, via IPAC, enquanto a sala contemporânea traz influência da arquitetura moderna, com projeto de autoria dos paulistas Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci.
Mário Cravo Jr. é considerado o maior expoente do movimento de arte moderna da Bahia dos anos 40 e 50, e um dos mais importantes artistas da nossa terra. Escultor reconhecido internacionalmente, do mesmo modo que seus contemporâneos Carybé e Jorge Amado, imprimiu em sua obra a essência do povo, suas tradições e crenças, seus costumes e mitos. Artista nato, jovem talentoso, homem falante, criativo e agitador, no melhor dos sentidos, foi do barro para o gesso e daí para a pedra sabão, aço, sucata, alumínio, resina, plástico, enfim, todo material que pudesse trabalhar.

Para o artista, a homenagem com a Sala Contemporânea representa um novo marco para a capital baiana. “Fico muito sensibilizado com esta homenagem, em nome de toda minha geração de artistas. Ganhará com isso a cidade, cuja cultura terá uma construção mais dinâmica e atrativa para seus moradores e visitantes. Apesar disso, acredito que o poder público ainda deve uma homenagem a Carybé, o mais baiano dos artistas”. 

 

Na sequência da programação, duas mesas redondas, dias 19 e 20, irão abordar desde a Semana de Arte Moderna de 22, passando pelo contexto histórico do Modernismo na Bahia, suas transformações socioeconômicas e suas mudanças políticas. Na sexta-feira, a partir das 18h30, falarão o secretário de planejamento do Estado, José Sérgio Gabrielli e o cientista político Paulo Fábio Dantas Neto, com mediação da professora Juciara Maria Nogueira (Ufba). Já na manhã do sábado (20), às 9h30, a pauta central será o Modernismo nas Artes, com o artista plástico Almandrade (FGM) e os professores da Ufba, Mariely Cabral de Santana e José Antônio Saja (mediador).

A inscrição é gratuita e deve ser feita pelo telefone 71 3117 6998 ou pelo email: setoreducativo.palacetedasartes@gmail.com até o dia 16 de julho. Paralelo à programação, o público ainda pode conferir a exposição “Mario Cravo Jr. Esculturas”, que permanece no Palacete até o dia 1° de setembro. A mostra é composta por 58 peças, e tem a curadoria de Murilo Ribeiro, em parceria com o artista e sua assessoria.

BOX 1 – Programação do Seminário

Dia 18 de julho, às 19h

Homenagem ao artista - Sala de Arte Contemporânea Mario Cravo Jr.

Lançamento do vídeo documentário “Mário Cravo esculturas”

Coquetel

 

Dia 19 de julho, das 18h30 às 21h

Seminário O Movimento Modernista no Brasil e na Bahia

A Arte Moderna Brasileira e o contexto histórico do Modernismo na Bahia

Transformações socioeconômicas  - José Sérgio Gabrielli (Seplan)

Mudanças Políticas - Paulo Fábio Dantas Neto (Ufba)

Mediadora - Juciara Maria Nogueira (Ufba)

 

Dia 20 de julho, das 9h30 às 12h

Tema Central: O Modernismo nas Artes

Chico Liberato (artista plástico e cineasta)

Almandrade (artista plástico, poeta e arquiteto)

Mediador: José Antônio Saja (Ufba)

 

BOX 2 - Documentário Mario Cravo, Esculturas: direção e co-direção de Péricles Palmeiras e Felipe Ratz, com o apoio da assessoria do artista.

BOX 3 - Sala Contemporânea- Inserida no contexto de modernização e ampliação do espaço da mansão, foi construída (2003 – 2005) a Sala Contemporânea, um projeto grandioso dos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci (Escritório Brasil Arquitetura), que desde 2007 abriga exposições temporárias de importantes artistas no cenário das artes plásticas da Bahia, do Brasil e outros países.

BOX 4 – Vida e Obra de Mario Cravo Júnior - Nasceu a 13 de abril de 1923, na península de Itapagipe, em Salvador. Fez suas primeiras experiências em desenho, gravura e escultura como autodidata no final da década de 30, época em que viajou pelo interior do nordeste, tomando contato com pinturas rupestres e manifestações culturais afro-brasileiras. Mais tarde, foi trabalhar na oficina de Pedro Ferreira, considerado o último dos santeiros baianos e já em 43 realizou sua primeira exposição, na Bahia.

Em 46 vai morar no Rio de Janeiro, trabalhando com o escultor Humberto Cozzo. No ano seguinte, Cravo estuda na Universidade de Syracuse, nos EUA, com o escultor iugoslavo Ivan Mestrovic, que foi discípulo de Rodin. A seguir, passa a morar em Nova York, onde permanece até 1949, fazendo grandes trabalhos em gesso e entrando em contato com o maestro Villa Lobos e Lipchitz, entre outras figuras importantes da época. Ao retornar a Salvador monta um atelier-oficina no largo da Barra, centro do movimento de arte moderna na cidade, local onde se reuniam Carlos Bastos, Carybé, Jenner Augusto, Genaro de Carvalho, Rubem Valentim e muitos outros artistas responsáveis pela renovação do cenário artístico local.

Em 1951, e 1955 ganha os prêmios jovem aquisição na I Bienal de São Paulo e III Bienal. Recebe ainda o 1º Prêmio no Salão de Arte Moderna de São Paulo. Neste mesmo ano, o escultor defende tese e torna-se catedrático da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Em 1960, é escolhido para representar o Brasil na XXX Bienal de Veneza. Em 1964, a convite do Senado de Berlim e da Fundação Ford, permanece um ano na Alemanha como escultor residente; viajando depois para os Estados Unidos, onde realiza exposições em Washington, além de conferências a respeito do ensino da arte em universidades americanas. Quando retorna novamente ao Brasil, assume a direção do MAM e do Museu de Arte Popular da Bahia.

Mario Cravo tem obras em diversos espaços públicos de Salvador e no acervo de instituições como o MoMA de New York, o Hermitage, de São Petersburgo/Rússia, o Museu de Belas Artes em Berlim. o Museu de Arte de São Paulo, o Museu de Arte da Pampulha/MG, o Museu de Arte Moderna/Ba , o Instituto de Belas Artes de Porto Alegre/RS, Museu Carlos Costa Pinto/BA. Em 1999, executa a “Cruz Caída”, no Belvedere da Sé, para a Prefeitura de Salvador, uma escultura monumental em aço inox, com 12 metros de altura, comemorativa aos 450 anos da fundação da Cidade de Salvador.