A Lapa amanheceu mais triste neste 10 de janeiro. Um de seus mais célebres moradores foi encontrado morto no local que lhe deu fama. O pintor e ceramista chileno Jorge Selarón, de 65 anos, foi velado ao pé da escada que ele mesmo pintou e que se tornou um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. O jornal O Globo publicou em sua edição de hoje que o artista vinha sofrendo ameaças de um ex-colaborador de seu ateliê. Selarón teria feito, inclusive, desenhos relatando o problema. O delegado titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, fez um pedido para que as pessoas denunciem por meio do Disque Denúncia qualquer informação sobre o caso.

Selarón foi encontrado morto com marcas de queimadura pelo corpo ao lado de uma lata de solvente de tintas. O cônsul chileno no Rio de Janeiro, Samuel Ossa, interrompeu suas férias para acompanhar de perto o caso. A polícia não descarta da possibilidade de homicídio e garante que o principal suspeito, Paulo Sérgio Rabello, que trabalhou com o chileno, será chamado a depor.

Na Lapa, o clima era de comoção. Amigos relatam que Selarón saía pouco de casa desde que passou a ser ameaçado. Em dias normais, Selarón posava com turistas na escada que transformou em atração no bairro mais boêmio do Rio. O artista plástico vivia das fotos que tirava na escada e dos quadros que vendia no mesmo local. Com o dinheiro arrecadado, mantinha a escada com mais quatro funcionários. A escada recebe por mês aproximadamente 500 visitantes.

Em entrevista ao jornal O Globo, Selarón afirmou estar sob ameaça de Paulo Sérgio Rabello, cujo irmão e sobrinho estão presos por envolvimento com o tráfico. Segundo relatos, ele teria ameaçado de esfaquear o chileno duas vezes desde que assumiu os negócios do ateliê quando Selarón saiu de férias.

A situação se agravou em novembro do ano passado, quando Paulo Sérgio agrediu Selarón na rua. A morte do artista foi destaque na imprensa internacional.