Cultura

BALANÇO DAS ARTES visuais na Bahia em 2012, por LÍGIA AGUIAR

Esperamos que em 2013, haja uma maior consciência em torno das artes, para que surjam medidas eficazes para a implementação de políticas públicas
Ligia Aguiar , Salvador | 31/12/2012 às 12:34
Por Ligia Aguiar
Foto: REP

Um pequeno balanço do desempenho das artes visuais durante o ano de 2012.

Foi um ano morno, sem ganhos, avanços e sem previsões imediatas que possam melhorar este letárgico cenário.

Ainda assim, boas exposições foram realizadas, com destaque para a Caixa Cultural que apresentou importantes mostras com nomes do cenário artístico nacional e internacional, entre os quais, o Colombiano Fernando Botero, o fotógrafo Lituano Antanas Sutkus, além dos baianos Justino Marinho e Caetano Dias.

O Palacete das Artes Rodin Bahia trouxe alguns artistas de relevância, entre eles o francês Amedeo Modigliani, em uma pequena mostra, porém consistente, para o entendimento da obra desse grande artista; apresentou também trabalhos do paulistano Newton Mesquita e uma merecida homenagem ao mestre sanfoneiro Luiz Gonzaga.

O Museu de Arte da Bahia produziu excelentes mostras, como a retrospectiva “Os Lopes Rodrigues” oriundos da Escola Baiana do século XIX, e a recente Os Brinquedos que Moram nos Sonhos – O Brinquedo Popular Brasileiro”, da coleção do fotógrafo David Glat. 

Exposições de qualidade,com nomes conceituados do eixo RIO/SÃO PAULO, foram realizadas pelaPaulo DarzéGaleria de Arte, entre eles Gilvan Nunes, Cristina Sá e Rodrigo Frota.

Já a XI Bienal do Recôncavo, evento marcante na área, revelou e premiou jovens artistas baianos, com viagens de estudos à Europa. Produzida pelo Centro Cultural Danneman, em São Félix, a Bienal agita a cena artística com debates e palestras, até o mês de fevereiro.

A meu ver, além da Bienal do Recôncavo, os eventos que agitaram a cena baiana e envolveram um grande número de artistas visuais, desde os mais novos até os que já têm uma carreira consolidada, são os de caráter independentes, criados e produzidos por artistas. O Atelier Coletivo Visio. e o bem sucedido Festival De Artes Visuais Visiopontos, ambos coordenados por Andrea May; e o Circuito das Artes, assinado por Eneida Sanches.

Essas iniciativas focam na arte contemporânea e visamfomentar o mercado das artes visuais, mapear a produção baiana, descobrir novos valores, além de estimular a visitação a galerias de arte e museus. Projetos como esses devem ser preservados, patrocinados e ramificados.

Uma forte tendência deste ano foi o surgimento de diversos Coletivos Artísticos e uma nova forma de produzir arte a partir da colaboratividade.

Ao apagar das luzes, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) foi palco de mais um fato polêmico.

Em 2007, salvo engano,um quadro inteiro de dedicados e abnegados professores/artistas, que ministravam aulas há mais de vinte anos, nas Oficinas do MAM, foram defenestrados,sem dó, nem piedade... Hoje, mais um alijamento contra a sua Diretora, que se desdobrava para equilibrar o parco recurso financeiro destinado ao Museu, com projetos voltados à arte educação, formação de plateia entre outros.

O Museu vem sofrendo severo processo de descontinuidade administrativa, com isso o outrora esfuziante MAM perde toda sua capacidade de ser um centro de excelência artística e diminui as oportunidades desejadaspelos artistas baianos.

Esperamos que em 2013, haja uma maior consciência em torno das artes, para que surjam medidas eficazes para a implementação de políticas públicas por parte das autoridades, seja na esfera estadual, municipal e federal.

 Com isso será facilitado a renovação de artistas, novas direções para os artistas consolidados, o ressurgimento de talentosos artistas que, sem espaço, com o passar do tempo, foram esquecidos. Enfim, esperamos o retorno da valorização e oportunidades que as artes visuais merecem.

 Desejo a todos um Ano Novo de paz e harmonia, cheio de artes e realizações.