Cultura

CARTA DO DENDÊ vai exigir baianas do acarajé na Arena Fonte Nova

Desde ontem, os petistas colhem assinaturas dos deputados na Casa para reforçar o documento, que também será entregue ao governador Jaques Wagner
Tasso Franco , da redação em Salvador | 06/12/2012 às 11:14
Professor Jaime Sodré durante audiência na Assembleia
Foto: DIV
Um manifesto, exigindo a presença das baianas de acarajé nos estádios durante os mundiais esportivos de 2013 e 2014 em Salvador, chegará em breve às mãos da presidente Dilma Rousseff, do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e dos presidentes da FIFA e da CBF, Joseph S. Blatter e José Maria Marin respectivamente.

 A Carta do Dendê é subscrita por diversas entidades e representantes de movimentos sociais da Bahia, foi lida pelo professor Jaime Sodré e aprovada em 22 de novembro no Legislativo estadual, durante uma sessão comemorativa do Dia da Consciência Negra proposta pelos deputados do PT Bira Corôa e Rosemberg Pinto.

 Desde ontem, os petistas colhem assinaturas dos deputados na Casa para reforçar o documento, que também será entregue ao governador Jaques Wagner e ao secretário estadual da Copa, Ney Campello. “Já conseguimos a assinatura de mais de 30 deputados”, comemora Bira Corôa.

 Patrimônio Imaterial – “O ofício da Baiana do Acarajé é uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos Inkisses, Voduns e Orixás”, explica a carta, destacando que o acarajé é um símbolo da cultura baiana, tombado pelo Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) desde 2004.

Consta ainda a recente aprovação para incluir o Ofício das Baianas de Acarajé no Livro Especial dos Saberes do Estado da Bahia, pedido requerido pela ABAM – Associação das Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia. A sua história, desde o período colonial, é citada também no documento, contando como as chamadas escravas de ganho chegaram a comprar alforrias e sustentar suas famílias a partir desse labor, que ainda garantiu recursos para o cumprimento das atribuições litúrgicas das religiões de matrizes africanas.

 “Na contemporaneidade, impregnada no cotidiano dos baianos, esta atividade se integrou às diversas atividades de esporte e lazer, como a prática de assistir a um jogo de futebol, em que as baianas exercem regulamente seu ofício, atendendo a torcedores com o quitute que é tradição também nos estádios da Bahia”, diz o manifesto.

 Para sensibilizar os dirigentes e responsáveis pela realização da Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo 2014, os signatários apelam para um dos principais princípios norteadores desses mundiais esportivos: “O respeito pelas especificidades de cada País e suas relevantes tradições e cultura, demonstrando como podemos viver com todas as diferenças, irmanados e solidários”.

 A Carta do Dendê finaliza enaltecendo a luta e superação das mulheres do tabuleiro e pedindo empenho “no sentido de manter esta tradição que se afirma como referência do ato de ser baiano, acolhedor e receptivo”.