Nessa história, aliás, as gordinhas estão levando vantagem sobre os gordinhos: elas já inventaram a moda plus size e até conquistaram um lugar nas passarelas e no mundo fashion
Otto Freitas , Salvador |
03/12/2012 às 07:24
Gordo classe média enfrenta dificuldades para ficar elegante
Foto: DIV
Vai chegando o Natal e Jeffinho, como todo mundo, vai às compras, atrás da roupa nova para as festas. Não é exatamente como todo mundo, já que nem todo mundo tem um guarda-roupa XXXGG. Ou seja, ele tem que peregrinar com paciência e muito fôlego para caminhadas sem fim - e aí o gordo já sai perdendo. Na maioria das vezes, a busca é inútil.
Essa é mais uma cruz que todo gordo carrega na vida - tirando Jô Soares, ou qualquer outro gordo rico e de bom gosto que tenha cacife para fazer roupas finas sob medida, com alfaiates famosos que só utilizam tecidos importados. É isso ou fazer compras em lojas especializadas do Rio, São Paulo, Nova Iorque ou Milão.
Aliás, guarda-roupa de gordo muda conforme os movimentos da sanfona: engorda, troca a coleção; emagrece, substitui de novo. Aí o gordo guarda aquelas peças que não lhe cabem mais, jurando que ainda vai usá-las, quando emagrecer. Doce ilusão, porque gordo raramente emagrece. Então, fica tudo guardado para sempre, ou até o gordo admitir que jamais vestirá aquelas roupas de novo.
O fato é que gordo classe média, só porque é gordo, enfrenta muita dificuldade para ficar elegante. Só quem é fininho, barriga de tanquinho, manequim 40, no máximo, pode usar roupas modernas, finas, de grife e de bom gosto, e a preços de mercado.
A indústria de confecções não oferece alternativa para quem é gordo, muito menos roupas modernas com tecidos e cortes de qualidade. Contam-se nos dedos da mão as lojas em Salvador especializadas em moda grande. Não se acha sequer uma simples camiseta de malha, muito menos o cuecão, mesmo que seja o velho modelo samba-canção.
Nessa história, aliás, as gordinhas estão levando vantagem sobre os gordinhos: elas já inventaram a moda plus size e até conquistaram um lugar nas passarelas e no mundo fashion para modelos acima do peso.
Aos gordinhos resta usar produtos de péssima qualidade, com acabamento grosseiro, além de modelos fora de moda e de profundo mau gosto. São praticamente uns sacos de farinha, coisa de fazer inveja aos chineses e alguns dos seus vizinhos asiáticos, especialistas em vestuário de baixa qualidade. Vestido assim, o gordo fica parecendo um Mané Gostoso mal-ajambrado.
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Além das dificuldades para encontrar camisas, calças, bermudas e shorts, sapatos e sandálias também são uma tortura. Tudo por culpa daquele pezão chato, largo, balofo, sobrando dos lados, apertando em cima! Pés chatos e gordos sofrem em sapatos de forma apertada e sandálias de tiras curtas. As fábricas produzem modelos somente para pés finos e magrinhos.
Aliás, todo gordo, com aquela cara grande e larga, também enfrenta o mesmo problema com os óculos. Como não é Jô Soares, que pode usar óculos personalizados de grife, Jeffinho precisa correr a coxia, até encontrar um par de óculos que fique legal no seu rosto - e quando encontra geralmente custam os olhos da cara (sem trocadilho). Não sendo assim, só apelando para os perigos dos camelôs e para aqueles modelos cafonas, fora de moda, mais bregas do que chiques.
Além de preconceito e discriminação, estes são mais alguns exemplos das sacanagens que se fazem com o gordo, que já “sofre mais do que suvaco de aleijado”. Mas nada como um dia depois do outro, já dizia a vovó Celina.
